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POETA DA FLORESTA

Romar Beling: encantou-se Thiago de Mello

Foto: Lula Helfer/Banco de Imagens

Thiago de Mello em 2011, quando esteve em Santa Cruz do Sul

Encantou-se nesta sexta-feira, 14 de janeiro de 2022, um dos mais importantes poetas brasileiros em todos os tempos, o amazonense Thiago de Mello. Porque poetas, artistas e intelectuais da grandeza de Thiago não morrem, encantam-se e se transformam em personagem onipresente na história e na memória de uma sociedade. Aos 95 anos (completaria 96 no próximo dia 30 de março), era natural da cidade de Barreirinha, no coração da floresta amazônica, e se dividia entre sua terra natal, a capital Manaus, onde residia, e eventualmente outras cidades pelo País, como São Paulo.

Autor de dezenas de livros de poesia referenciais, entre os quais Faz escuro, mas eu canto paira como uma obra-prima e um hino sobre a esperança em dias melhores, Thiago foi, entre outras homenagens e entre reconhecimentos nacionais e internacionais, patrono da 24ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, em 2011. Na oportunidade, passou momentos muito agradáveis na cidade, em contato com leitores e o público em geral. Ele se disse fascinado com o ambiente urbano, em especial a Praça Getúlio Vargas, na qual participou de sessão de autógrafos, no espaço das bancas de livreiros em torno do chafariz, e o Túnel Verde das Tipuanas da Rua Marechal Floriano, que disse lembrarem-lhe das árvores de sua Amazônia natal. Participou ainda de um bate-papo demorado, uma aula magna, em Auditório Central da Unisc completamente lotado, com o jornalista Ruy Carlos Ostermann.

Thiago de Mello durante evento com Ruy Carlos Ostermann, na Unisc | Foto: Lula Helfer/Banco de Imagens/Gazeta do Sul

Thiago de Mello, tanto no período que antecedeu a sua vinda a Santa Cruz do Sul quanto posteriormente, ao longo da última década, concedeu inúmeras entrevistas à Gazeta do Sul. Em uma delas, refletiu sobre o poder, o papel e o valor da leitura, da literatura e das artes. E inclusive estabeleceu fortes vínculos e parcerias com autores locais e regionais. Publicou, por exemplo, a obra a quatro mãos com a poeta e escritora Marli Silveira, Transversos, lançada em 2011 por ocasião da estada de Thiago na cidade.

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Com a sua morte, agora, mais um poeta se silencia na vida. E é um gigante, uma sumaumeira, a imponente árvore-símbolo da Amazônia, que cresce e se projeta muito acima das demais espécies da floresta. Cala-se a voz, mas a sua obra, como é de praxe na grande literatura, canta cada vez mais alto. Em um tempo marcado por tanta insegurança, inquietude e incerteza acerca do que virá, fica o legado de Thiago de Mello que, como ele próprio sinaliza, ilumina os corações e as mentes dos brasileiros, da humanidade, capacitando-a a construir os seus dias vindouros. “Faz escuro, mas eu canto”, dizia ele, “porque a manhã vai chegar”. Descansa em paz, querido amigo Thiago, e obrigado em nome de todos os seres humanos por tua obra única, pura, plena. Em suma, humana.

LEIA MAIS: Morre o poeta Thiago de Mello, aos 95 anos

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