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ENTREVISTA

Rodrigo Breunig traduz o mundo na literatura

Foto: Bruno Pedry

O santa-cruzense Rodrigo Breunig há mais de uma década fez da tradução o seu ofício

O santa-cruzense Rodrigo Breunig, de 45 anos, formou-se em Jornalismo, pela UFRGS, em 1999, e por cerca de uma década atuou junto no Grupo RBS, em especial no apoio ao programa Gaúcha Entrevista, que era apresentado por Ruy Carlos Ostermann, na Rádio Gaúcha. Mas nunca deixou de ter o olho atento à literatura. Afinal, era a área de predileção dele desde os tempos do Colégio Mauá.

Quando intuiu que o espaço para o jornalismo cultural minguava, deu um passo adiante: ingressou no mestrado em Literatura, também na UFRGS, e em questão de dias viu-se desafiado à tradução. Contava para isso com um sólido domínio da língua inglesa. Assim, verteu contos de Edgar Allan Poe, para a L&PM, e não mais parou. Para essa e para outras editoras, já traduziu cerca de 50 títulos.

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Casado com a também santa-cruzense Débora, administradora, é pai de Clara, de 5 anos. Com a pandemia, o casal, que residia em São Paulo, optou por retornar a Santa Cruz para ficar próximo dos familiares. Rodrigo é filho de Eltor e Ádria (o pai fez carreira como professor de Direito da Unisc) e tem os irmãos Juliano e Augusto, ambos médicos. Por aqui, dá sequência ao trabalho em tradução: organizou volume de contos de Ambrose Bierce, e acaba de entregar à Arquipélago a tradução de Muse: Uncovering the Hidden Figures Behind Art History’s Masterpieces (Musas: Descobrindo as figuras ocultas por trás de obras de arte históricas, em tradução livre), da inglesa Ruth Millington. Sobre o trabalho, ele concedeu entrevista ao Portal Gaz.

E então veio o primeiro livro autoral

No intervalo entre traduções, e num período em que o mercado editorial nacional reduzia o ritmo, Rodrigo Breunig aproveitou para dar andamento a um projeto pessoal: queria investir, ele próprio, na produção ficcional. A ideia era desenvolver contos, mas um deles acabou se impondo de tal forma em suas atenções e seu imaginário que resultou em narrativa longa.

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Depois de apresentar o original a algumas editoras, decidiu-se por publicá-lo por conta própria. A última noite das bicicletas saiu em 2020, em edição do autor, com 281 páginas. Cuidou pessoalmente de todo o processo editorial, da definição de todos os aspectos, até a arte-final, o que lhe proporcionou uma experiência valiosa, muito além do que antes ocorria apenas como tradutor. A partir desta primeira experiência na ficção, cogita dar continuidade na carreira autoral, talvez (agora sim) com um volume de contos.

Entrevista – Rodrigo Breunig, jornalista, tradutor e escritor

  • Magazine – O senhor tem se dedicado ao longo dos últimos anos à tradução. Como avalia o mercado editorial brasileiro na atualidade? Pode-se dizer que está superada a crise recente no setor?
    Estamos respirando um ar de recuperação, mas não de superação. Para quem trabalha com livros no Brasil, tudo sempre pode se desmanchar a qualquer momento. Felizmente, o mundo editorial brasileiro de hoje me parece bem mais diversificado e fecundo do que o de 30 anos atrás, quando comecei a ler e sonhar em escrever.
  • O senhor tem se dedicado a traduzir quais autores e com ênfase em quais gêneros, ficção ou não ficção?
    Traduzi poucas e, para minha sorte, boas não ficções. Graças à editora L&PM, pude me dedicar por bastante tempo a ficcionistas imensuráveis, como Jane Austen e Jack Kerouac. Dos cerca de 50 livros que traduzi, só um veio à luz por sugestão minha: A estrada enluarada e outras histórias, do Ambrose Bierce (Arquipélago, 2021). Se pudesse traduzir só o que mais gosto, eu traduziria uns contistas americanos, Lucia Berlin, Raymond Carver, Denis Johnson (todos já muito bem traduzidos no Brasil), e muita ficção do século 19 para trás.
  • Quais são os seus próprios autores de predileção, ou suas preferências em termos de leitura?
    Eu levaria três autores para uma ilha deserta (se não pudesse levar mais): Machado de Assis, Tchekhov e Dostoiévski. Daria para ler e reler esses três senhores pelos 40 anos de vida que me restam.
  • Como avalia o cenário cultural como um todo no País? O que é necessário para um fortalecimento? Isso passa principalmente por educação, pela escola?
    Não me atrevo a avaliar o cenário cultural como um todo, mas acho que fortalecer o livro fortalece o todo. Semear livros. Dar força a duas figuras heroicas do nosso país: a pessoa que ensina e a pessoa que publica livros. Formar leitores – e não só as crianças, porque todo ser humano vivo é um leitor em formação. Muitíssima gente considera um absurdo pagar R$ 50,00 por um bom livro, pelo bom livro que de muitas maneiras fica conosco para sempre, que nos enriquece como nada mais é capaz de nos enriquecer.
  • O senhor publicou um romance. Há outros projetos em curso? Quais os planos em sua própria produção literária?
    Estou tocando bem lentamente um livro meio inclassificável, um calhamaço de contos breves, um dicionário de narrativas, um mar de histórias, uma espécie de colcha gigantesca: vou recolhendo retalhos da história da literatura e bordando um pouco em cima de cada retalho.

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