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Roca Sales: onde havia desânimo agora há esperança

Passadas três semanas, com vigor renovado, elas sorvem um chimarrão e preparam a reconstrução do seu lar

No dia 7 de setembro, a equipe da Gazeta do Sul esteve em Roca Sales e Muçum, as duas cidades mais atingidas pelo ciclone extratropical registrado no dia 4 daquele mês. Naquela ocasião, duas mulheres, mãe e filha, arrastavam uma quantidade enorme de lama de dentro da casa na Rua João Neumann, no roca-salense Bairro Cidade Nova. Além da força ao puxar o material fétido com um rodo, elas demonstravam desânimo por verem destruídas partes das histórias de suas vidas. Passados 21 dias, na última quinta-feira, 28, a Gazeta voltou ao local e as encontrou com um sorriso no rosto, com a desilusão trocada por esperança e a certeza de que, com união, a comunidade irá reconstruir Roca Sales.

Em 7 de setembro, a frente da casa de Leonara, Beatriz e Lucas estava tomada de entulhos e das roupas da família | Foto: Alencar da Rosa

Depois do pior momento, quando a perspectiva era de que nada poderia ser reaproveitado, a professora de escola de Educação Infantil Leonara Pires Giongo já pode sentar na área, tomar um chimarrão e projetar a recuperação da estrutura, como as grades que foram arrancadas e muitos dos móveis destruídos quando a casa ficou praticamente submersa. “Conseguimos tirar colchões, sofá, rack, TV e dois tapetes, que foi o que coube no caminhão”, recorda. As roupas dela, da mãe, Beatriz Pires Cerveira, e do filho, Lucas, foram erguidas para partes mais altas da moradia, serviço que foi em vão – em outras ocasiões, a água tinha chegado até a morada, mas não tão alto.

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A esperança, que fica evidenciada na capacidade de voltar a sorrir de Leonara, vem depois de muita ajuda de pessoas, entidades e poder público, tanto de Roca Sales quanto de outros tantos lugares. Somente para a limpeza maior, por exemplo, foram necessárias três intervenções de equipes como as do Corpo de Bombeiros, que utilizaram lava-jatos. “Mesmo com isso, cada vez que passávamos pano saía mais lodo”, lembra. Agora, vê as empresas voltarem ao trabalho, garantindo emprego e renda para os moradores; desde segunda-feira, vê as escolas com a movimentação das crianças, novamente; e vê nos comércios menores o restabelecimento, aos poucos. É vida que recomeça em Roca Sales.

Família de Roca Sales ficou 15 dias fora de casa

No dia em que foi registrada a grande quantidade de água que resultou na destruidora enxurrada, Leonara conta que estavam ouvindo rádio e perceberam que seria uma cheia de grandes proporções, pois em determinados momentos o Rio Taquari subia quase três metros por hora. A família providenciou a retirada do que foi possível e locais para ficarem até a normalização. O que era para ser algo passageiro transformou-se em 15 dias fora de casa, até que houvesse em condições de retorno. Cada um na residência de um amigo.

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Alguns itens, como freezer e geladeira, foram recuperados, o micro-ondas passa por um reparo e será possível utilizá-lo. Os móveis da cozinha e todos os demais eletrodomésticos viraram sucata. Também não foi possível reaproveitar as roupas de cama, como cobertores, nem as vestimentas da família. “Conseguimos roupas com o pessoal da Assistência Social, que tem recebido muito material de todos os lugares”, conta Leonara. “Nem sei como vão entregar tanta roupa”, acrescenta Beatriz, que aponta as montanhas de doações recebidas pelo município. Para restabelecer a rotina, ganharam um fogão e estão com móveis emprestados para a cozinha.

Moradores conseguiram recuperar alguns itens e receberam fogão a gás e agasalhos | Foto: Rodrigo Assmann

Da área onde mãe e filha sorviam o chimarrão é possível ver a movimentação de outra rua também muito atingida, a 31 de Outubro. Quando da primeira passagem da equipe da Gazeta, o local estava praticamente intransitável, com maquinário da Prefeitura recolhendo espessa camada de lama. Somente os veículos maiores conseguiam passar. Na última quinta-feira, entulhos ainda faziam parte do cenário, lama ainda era vista nas laterais, mas o fluxo de pessoas estava viabilizado, e a cada momento alguém passava com colchões, aparelhos de utilidades domésticas, roupas e outros artigos – parte já adquirida no comércio local, que aos poucos reabre as portas, ainda precisando de vidros para as vitrines; e o restante resultado das doações, que são concentradas pela equipe da Prefeitura e entregues a quem precisa.

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Retorno lento

Muitas medidas têm sido anunciadas pelos governos do Estado e federal, mas elas costumam demorar um pouco para se tornarem efetivas na comunidade atingida. Até quinta-feira, Leonara havia conseguido, como único suporte público, encaminhar a documentação para a retirada do valor disponibilizado pela Caixa da conta do FGTS. Ainda que seja uma quantia que não teria livre, entende que é algo que é seu – não um auxílio que venha do poder público.

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