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Rituais da idade

Pertenço à geração em que os rituais de passagem eram determinados pela idade. Eram épocas bastante marcantes. Começava com a vida escolar marcada pelo material próprio onde ganhávamos cadernos bem encapados e quase sempre de espiral, além de lápis, lápis de cor, borracha e régua. No visual dos alunos o diferencial era o uso de uniforme, detalhe que nivelava a todos. Com o passar do tempo, a obsessão da galera era chegar com pressa aos 18 anos. Isso significava o direito de assistir às sessões duplas de cinema. Era o tipo de produção destinada “para maiores de idade”.

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A primeira vez que íamos ao cinema nessa condição era uma grande emoção! Alcançar os 18 anos também dava o direito de fazer a carteira de motorista. Este era um documento diferenciado, principalmente para os guris. Era uma espécie de passaporte onde passávamos da fase de “piá para homem”. Antes disso nos arriscávamos ao aprender a dirigir ainda sem habilitação, sob o olhar cúmplice dos pais, os verdadeiros instrutores daquela época. Entrar no mercado de trabalho permitia sonhar com a conquista do acesso à aquisição de bens materiais, como roupas (principalmente camiseta de bandas de rock e jeans), perfume, tênis de marca e, dependendo da renda, dar entrada num Fusca antigo, o primeiro carro da minha geração.

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Depois de alguns anos e com a conquista de razoável patrimônio, os primeiros devaneios ligados à aposentadoria vinham à mente. Hoje, diversas empresas e instituições públicas realizam cursos de preparação à inatividade, mas nem todos têm disposição para participar das aulas. A chegada da aposentadoria sem os devidos cuidados pode provocar profundas consequências emocionais e físicas. Parar não significa só dormir até mais tarde ou fazer o que se tem vontade.

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Representa necessidade de reprogramar a rotina. Com frequência vemos homens e mulheres depressivos, solitários, doentes e abandonados pela família. Muitos veem a vida esvaziada de sentido, uma espiral que os especialistas chamam de “estresse da terceira idade”. A aposentadoria traz alterações no relacionamento familiar. Muitos casais passam a conviver mais, o que nem sempre é uma adaptação fácil.

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No caso de morar com os filhos, o aposentado passa a ter uma interação maior que, em muitos casos, gera conflitos recheados de discussões e brigas. Muito diferente da minha época, hoje existe literatura, abundância de pesquisas e experiências para fornecer subsídios a uma velhice com menos sobressaltos e melhor adaptação. O segredo está no interesse pela busca dessas informações que viabilizem uma parada profissional tranquila, a partir de alterações que podem acontecer ainda no período de atividade. Mas, como em tudo na vida, é preciso preparação e disposição para mudar.

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Guilherme Bica

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