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Rio Pardo volta às origens para despertar o turismo

A restauração do passado gera uma gama de oportunidades para o futuro. Foi possível chegar a essa conclusão a partir da palestra de três professores de Arquitetura no Centro Regional de Cultura de Rio Pardo. Os diálogos ocorreram na manhã desse domingo, 29, e foram promovidos pela Associação de Amigos do Solar do Almirante (Aasa), pela Unisc e pela Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos de Santa Cruz do Sul (Seasc).

Os integrantes do corpo docente da Universidade de Santa Cruz do Sul, professores Luiz Schneider e Vera Schultze falaram sobre a preservação do patrimônio cultural na região. Já o professor Hugo Farias, da Universidade de Lisboa, demonstrou como a capital portuguesa conserva os prédios históricos.

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A arquitetura e o resgate histórico são atrações importantes para o turismo de Portugal. Antes da pandemia, em 2019, o país ibérico lucrou cerca de R$ 95 bilhões no setor, o que representa mais de 16% do PIB do Rio Grande do Sul. A nação européia e o Estado gaúcho têm praticamente a mesma população.

Palestras com professores de Arquitetura ocorreram na manhã de ontem, no Centro Regional de Cultura

A prosperidade do turismo como um eixo econômico passa por uma mudança de perspectiva, tanto sobre o patrimônio histórico construído quanto sobre as belezas naturais e a manutenção de práticas imateriais, dizem os especialistas. Além disso, para a consolidação do setor, as cidades precisam de espaços equipados com rede hoteleira e gastronômica. “Não é só turismo e economia, mas também uma mudança na qualidade de vida”, analisa o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisc, Luiz Schneider.

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O doutor em Planejamento Urbano e Regional orientou um trabalho sobre a Requalificação do Balneário dos Ingazeiros. A proposta acadêmica da arquiteta Mariele Costa se tornou um projeto executivo com investimento de R$ 1,5 milhão para melhorar a experiência de quem visita a orla do Rio Jacuí. A requalificação da Praia dos Ingazeiros recebeu R$ 500 mil da Prefeitura de Rio Pardo, como contrapartida ao investimento de R$ 1 milhão do governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio do programa Avançar Turismo.

Restauração de prédios históricos como fonte de renda

O turismo é um dos mercados que pode explorar a requalificação de imóveis históricos, mas não é o único. A restauração de prédios antigos demanda novas oportunidades à construção civil, tanto em serviços quanto na indústria. Professora de arquitetura e urbanismo, Vera Schultze encontra dificuldade para achar telhas em projetos de restauração. A falta de fábricas que façam a reposição dos materiais faz com que os donos de imóveis históricos que queiram revitalizar as edificações fiquem frustrados. “Mesmo quando o proprietário está disposto a enfrentar uma intervenção, chega um momento em que não há como avançar”, lamenta a professora.

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Conforme o arquiteto Hugo Farias, aplicar técnicas utilizadas no passado é um investimento inovador. “Se tivesse uma empresa de cerâmica que fizesse telhas parecidas com as de antigamente, mais cedo ou mais tarde isso seria utilizado. E isso é o futuro para arquitetura, não o passado”, comenta.

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O mercado português desenvolveu a formação de profissionais, a indústria passou a fornecer material para alavancar as reabilitações no país e as construtoras se atentaram às oportunidades no setor. “As empresas perceberam que tinham de se especializar. E nós sabemos que, para restaurar uma igreja barroca, temos pessoas preparadas e outras não”, analisa Farias. O palestrante acredita que isso diversifica os empreendimentos e permite que o setor se desenvolva. “Uns vão construir um prédio no meio da cidade, outros vão revitalizar igrejas do século 18. Isso é muito importante, tanto para arquitetos quanto para engenheiros, para pintores e qualquer profissional do campo”, acrescenta o professor português.

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Um arquitetura com heranças de vários povos

“Eu fiz uma palestra onde mostrava uma foto de cima de Óbidos, em Portugal, e perguntava às pessoas: onde é isso aqui? Elas respondiam: Rio Pardo”, conta a professora Vera Schultz. A cidade mais antiga da região tem forte ligação com a formação do Estado e deu origem a mais de 200 dos 497 municípios gaúchos.

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As características coloniais portuguesas da arquitetura rio-pardense são visíveis. Mas as edificações receberam também influência dos nativos indígenas e dos africanos escravizados. Além disso, os materiais disponíveis são sempre diferentes. “A influência do ambiente força a utilização de itens predominantes em cada região. Exemplo disso é que em Santa Cruz do Sul o uso da pedra foi bem maior do que em Rio Pardo. Santa Cruz fica próximo das pedreiras”, explica Vera.

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Apesar de Portugal ser uma referência e um modelo a ser seguido na restauração arquitetônica, para Hugo Farias as técnicas pregam a manutenção das características originais dos prédios. Assim, conforme ele, os prédios que passam por revitalizações não correm o risco de perderem a identidade. “Ao preservar o que temos aqui, a matriz tripla que foi identificada está necessariamente mantida. Há uma matriz portuguesa, mas a construção aqui já tem influência indígena e africana. Essa mescla cultural é o que está sendo preservado.”

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