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Rio Pardo tem pela primeira vez um policial eleito para a Câmara

Repleta de história e palco de grandes batalhas da Revolução Farroupilha, Rio Pardo também foi marcada pela passagem de personagens ilustres, como Dom Pedro II e Getúlio Vargas. E também se orgulha de ser berço do chamado “2 de Ouro”, como é denominado o 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM), uma das mais antigas unidades da Brigada Militar. Contudo, apesar de todo esse histórico envolvendo as forças militares e a política, até então nunca havia sido eleito, para a Câmara de Vereadores de Rio Pardo, um policial militar.

Isso mudou no último domingo, 15. Marcos Rogério Mesquita de Camargo, o tenente Rogério, foi eleito com 238 votos, pelo PP. Hoje com 50 anos e na reserva da Brigada, Rogério ingressou no Curso de Formação de Soldado (CFSD) de Rio Pardo em 1989.

Atuou como soldado, sargento e comandante da Patrulha Ambiental (Patram), e foi promovido a tenente quando se aposentou, em 2019. “Me sinto muito orgulhoso de ter sido o primeiro brigadiano eleito na história de Rio Pardo. Com certeza, vou me esforçar para não decepcionar e dar orgulho à corporação, na qual, por 30 anos, prestei serviço à comunidade”, disse ele.

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Nos últimos anos como policial, Rogério havia se dedicado a dois projetos sociais de sua autoria – o Brigada Mirim, para crianças de 8 a 12 anos, e o Brigada Jovem, para adolescentes de 12 a 16 anos. “Criei esses projetos para abrir uma possibilidade de atividade em turno inverso às crianças de famílias carentes, oferecendo aulas de jiu-jitsu, karatê, futebol, artesanato e outras para os menores. E para os maiores, palestras educacionais e atividades relacionadas à preparação para ingressarem no curso da Brigada Militar”, explicou. Ao todo, mais de 300 famílias carentes de Rio Pardo foram impactadas. Após sua aposentadoria, o projeto não teve continuidade.

Segundo Rogério, a realidade que viveu como policial é bem diferente da política. “Estamos acostumados a ser objetivos, transparentes, sinceros. E no meio político, pelo que pude observar nesta campanha, isso não é uma rotina. Mas eu disse que não mudaria meu perfil. Agora, o objetivo é trabalhar para todos, visando o melhor para toda a comunidade, independentemente de quem votou ou não em mim.”

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Caso de preconceito quase o fez desistir

No final de outubro, tenente Rogério precisou lidar com um episódio que quase o fez desistir da candidatura. A situação envolveu seu filho mais velho, que é homossexual. Segundo o PM, outro candidato a vereador teria visitado diversos colegas do meio militar e questionado a integridade de Rogério em função da orientação sexual do filho.

“Ele falava que, se eu não pude educar meu filho para ser homem, não poderia ajudar os filhos dos outros. Todos têm sua opção. Ninguém cria um filho para ser algo, ele é o que ele quiser”, comentou Rogério. O fato, segundo ele, chegou a influenciar na votação. “Infelizmente, por esse preconceito, perdi votos por causa disso. Foi um episódio triste que quase me fez desistir da campanha, o que só não aconteceu porque a eleição estava em andamento. Se não, tinha desistido.”

O policial aposentado também é pai de um casal de gêmeos de 5 anos. O menino tem autismo moderado. “É uma causa que conheço e defendo. Busquei tratamento na Justiça e meu filho evoluiu. Não há medicina especializada nessa área em Rio Pardo. Notei essa deficiência e vou trabalhar por melhoras nesse ponto”, ressaltou o eleito, que quer buscar atendimento especializado para o autismo.

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A apuração

Marcos Rogério acompanhou a apuração dos votos no domingo, em sua casa, no Bairro Santa Fé, pela Rádio Rio Pardo FM 103,5, ao lado da esposa, filhos e demais familiares. “Achei que faria uma votação maior pelas pessoas com quem tenho relação na Brigada, pela causa do autismo e amigos pessoais, mas não achava que iria entrar. No fim, fiz menos votos e acabei conseguindo uma vaga”, afirmou o tenente.

A disputa foi voto a voto com seu colega de PP, Rick, que conseguiu 233 votos. “Foi bem difícil. As últimas urnas a serem apuradas foram as de Rincão Del Rey, localidade onde eu não tinha muita inserção. Havia amigos comemorando já, mas eu pedi calma, pois estava 40 votos na frente, e ainda tinha todas daquela região para apurar. No fim, venci por cinco votos.”

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O eleito já mira o futuro. “Entre os projetos de lei que quero propor está a criação de uma auditoria para analisar de que forma são empregados os recursos no hospital, e criar uma comissão para resguardar os direitos dos funcionários a fim de evitar redução dos salários”, ressaltou.

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