Uma das mais importantes manifestações da arte, a fotografia, está em evidência em Rio Pardo ao longo deste mês. Por, desde sempre, constituir documento histórico, ao registrar e eternizar fatos, pessoas, paisagens e circunstâncias, a foto merece máximo respeito e respaldo, o mesmo valendo para os profissionais. E é o que faz o 8º Rio Pardo em Foto, que desde o dia 6 tem como ambiente o Centro Regional de Cultura. As exposições simultâneas em cartaz permanecem no local até o dia 31 de outubro, para visitação das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas.
Quatro mostras compõem as atrações deste ano, duas de profissionais com carreira destacada, e duas de estudantes. São elas: “Foto Grafia: o mundo dos escritores”, do fotógrafo santa-cruzense Luiz Fernando Helfer, o Lula Helfer, hoje aposentado, mas que por décadas integrou a equipe de profissionais da Gazeta do Sul, e as fotos em exibição foram selecionadas do contexto de pautas realizadas para o jornal; “Ser humano”, da fotógrafa catarinense Anelise Borges, que reside fora do País há mais de 16 anos e tem ampla experiência em coberturas internacionais, em especial em áreas de crises e conflitos no mundo árabe, e foi inclusive ao Afeganistão; “Seres lúcidos”, assinada por alunos do Curso de Fotografia da Unisc; e “Olhares”, com exibição de fotos realizadas através da câmera de celular por estudantes das redes municipal e estadual.
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No conjunto, o evento proporciona um olhar dos fotógrafos, experientes ou iniciantes, compartilhado com o público que for conferir a mostra. Essa é uma maneira oportuna de posicionar a fotografia no centro das atenções, em um tempo no qual tantos registros são feitos diariamente, mas aos quais tão poucos voltam em algum momento posterior.
Um convite especial à leitura
O 8º Rio Pardo em Foto acaba por constituir também um convite à leitura. E não é qualquer convite. O fotógrafo Lula Helfer, 73 anos, com a exposição denominada “Foto Grafia: o mundo dos escritores”, advertindo que as imagens são também um modo de “escrever” enredos, compartilha fotos de escritores de destaque, do Brasil e do mundo todo. Atuando na Gazeta do Sul, ao longo de mais de duas décadas Lula documentou entrevistas com autores, em sua ampla maioria publicadas nas páginas do jornal.
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Uma das fotos que compõem a mostra em Rio Pardo faz registro de palestra do romancista português José Saramago, o primeiro e até hoje único escritor de língua portuguesa a ser agraciado com o Nobel de Literatura, em 1998. A imagem congela um dia e uma hora específicas: 26 de abril de 1999, quando o autor esteve em Porto Alegre para receber o título de doutor honoris causa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Naquela noite, depois de uma entrevista coletiva, proferiu aula magna para um Salão de Atos lotado.
E Lula se esmerou em compor um acervo com dezenas de flagrantes de Saramago, que, por sinal, será tema de inúmeras celebrações exatamente dentro de um mês, no dia 16 de novembro, quando faria 100 anos (faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos). Ao lado de Saramago, mais 19 autores aparecem nas fotos de Lula na exposição, entre eles o sul-africano J. M. Coetzee e o peruano Mario Vargas Llosa, igualmente ganhadores do Nobel de Literatura. Com esse enfoque, a mostra acaba por ser convite ao visitante para que, além de ver e conhecer as imagens, também passe a ler esses autores.
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