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Rio Pardinho: correnteza arrastou casas e condomínio ficou em ruínas

Somente os alicerces das 30 casas permaneceram no condomínio após a passagem da enchente. Cacos de tijolos, telhas e vidros estão espalhados pela área

Lama e destroços foram o que restou do condomínio Recanto do Sossego, localizado em Balneário Panke, interior de Santa Cruz do Sul, após as águas do Rio Pardinho destruírem a estrutura em menos de duas horas. Passados 17 dias da enchente, quem circula pelo local tem dificuldade de acreditar que ali havia ao menos 30 habitações. Tampouco se notam os quase 2 hectares de milho plantados na propriedade. Na entrada, sobrou apenas a fundação. O poste onde ficava o controle de acesso está derrubado, e o portão desapareceu. 

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Na área residencial, restaram apenas os alicerces do que um dia foram lares – para a maioria, um refúgio da vida urbana nos fins de semana. Cacos de tijolos, telhas e vidros estão por toda a parte – inclusive nas piscinas –, sendo impossível saber a qual construção pertencem. Já os pertences dos moradores estão espalhados por toda a área, soterrados pelo barro. Alguns são difíceis de identificar. Como um quebra-cabeças, é preciso buscar uma peça que encaixe com outra para perceber que se trata de uma cama, por exemplo. Outros são reconhecíveis, incluindo ar-condicionado, tampa de panela, cadeiras, pia e um cortador de grama. 

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Em menos de duas horas, correnteza do Rio Pardinho destruiu as casas do Recanto do Sossego, em Balneário Panke, no interior de Santa Cruz

Das edificações, permanecem de pé apenas um banheiro e parte de uma moradia. Nos cômodos que resistiram, é possível verificar o nível que a água alcançou pelas manchas, chegando próximo ao teto. Colchões e partes de armário e roupas ficaram empilhados e cobertos por lama. E, em uma das paredes, está escrito com barro: “Não roubem por favor.”

Estima-se que oito pessoas se encontravam no condomínio durante a enchente, no dia 30 de abril, uma terça-feira. Sete foram resgatadas. Uma adolescente de 13 anos que estava com a família morreu após ser levada pela força das águas.

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Morador pede para que não roubem pertences da única habitação que restou | Foto: Alencar da Rosa

Impacto da catástrofe

A destruição é vista em todos os cantos da área mais baixa do distrito. No entroncamento da Travessa Bohnen e da Entrada Radtke, extensas plantações de soja e de milho foram devastadas. Galhos e entulhos se amontoaram no caule das árvores. Na frente das residências alagadas, há pilhas de pertences destruídos. Mas as consequências da catástrofe não afetaram apenas os moradores que viviam próximo ao Rio Pardinho. Propriedades nas áreas mais altas registram prejuízos, especialmente pela falta de energia elétrica.

O produtor José Alberto Lauschner, 62 anos, que mora no alto da Travessa Bohnen, está há pelo menos 19 dias sem luz. Segundo ele, o fornecimento foi interrompido durante o temporal que atingiu Santa Cruz no dia 27 de abril. Desde então, tem utilizado um gerador a diesel de forma limitada, no máximo três horas por dia. Por isso, acabou perdendo parte da produção de frutas e verduras. “Estamos indo dormir após o pôr do sol e vivendo à luz de velas”, afirmou. 

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Segundo a Rio Grande Energia (RGE), os trabalhos na localidade são dificultados devido à impossibilidade de acesso. Os bloqueios e alagamentos nas estradas impedem o atendimento das ocorrências. A expectativa é de restabelecer o fornecimento de energia tão logo seja possível acessar as redes elétricas desses locais.

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Na avaliação do produtor de leite Eduardo Diehl, irá demorar meses para os agricultores do distrito se reestruturarem. Parte da colheita, usada para alimentar os animais, foi destruída. Ele recebeu doações para não deixar a manada sem comida, mas sabe que são temporárias e que em breve precisará buscar outra alternativa. “Com a previsão do tempo desfavorável, só daqui a 60 dias devemos conseguir plantar novamente”, afirmou.

Produtor José Alberto Lauschner: há pelo menos 19 dias sem energia elétrica

Agricultor resgatou moradores com trator

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Diehl ficou impressionado com os estragos provocados pela correnteza no condomínio. “Eram casas com estruturas fortes. A laje de uma casa estava boiando, nunca tinha visto isso antes. O condomínio não existe mais.”

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