Em um ano marcado pela celebração dos 200 anos de imigração alemã no Brasil e dos 175 anos em Santa Cruz do Sul, o distrito de Rio Pardinho comemora, no próximo dia 21 de novembro, seus 172 anos de imigração germânica. Hoje, como o 9º distrito de Santa Cruz, Rio Pardinho está situado a 16 quilômetros do centro da cidade.
Com suas casas históricas e belas paisagens, a localidade preserva a história e a cultura dos primeiros imigrantes alemães. Localizado no Vale do Rio Pardo, o local é conhecido por integrar a Rota Germânica, atraindo visitantes de várias regiões. Quem visita a localidade tem a oportunidade de reviver o passado, conhecendo não apenas a arquitetura de algumas casas, mas também as tradições culturais e culinárias influenciadas pelos antepassados. A herança alemã é visível em pratos típicos, como a cuca.
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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o distrito, situado entre Santa Cruz e Sinimbu, abriga atualmente 2.525 moradores em 1.309 residências.
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Os pioneiros enfrentaram dificuldades para atracar na nova terra, no sul do Brasil. Vindos de países europeus, como a Alemanha, nem todos resistiram ao cruzar o Oceano Atlântico. Alguns adoeciam e outros enfrentavam problemas mecânicos nos navios, ficando à deriva no mar ou até afundando.
A comunidade de Rio Pardinho teve início paralelamente à Picada Velha (atual Linha Santa Cruz), no começo chamada de Picada Nova. Em 1849, os primeiros imigrantes da colônia de Santa Cruz foram assentados nessa região, em picada aberta sob determinação do diretor da colônia, João Martin Buff. Esse processo foi motivado pela chegada de imigrantes que estavam sendo reunidos na Alemanha pelo agente de colonização Peter Kleudgen.
Conforme a historiadora Marlise Gertrudes Diehl, 71 anos, para conectar as duas picadas, Velha e Nova, foi construída uma estrada transversal conhecida até hoje como Linha Travessa. “Essa estrada foi feita um ano antes da chegada dos primeiros moradores. Em dezembro de 1851, as primeiras famílias se estabeleceram em Rio Pardinho, incluindo os sobrenomes Jandrey, Kannenberg, Knudsen, Neumann, Niedersberg, Ninnemann, Schmidt, Schneider, Silberschlag e Trarbach.”
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Em 1852, novas levas de imigrantes chegaram, organizadas por Peter Kleudgen, em quatro navios. “Kleudgen havia firmado dois contratos com o governo da província para trazer imigrantes à colônia. O quarto navio, Luiz Emílio, naufragou na costa da Inglaterra, mas os sobreviventes seguiram viagem a bordo do navio Souza, chegando ao Brasil em 1853”, explica Marlise.
Segundo a historiadora, inicialmente, os colonos utilizavam galhos e folhas de palmeira para construção de abrigos. Depois ergueram moradias de pau-a-pique cobertas com palmeiras, e mais tarde adotaram o estilo de casas enxaimel, algumas das quais ainda existem.
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“As casas de pedra grês surgiram mais tarde, por volta de 1870, cobertas com tabuinhas cortadas manualmente. Um exemplo notável é a Igreja Evangélica de Rio Pardinho, conhecida como Igreja dos Imigrantes, construída em pedra grês em 1866 por meio de um mutirão de 52 famílias.”
Após providenciar abrigos, os colonos começaram a derrubar e preparar a área para cultivar a terra, com foco na produção de alimentos. A horta, por exemplo, era um espaço dominado pelas mulheres, que desempenhavam papel fundamental nesse aspecto.
Os primeiros moradores de Rio Pardinho eram originários de Hamburgo, na Alemanha, e chegaram ao Brasil em quatro navios: Fortuna, Marianne, Hermine e Luise Emilie. O Fortuna trouxe famílias como Brust, Feiber, Fritsch, Goelzer, Hentschke, Herberts, Moosmann, Quoos, Schmidt, Seidel, Stricker, Strohm, Stumm e Weber.
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No Marianne, vieram cerca de 60 pessoas das famílias Berger, Franke, Gressler, Lau, Merten, Parnow, Putsch, Schulz, Vich, Westinghausen e Zuther. Desembarcaram em 21 de novembro, data que foi escolhida como marco da colonização de Rio Pardinho e é lembrada até hoje.
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Terceiro a chegar, o navio Hermine trouxe 19 pessoas das famílias Brust, Goelzer, Haas, Kottwitz, Rieck e Spode. Já o último navio, o Souza, que substituiu o Luise Emilie, trouxe 40 pessoas das famílias Grawunder, Greiner, Jahn, Kirst, Panke, Volkardt e Waechter.
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Rio Pardinho é marcado pela preservação dos casarões antigos, muitos deles construídos entre o final do século 19 e início do 20. Essas edificações refletem a arquitetura germânica, entrelaçada com influências portuguesas, e representam a trajetória dos primeiros imigrantes alemães. Conhecer a localidade é explorar a história de Santa Cruz, em meio a uma paisagem encantadora composta por morros, o próprio Rio Pardinho, árvores e flores, que proporciona uma sensação de tranquilidade e conexão com o passado.
Entre as atrações destaca-se a Rota Germânica, que tem início a 10 quilômetros do centro de Santa Cruz, pela RSC-471, e segue até o município de Sinimbu. A primeira parada é o Mosteiro da Santíssima Trindade das Monjas Beneditinas, na Linha Travessa.
Fundado em 1997, o mosteiro é conhecido por seu trabalho em liturgia e espiritualidade. Oferece atividades de artesanato, restauração de imagens, produção de licores e mel, além de uma pequena hospedaria para retiros espirituais e encontros de aprofundamento.
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Outro ponto religioso relevante é a Igreja Evangélica Imigrante, fundada em 1866 e considerada a mais antiga do Estado. Construída em pedra grês pela própria comunidade, a igreja ainda realiza cultos mensais. Ao lado do templo está o cemitério preservado, onde estão os primeiros imigrantes, com lápides escritas em alemão. A mais antiga data de 1870, e o cemitério já abrigou mais de 500 sepultamentos.
A gastronomia de Rio Pardinho é outro destaque da herança dos colonizadores. Entre as opções, o visitante encontra a tradicional Cucas Gressler (Kuchenhaus), a Casa do Colono e outros estabelecimentos que preservam a culinária típica alemã. No espaço com mais de 25 anos de existência, além da tradicional cuca, o público pode saborear schmier, linguiças, tortas, rocamboles, bolachas e pães caseiros.
O roteiro turístico inclui ainda sítios pedagógicos, casas de artesanato manual, floriculturas e construções antigas de arquitetura alemã. Infelizmente, muitas dessas residências estão abandonadas e carecem de manutenção, o que poderia enriquecer ainda mais a experiência dos visitantes.
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Na economia, Rio Pardinho abriga indústrias significativas, com destaque para os setores alimentício e de tabaco. Entre as empresas estão os frigoríficos Schender e Panke, além da fumageira Tobacco House.
Os moradores de Rio Pardinho estão distribuídos por localidades como Linha Travessa, Linha Sete, Ponte Rio Pardinho, Estrada Picada Chinelo, Linha Cereja, Travessa Bohn, Travessa Andreas, Travessão Dona Josefa, Cerro dos Cabritos, Nova Colônia, Entrada Panke, Linha Zierman, Linha Molz, Linha Zingler e Entrada Radtke. Em maio, uma enchente afetou seriamente algumas dessas regiões, destruindo lavouras e casas, e provocando a perda de vidas.
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