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MEMÓRIA

Rincão Gaia perpetua o legado do ambientalista José Lutzenberger

José Lutzenberger

Neste sábado, 14, transcorrem 20 anos desde a morte de José Antonio Lutzenberger, ocorrida em 2002, aos 75 anos. O ecologista porto-alegrense (nascido em 17 de dezembro de 1926), filho de imigrantes alemães, deixou fértil uma terra estéril, usando um de seus conceitos preferidos: “Como iremos resolver isto? Precisamos transformar um problema em uma oportunidade”. Lutzenberger foi secretário especial do Meio Ambiente do Brasil no governo Collor, de 1990 a 1992.

Depois de ganhar um importante prêmio internacional em 1988 (o Right Livelihood, uma espécie de Prêmio Nobel alternativo, pela expressiva atuação na defesa do meio ambiente), o ecologista aplicou os recursos na compra de uma área de 30 hectares no interior de Rio Pardo, localizada às margens da BR-290, próximo à divisa dos municípios de Rio Pardo e Pantano Grande.

Na época, o espaço fazia parte de uma fazenda que se tornaria um aterro sanitário, para ser o depósito de lixo de Rio Pardo. A criação do Rincão Gaia aconteceu em 1987. O ecologista também teve o apoio, por nove anos, da instituição alemã Heinrich Böll Stiftung, que financiou a construção da Casa Comunal e de galpões de trabalho, no contexto de um projeto pioneiro de promoção da agricultura orgânica junto a produtores familiares do Estado.

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A estrutura operacional do Rincão Gaia divide-se em três partes: a primeira, conhecida como Aldeia, reúne a edificação principal, a Casa Comunal (residência que era habitada por Lutzenberger), mais uma casa de hospedagem; o segundo é chamado de Corredor Ecológico, e junto a ele estão o Lago das Estrelas e o banhado, formado naturalmente em uma das pedreiras desativadas; e o terceiro setor guarda a criação de animais.

A Gazeta do Sul esteve no local em agosto de 2020, para mostrar, em ampla reportagem, como se encontrava o santuário ecológico. Toda e qualquer visita precisa ser agendada pelo WhatsApp do Rincão Gaia, no número (51) 99725 3685, ou ainda através do e-mail [email protected]. Leia à direita entrevista com Lara, umas das filhas do ecologista (a outra é Lilly) e que dá continuidade ao trabalho realizado pelo pai. Ela reflete sobre o legado de José Lutzenberger 20 anos após a sua morte.

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ENTREVISTA

Lara Lutzenberger – Bióloga, filha de José Lutzenberger, que leva adiante o legado do pai

Gazeta do Sul – O que o Rincão Gaia oferece?
Lara Lutzenberger – Oferecemos amplas opções de vivências e aprendizado ecológico para a prática de uma cidadania planetária e obtenção de mais qualidade de vida. Estas vão desde visitas monitoradas apresentando a visão de Lutzenberger, que norteia todo o trabalho desenvolvido pela equipe; locação do espaço para cursos e eventos de terceiros; cursos e oficinas próprios; até passeios e hospedagens. Também acontecem palestras.

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A Fundação Gaia ainda é a maior referência do legado preservacionista de Lutzenberger?
Penso que sim, que a Fundação Gaia e a empresa Vida Produtos e Serviços em Desenvolvimento Ecológico são as maiores e mais legítimas referências do legado de meu pai. Outras referências são a empresa Vida, o Gaia Village, braço da Fundação Gaia em Garopaba (SC); o Parque da Guarita, em Torres; e também o Jardim Lutzenberger, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, que o homenageia através de coleções de plantas como as que ele costumava cultivar em suas moradias.

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A senhora participa das atividades desenvolvidas hoje?
Acompanho e oriento a equipe em todos os trabalhos desenvolvidos no Rincão Gaia. Tenho um grupo de seis funcionários, sete monitores terceirizados e um coletivo de consultores eventuais para as atividades. Para as definições macroestratégicas, tenho um conselho administrativo e um fiscal, que totalizam comigo nove integrantes. Levo adiante a Fundação Gaia e sou sócia da empresa Vida ao lado de minha irmã, Lilly.

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Qual o maior ensinamento deixado por seu pai?
Neste sábado, são 20 anos da partida dele. Tenho pensado muito nos ensinamentos de meu pai. Justamente a cosmologia, ou cosmovisão, pela qual ele se orientava é o que fundamentava a ética, os valores que definiam as suas atitudes. Dou-me conta de que promover a internalização de valores nobres de amor e respeito universal, vinculados a uma visão unitária, ecológica e cósmica da vida, talvez seja o caminho mais assertivo para a virada corretiva de que necessitamos em nossa jornada.

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