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REVOLUÇÃO GAÚCHA

Revolução Farroupilha: Santo Amaro, uma vila preservada do século 19

Foto: Alencar da Rosa

Igreja de Santo Amaro, construída em 1787, preserva os restos mortais do soldado farroupilha Manoel dos Santos Pedroso, ferido em combate durante a revolução

De um forte erguido por portugueses em 1752, para resistir aos ataques de bandoleiros castelhanos e de populações indígenas, nasceu o que hoje é o Distrito de Santo Amaro. Na época em que eclodiu a Revolução Farroupilha, em 1835, a localidade pertencia ao município de Triunfo. Santo Amaro, hoje pertencente ao município de General Câmara, tinha uma localização estratégica para o exército farroupilha. Na região, aconteciam as reuniões que serviam de preparação para os ataques contra as forças do Império Brasileiro, que ocupavam Porto Alegre.

No final da década de 1990, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou 14 casarões que pertenciam a líderes farroupilhas. Hoje eles compõem um belíssimo local para visitação, inclusive com roteiros turísticos que vale a pena conferir. Um dos casarões tombados foi residência do primeiro presidente da República Rio-grandense, José Gomes de Vasconcelos Jardim.

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No prédio que abrigou a primeira prefeitura de Santo Amaro e onde hoje funciona o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), a historiadora e professora de História Anajara Maria de Mello da Silva é responsável por um acervo de livros e objetos que contam a história de Santo Amaro.

“O José Gomes de Vasconcelos Jardim foi muito importante para nós. Ele nasceu aqui e foi embora para a Fazenda do Cipreste, em Guaíba. Aqui foi a intendência, quando Santo Amaro foi sede do município, e funcionou de 1822 a 1939. Quando chegou o arsenal de guerra em General Câmara, eles resolveram levar a sede para lá. Então, Santo Amaro anoiteceu como município e amanheceu como distrito.”

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A igreja da vila, construída em um ponto estratégico e inaugurada em 1787, permitia ver o Rio Jacuí e a possível aproximação de tropas em navios. O lugar serve de repouso do herói farroupilha Manoel dos Santos Pedroso. Sua espada continua guardada na antiga intendência de Santo Amaro.

¨Ele veio para lutar na revolução, chegou aqui, adoeceu e morreu. Antigamente, as pessoas mais importantes da vila eram enterradas embaixo do altar da igreja. Nós temos aqui enterrados também os padres que eram mais importantes”, salienta.

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Ainda em Santo Amaro, perto do balneário do Coqueiro, estava o sobrado que pertenceu ao chefe do Exército Imperial, Chico Pedro, muito temido pelos farrapos. 

Três homens da localidade que se destacaram

No livro Uma página da história rio-grandense, escrito por Francisco Pereira Rodrigues e lançado em 1989 pela editora Martins Livreiro, três perfis são detalhados pelo autor entre os nascidos na Vila de Santo Amaro, em General Câmara. Confira cada um deles.

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José Gomes de Vasconcelos Jardim

Teve importante participação nos rumos da Revolução Farroupilha, como primeiro legislador, organizador e presidente da República Rio-Grandense quando Bento Gonçalves foi preso no combate da Ilha de Fanfa, em Triunfo, no Rio Jacuí, em 3 de outubro de 1836.

Ele nasceu em Santo Amaro no dia 12 de abril de 1773. O casarão construído em 1763, onde viveu nos primeiros anos, permanece de pé, tombado pelo patrimônio histórico. Serviu de cenário para o filme Um Certo Capitão Rodrigo, de 1970, baseado na obra O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. Também foi sede do Legislativo quando Santo Amaro era município.

Nesta casa nasceu e morou Gomes Jardim, o primeiro presidente da República Rio-grandense

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A casa onde viveu com a esposa em Guaíba também é tombada. Construída na propriedade de Antonio Ferreira Leitão, foi herança da filha mais nova, que se casou com Gomes Jardim. No local, que conta com um frondoso cipreste na frente, foi planejado o ataque a Porto Alegre que deu início à Revolução Farroupilha. O acendimento oficial da Chama Crioula em 2020 ocorreu à sombra da árvore.

Gomes Jardim tornou-se médico autodidata e ganhou admiração pelo espírito humanitário. Todo o dinheiro que recebeu foi gasto na guerra. Morreu em 7 de abril de 1854, no casarão da Vila de Pedras Brancas, na atual zona urbana de Guaíba.

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Thomaz José Pereira

Nascido em 4 de outubro de 1815, na localidade de Passo da Taquara, incorporou-se às forças revolucionárias de Bento Gonçalves e atingiu o posto de tenente-coronel aos 22 anos por atos de bravura.

Após a pacificação, declinou do direito de fazer parte do Exército Imperial. Tornou-se estancieiro e entrou na política, sendo vereador de Taquari em três mandatos. Morreu em 15 de agosto de 1889.

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Camilo Mércio Pereira

Também natural de Passo da Taquara, nasceu em 12 de agosto de 1822. Muito jovem, com 16 anos, já ostentava a patente de tenente sob o comando de David Canabarro. Com a paz selada nas coxilhas de Ponche Verde, atual Dom Pedrito, ingressou nas fileiras do Exército Imperial. Em 1851, já como capitão, combateu nas batalhas com o tirano argentino Juan Manuel José Domingo Ortiz de Rosas.

Em 1858, passou a ser tenente-coronel e comandante do 3o Corpo de Guarda. Em 1865, comandou a 6a Brigada de Cavalaria na Guerra do Paraguai. Já em 1869 ocupou a capital, Assunção. Foi promovido a brigadeiro em 1880, patente que existia no Exército na época. Radicado em Bagé, foi vereador em 1857. Morreu em 6 de outubro de 1889.

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