A cruel e estúpida morte do norte-americano e afrodescendente George Floyd “reavivou as brasas” do conflito racial nos Estados Unidos. Por tabela, no mundo. Na vertente do conflito estão séculos de escravidão e o conjunto de efeitos colaterais negativos e duradouros.
Como que em efeito dominó, a revolta e a contestação direcionaram sua fúria contra elementos simbólicos do que se poderia denominar (de acordo com o discurso antirracista) de “supremacia branca”, seja em razão de seus atos e/ou de suas opiniões. Entre tais elementos, estátuas de personalidades históricas de diferentes e distantes épocas. Livros e filmes, inclusive.
Nos Estados Unidos, especialmente, figuras icônicas estão sob severo julgamento. Alguns inegáveis racistas, a exemplo do general Robert Lee, líder do exército confederado. Nem mesmo os idolatrados “pais fundadores” da república escaparam do questionamento revisionista. Afinal, George Washington e Thomas Jefferson também foram donos de escravos.
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Mas a revolta e o revisionismo histórico não estão limitados aos ativistas negros. Embora menos visíveis, também os indígenas estão em pé de guerra. Consequentemente, os símbolos e a herança da dominação espanhola nas Américas também estão sob julgamento e ataque.
Estátuas de frades missioneiros católicos e conquistadores europeus seriam símbolos de séculos de opressão e brutalidade, de submissão dos nativos à religião, aos costumes e às leis de outro continente. Nem mesmo o navegador genovês Cristóvão Colombo escapou da ira revisionista!
Derrubar e depredar estátuas, interditar livros e filmes, mudar nomes de ruas e prédios, por exemplo, seriam atos de revisionismo histórico? Ou de vandalismo, como algumas cenas caóticas sugeriram, ainda que autoria de pequenos e inevitáveis grupos?
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De qualquer modo, é pertinente perguntar: quais seriam os limites temáticos, físicos, temporais e históricos para o exercício da rebelião revisionista? Por exemplo, valeria derrubar o Coliseu romano, arena de sacrifício de escravos e cristãos, entre outros?
O tema do revisionismo histórico é complexo e não está limitado às questões raciais e às praticas colonialistas. Na história da maioria das nações estão registrados fatos e personalidades que exercitaram tiranias, atrocidades, genocídios, muitas vezes resguardados pelo aparato legal de então.
Possivelmente, os fatos mais complexos, contraditórios e cruéis, inaceitáveis e incompreensíveis à luz do nosso tempo, cultura e saber, melhor seria que destinados apenas aos livros e filmes.
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Logo, estátuas e monumentos destes tempos e personalidades, com algum evidente simbolismo ofensivo e negativo, talvez estivessem melhor resguardados em museus!
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