Política

Réus do Caso Pronaf vão começar a ser ouvidos nesta segunda na Justiça Federal

A Justiça Federal de Porto Alegre inicia, nesta segunda-feira, 26, as oitivas com os 14 acusados de participação na fraude do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Até a próxima sexta-feira, eles serão ouvidos na Capital. Cinco deles (Vladimir Barroso, Sérgio Teixeira Silveira, João Carlos Hentschke, Fabiana Beatriz Palhano e Vânia Emília Müller) pediram para usar o direito de permanecer em silêncio.

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A denúncia foi feita a partir da Operação Colono, da Polícia Federal. Em 2014 foi constatada a irregularidade, que teria ocorrido entre 2007 e 2013. Autorizações assinadas em branco, agricultores enganados, notas fiscais falsas e dinheiro público canalizado para contas particulares foram constatados durante as investigações. A Justiça recebeu a documentação em novembro de 2021, citando pessoas ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em conluio com funcionários do Banco do Brasil.

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Valendo-se da confiança dos agricultores, os recursos de empréstimos do Pronaf eram transferidos para contas da Associação dos Pequenos Agricultores Camponeses (Aspac), braço jurídico do MPA. Cerca de R$ 10 milhões deixaram de chegar aos agricultores e podem ter ido parar nas contas particulares dos envolvidos.

Em janeiro de 2022, a 7ª Vara da Justiça Federal de Porto Alegre negou pedido de absolvição sumária apresentado pelos 14 acusados. Em junho do mesmo ano começou a fase de instrução, que é quando são colhidos os depoimentos. Os primeiros a falar foram os da acusação, a maior parte agricultores de Santa Cruz do Sul e Sinimbu. Depois, foi a vez dos indicados pela defesa; agora, os réus. Não há data definida para a realização do julgamento.

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Todos os réus respondem por gestão fraudulenta de instituição financeira. O núcleo ligado ao MPA/Aspac também responde por associação criminosa. Além disso, dois dos ex-servidores do Banco do Brasil, Juliano Matte e Rafael Cavalli, foram acusados de violação de sigilo bancário. Segundo a denúncia, ambos forneceram informações sigilosas, sobre dívidas e operações financeiras de clientes, a integrantes da Aspac. Cavalli teria repassado, inclusive, extratos de uma conta bancária.

Os réus do Caso Pronaf

MPA/Aspac

  • Wilson Luiz Rabuske – Ex-vereador pelo PT em Santa Cruz e ex-coordenador do MPA na região.
    • Acusação: seria o “líder da organização criminosa” e “exercia hierarquia sobre todos os demais investigados”.
  • Vera Lucia Lehmenn Rabuske – Esposa de Wilson Rabuske.
    • Acusação: auxiliaria o marido na coordenação do escritório do MPA e da Aspac.
  • Perci Roberto Schuster – Ex-presidente da Aspac e ex-assessor de Wilson Rabuske na Câmara.
    • Acusação: seria usado por Wilson Rabuske como “testa de ferro no que tange à presidência da Aspac” e, na prática, sequer se apresentava como dirigente da entidade.
  • Maikel Ismael Raenke – Atuava junto ao MPA em Sinimbu e é ex-vereador pelo PT no município.
    • Acusação: participaria da execução da fraude acompanhando a intermediação dos financiamentos em Sinimbu.
  • Marlise Teresinha Gularte – Atuava junto ao MPA em Sinimbu.
    • Acusação: tornou-se responsável pelo escritório em Sinimbu após Maikel Raenke assumir o cargo de vereador. Participaria da execução da fraude acompanhando a confecção dos contratos e mantendo contato com servidores do BB.
  • Vania Emília Müller – Trabalhou no MPA/Aspac de 2003 a 2013.
    • Acusação: participaria da fraude colhendo autorizações de transferência de recursos das contas de agricultores e mantendo contato com servidores do BB, com quem tratava do andamento da liberação de financiamentos e do retorno de parte dos recursos para contas da Aspac.

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Banco do Brasil

  • João Carlos Hentschke – gerente-geral do BB em Santa Cruz de agosto/2007 a fevereiro/2011.
  • Wilson Luiz Bisognin – gerente-geral do BB em Santa Cruz entre março/2011 e julho/2012.
  • Vladimir Barroso – gerente-geral do BB em Sinimbu de julho/2007 a fevereiro/2011 e em Santa Cruz entre julho/2012 e junho/2014.
  • Juliano Chedid Matte – gerente-geral do BB em Sinimbu de fevereiro/2011 a janeiro/2013.
  • Clóvis Kegler – funcionário do BB em Santa Cruz.
  • Sérgio Augusto Teixeira Silveira – gerente de relacionamento do BB em Santa Cruz.
  • Rafael Spalding Cavalli – gerente de relacionamento do BB em SInimbu.
  • Fabiana Beatriz Palhano – funcionária do BB em Sinimbu.

Cronologia

  • Outubro de 2014
    Ainda em andamento junto à Polícia Federal de Santa Cruz, a Operação Colono vem à tona.
  • Abril de 2015
    Em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, o então presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, confirma a existência das fraudes.
  • Agosto de 2015
    PF conclui a investigação e encaminha o caso para o Ministério Público Federal.
  • Outubro de 2019
    Após mais de quatro anos, Ministério Público Federal denuncia 14 pessoas à Justiça Federal.
  • Novembro de 2019
    Justiça Federal recebe ação penal e torna réus os 14 denunciados.
  • Janeiro de 2022
    Juiz federal Guilherme Beltrame rejeita o pedido de absolvição sumária apresentado pelos réus.
  • Junho de 2022
    Começam a ser ouvidas as testemunhas de acusação, seguidas da defesa.
  • Junho de 2023
    Serão ouvidos os 14 réus. Cinco apresentaram pedido para permanecer em silêncio.

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