O ano de 2020 foi marcado por um desafio inédito para a humanidade: enfrentar uma pandemia de nível mundial, que obrigou a população a mudar drasticamente seu comportamento para tentar conter a disseminação do vírus. Ao longo de nove meses, Santa Cruz do Sul passou por momentos distintos, das muitas dúvidas e incertezas em março e abril até a desaceleração do contágio em meados de setembro e o retorno ao estado de alerta nos últimos dois meses do ano, com o aumento expressivo no número de casos e a lotação dos hospitais. Para 2021, fica a esperança e a expectativa de que as vacinas sejam, de fato, a solução que esperamos.
Os efeitos da pandemia de Covid19 começam a ser sentidos em Santa Cruz do Sul. O prefeito Telmo Kirst (PSD) determina por meio de decreto o fechamento de todas as atividades comerciais consideradas não essenciais. Por 30 dias, o município experimentou uma realidade incomum, com a maioria da população isolada em casa e pouca circulação de pessoas nas ruas.
LEIA MAIS: Decreto determina fechamento de estabelecimentos comerciais em Santa Cruz do Sul
Publicidade
A Prefeitura inaugura no Ginásio Poliesportivo as estruturas do Ambulatório e do Hospital de Campanha para auxiliar no atendimento e tratamento de pacientes com suspeita ou confirmação da doença. Com 50 leitos clínicos disponíveis, o local se tornou referência para a população santa-cruzense no que diz respeito à Covid-19.
LEIA MAIS: Ambulatório de Campanha entra em funcionamento a partir das 19 horas
É confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Santa Cruz. O caminhoneiro Genésio Dumke, de 48 anos, apresentou os sintomas da doença após voltar de uma viagem a Santa Catarina. No retorno, ele procurou atendimento, realizou o teste RT-PCR e teve o diagnóstico positivo. Ele se recuperou, mas sofreu por vários meses com as sequelas deixadas pela doença.
Publicidade
LEIA MAIS: Santa Cruz do Sul tem primeiro caso confirmado de Covid-19
Após mais de 30 dias de portas fechadas, o prefeito Telmo Kirst autorizou a reabertura do comércio em Santa Cruz. Sob diversas regras de distanciamento e higiene e com restrições para a quantidade de funcionários e clientes no interior dos estabelecimentos, as lojas voltaram a funcionar e, com elas, voltou a crescer a movimentação de pessoas nas ruas do Centro.
LEIA MAIS: Comércio de Santa Cruz reabre na segunda com restrições
Publicidade
Foi confirmado o primeiro óbito de um morador de Santa Cruz em decorrência da Covid-19. Uma mulher de 67 anos, que era interna de uma clínica geriátrica. O caso gerou polêmica na época, pois o diagnóstico foi feito por meio de critérios clínicos epidemiológicos, sem a realização de nenhum tipo de teste.
LEIA MAIS: Confirmada primeira morte de morador de Santa Cruz por Covid-19
Entra em vigor em todo o Estado o modelo de distanciamento controlado, com o objetivo de orientar as ações dos municípios nas restrições para controlar a disseminação da Covid-19. A principal medida é o mapa de risco, com as classificações representadas pelas bandeiras amarela, laranja, vermelha e preta.
Publicidade
LEIA MAIS: Santa Cruz terá bandeira amarela e prefeitura estuda adequações
Referência na região, o Hospital Santa Cruz (HSC) recebe do Ministério da Saúde a habilitação de dez novos leitos de UTI, que foram utilizados para a criação de uma unidade exclusiva para receber pessoas com sintomas ou diagnóstico confirmado para a Covid-19.
LEIA MAIS: Santa Cruz do Sul contará com mais dez leitos de UTI
Publicidade
Passados três meses do início da pandemia, Santa Cruz ultrapassa a marca de 100 casos confirmados da Covid-19, ao mesmo tempo em que experimenta as restrições variáveis do modelo de distanciamento. Nesse mesmo período, a pandemia já crescia rapidamente, com o Rio Grande do Sul registrando quase 650 mil casos.
Pela primeira vez o Vale do Rio Pardo, representado como região Covid 28 no modelo de distanciamento, recebe a classificação de bandeira laranja, de risco epidemiológico considerado médio. Ainda que as restrições tenham sofrido diversas alterações, a cor laranja se tornaria quase o padrão para a região, permanecendo por vários meses.
O fechamento no início da pandemia e as restrições impostas para o funcionamento posteriormente causaram uma crise no comércio de Santa Cruz, com o fechamento de diversas lojas e demissão de trabalhadores. Como reflexo disso, as solicitações de seguro-desemprego mais que dobraram na comparação com o mesmo período de 2019.
O Vale do Rio Pardo (R28) é classificado pela primeira vez com a bandeira vermelha, de risco alto. A decisão do governo do Estado era preliminar e acabou sendo revertida após o recurso encaminhado pela Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp). Dessa forma, a região voltou para a cor laranja, mas ficou em alerta.
LEIA: Região não apresenta recurso e estará em bandeira vermelha a partir de terça-feira
A exemplo do que já ocorria no mundo e em outros municípios brasileiros, a Associação das Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) decidiu cancelar a Oktoberfest em 2020, o mais tradicional evento do município, em função da pandemia. Posteriormente ocorreria uma edição virtual.
LEIA MAIS: Confirmado o adiamento da 36ª Oktoberfest e Feirasul
Os prefeitos e presidentes das associações de municípios começam um movimento com o objetivo de ter maior autonomia para definir os protocolos e regras do modelo de distanciamento. O governador Eduardo Leite (PSDB) acata o pedido e inicia as negociações, que culminaram na criação do sistema de gestão compartilhada do modelo.
LEIA MAIS: Região encaminha nesta terça proposta de cogestão ao governo do Estado
Com o crescimento contínuo da pandemia e as aglomerações vistas nas praças e parques de Santa Cruz, uma parceria entre a Prefeitura e o 7º Batalhão de Infantaria Blindado (7 BIB) colocou diversos militares nas ruas durante o fim de semana. Eles distribuíram panfletos e orientaram a população a permanecer em casa e respeitar os protocolos de higiene.
LEIA MAIS: Exército vai às ruas de Santa Cruz para evitar as aglomerações
Apesar da cor vermelha predominar no mapa de risco, o governador Eduardo Leite cede às pressões e apresenta um cronograma para o retorno das aulas presenciais no Estado. A proposta causou polêmica e dividiu opiniões de pais, professores e especialistas. Enquanto as escolas particulares viram a retomada com bons olhos, os professores estaduais e municipais foram contra.
LEIA MAIS: Estado propõe retorno das aulas presenciais a partir de 31 de agosto
Pela primeira vez o governo do Estado não acolhe o recurso encaminhado pela Amvarp e classifica o Vale do Rio Pardo com a bandeira vermelha de forma definitiva. A região, contudo, passou apenas dois dias sob maiores restrições, visto que o sistema de gestão compartilhada já estava vigorando e permitia a flexibilização das regras.
Após vários meses de crescimento ininterrupto, a pandemia começa a dar sinais de desaceleração na região e no Estado, com a redução do número de novos casos e óbitos. Dessa forma, as restrições para a atividade econômica e circulação de pessoas previstas pelo modelo de distanciamento social são ainda mais flexibilizadas.
Observando a disseminação menor da Covid-19 e a consequente redução na demanda por leitos clínicos e de UTI, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul decide desmontar a estrutura do Hospital de Campanha, nas dependências do Ginásio Poliesportivo. O Ambulatório, contudo, permaneceu em operação.
LEIA MAIS: Ambulatório é registrado como Hospital de Campanha e terá leitos de UTI
Proibidos desde o começo da pandemia, os bufês voltaram a ser permitidos nos restaurantes de Santa Cruz. A liberação por parte do Estado fez parte de um pacote de flexibilizações das regras, num momento em que a pandemia aparentava estar controlada, e foi comemorada pelos proprietários dos estabelecimentos.
Após vários meses, o mapa de risco volta a ter bandeiras amarelas, representando a desaceleração da pandemia. Foi o melhor momento no Estado no controle da doença desde março, com baixos índices de transmissão e ocupação dos leitos de UTI. Com menos restrições, cresceu o movimento nas ruas e praças de Santa Cruz e a população passou a relaxar no cumprimento das regras.
Apesar de o governo do Estado ter estipulado o dia 21 de outubro como data para o retorno das aulas no nível médio da rede pública estadual, o atraso na entrega das máscaras e demais materiais necessários para cumprir as regras de distanciamento e higiene acabou por adiar a volta dos alunos às salas de aula. O impasse levaria várias semanas para ser solucionado.
Com a redução das restrições e a liberação de eventos de pequeno porte pelo Estado, a população também relaxa nos cuidados e lota as áreas públicas, especialmente aos finais de semana. Com isso, após um período de relativa tranquilidade em relação à pandemia, as bandeiras vermelhas voltam ao mapa de risco e preocupam as autoridades.
Apesar de ter sido previsto para o dia 13 de outubro (Ensino Médio), o retorno das aulas presenciais no Estado foi marcado por uma série de impasses e acabou adiado por várias semanas. O Cpers/ Sindicato chegou a conseguir judicialmente uma liminar para barrar a volta dos alunos às salas de aula. Posteriormente, essa decisão foi derrubada pelo governo do Estado.
Após algumas semanas de queda nos indicadores e aparente melhora, a situação da pandemia volta a piorar de forma generalizada no Rio Grande do Sul, consequência do relaxamento da população no cumprimento dos protocolos de distanciamento e higiene e também das campanhas eleitorais nos municípios, que foram responsáveis por grandes aglomerações de pessoas.
Adiadas por 42 dias em função da pandemia, as eleições municipais de 2020 ocorrem no Brasil. O pleito foi marcado por uma série de novas regras de distanciamento e higiene, buscando evitar a disseminação da doença e, ao mesmo tempo, garantir que todos os eleitores pudessem exercer seu direito ao voto. Ainda assim, os índices de abstenção bateram recordes.
Pressionado pelo avanço no número de casos e também de mortes, além da lotação das UTIs, o governo do Estado classifica todas as 21 regiões Covid com a bandeira vermelha no mapa. Os indicadores de risco apresentam piora generalizada e o Rio Grande do Sul chega ao seu pior momento no combate à pandemia.
Em mais uma medida para tentar conter o avanço da pandemia, o governo do Estado suspende a gestão compartilhada do modelo de distanciamento. O sistema permitia a flexibilização das restrições por parte das associações de municípios.
Como consequência do aumento de casos, a lotação dos leitos de UTI na região atinge níveis críticos, com alguns hospitais chegando a operar no limite da capacidade. Os gestores se manifestam, alertando que a capacidade das instituições é limitada e pedindo mais colaboração por parte da população para conter a disseminação do vírus.
Pela primeira vez desde a implantação do modelo de distanciamento, em maio, a bandeira preta – nível de risco mais elevado previsto – aparece no mapa para as regões de Bagé e Pelotas. A classificação evidencia a gravidade da situação vivida pelo Rio Grande do Sul frente à pandemia, com hospitais lotados e diversos recordes sendo quebrados.
Santa Cruz do Sul atravessa o pior momento desde o início da pandemia de Covid-19, com 22 óbitos e o total de casos ultrapassando os 3,6 mil. Por várias semanas consecutivas os recordes de novos casos foram quebrados, chegando ao pico de 435 positivos em apenas sete dias. A bandeira vermelha permanece para a região do Vale do Rio Pardo desde o fim de novembro.
LEIA MAIS: Secretaria da Saúde confirma três novas mortes por Covid-19 em Santa Cruz
This website uses cookies.