O ano de 2017 foi marcado por notícias que mexeram com a vida dos brasileiros. Na região o maior destaque foi para as notícias políciais, onde casos violentos, as condições e fragilidades do sistema prisional e operações policiais estiveram em destaque. Relembre os principais fatos na área da segurança pública que marcaram o ano que termina neste domingo, 31:
1 – Em abril, veio à tona um caso que repercutiu entre os santa-cruzenses. Pelo menos 11 pessoas, entre crianças de 3 a 8 anos e um adulto com deficiência, teriam sido abusadas sexualmente pelo motorista de uma van que fazia o transporte das vítimas para a escola. O homem, que não teve sua identidade divulgada para preservar as vítimas, foi preso. Ele ficou detido no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul e, nas redes sociais, chegaram a circular imagens dele sendo agredido dentro da cela por outros detentos. Devido à repercussão do caso entre a comunidade e nos meios de segurança, o acusado precisou ser transferido para outra penitenciária da região.
Francine Sins tinha 13 anos. Foto: Reprodução.
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2 – O desaparecimento de uma estudante teve um desfecho trágico no mês de abril. Moradora de Rio Pardinho, Francine Sins da Silva, 13 anos, foi encontrada morta em um matagal na véspera da Páscoa. O caso chocou a comunidade com as revelações feitas pela polícia. Segundo as investigações, a garota teria sido morta pelo padrasto, Ronaldo dos Santos, 30, a mando da própria mãe, Geni Sins, 54, que foi presa preventivamente. Desconfiada de que o companheiro (e sobrinho) vinha se relacionando com a garota, a mulher teria oferecido R$ 1 mil para que Ronaldo matasse a adolescente.
Presos foram transferidos do Presídio Regional após fuga. Foto: Rodrigo As mann.
3 – A maior fuga do sistema penitenciário gaúcho aconteceu no Presídio Regional de Santa Cruz. No dia 17 de novembro, 26 apenados, alguns deles condenados por homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte) escaparam da casa prisional. Por volta das 13 horas, eles serraram a grade da cela 14B, no segundo pavimento, usaram uma corda feita com lençóis para descer e cortaram uma tela para escapar. No mesmo dia, dez fugitivos foram recapturados. Seis foram localizados ao longo das semanas pela Brigada Militar. Dez deles continuam foragidos, inclusive Deivid Andriel de Mello, filho de Osni Valdenir de Mello, o Sapinho, que já foi considerado um dos principais traficantes da região.
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Apenados foram transferidos. Foto: Rodrigo Ziebell/SSP.
4 – No dia 28 de julho, 27 presos foram transferidos das cadeias gaúchas para penitenciárias federais fora do Estado em uma megaoperação. Os detentos considerados líderes de quadrilhas foram retirados do Rio Grande do Sul com o objetivo de desarticular faccões criminosas. Entre os presos transferidos está o candelariense José Carlos dos Santos, o Seco. Ele, que foi preso em abril de 2006, tem condenação por uma série de ataques a bancos e carros-fortes. Também do Vale do Rio Pardo, o venâncio-airense Cássio Alexandre Ribeiro, conhecido como Vida Loca, ligado à facção Os Manos, foi transferido na operação.
Apreensão de armas foi assunto nacional. Foto:Bruno Pedry.
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5 – A maior apreensão de armas da história do Rio Grande do Sul aconteceu neste ano em Santa Cruz. No dia 27 de outubro, a Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) encontrou um arsenal bélico na casa de um universitário no Bairro Avenida. No loft de Jerônimo Jardim Lopes, estudante de Engenharia Civil, os policiais encontraram armamento de “dar inveja às quadrilhas cariocas”, como avaliou, na época, o delegado regional Luciano Menezes.
Havia no local oito fuzis calibre 556, sete fuzis 762, 20 pistolas 9 milímetros, uma pistola .45, dezenas de carregadores e 7,3 mil munições de vários calibres, pertencentes à facção Os Manos, que domina o tráfico de drogas na cidade. A apreensão foi avaliada em R$ 3 milhões. O jovem, que recebia R$ 10 mil para guardar o material, foi preso e termina o ano no Presídio Regional de Santa Cruz.
Fábrica clandestina foi fechada. Foto: Igor Müller.
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6 – A Polícia Civil de Cachoeira do Sul fechou a que seria uma das principais fábricas clandestinas de cigarros do Sul do Brasil. Ao investigar o suposto assalto a uma fazenda no distrito de Piquiri, distante 38 quilômetros do trevo das BRs 290 e 153, os agentes se depararam com uma complexa operação que falsificava cigarros do Paraguai. A Receita Federal considera que uma organização criminosa possa ter investido até R$ 20 milhões no local.
Estima-se que, se estivesse no mercado formal, a unidade poderia movimentar até R$ 15 milhões mensais. Ela estaria em operação desde abril, com capacidade para produzir 100 mil maços de cigarros por dia. Se o produto fosse comercializado no mercado formal (onde o preço mínimo é de R$ 5,00), a movimentação poderia chegar a R$ 500 mil por dia. No entanto, no mercado ilegal, o valor médio do maço é de R$ 2,80. O avanço das investigações apontou que a fábrica clandestina seria a filial de uma empresa do Paraguai.
7 – A segurança ganhou um reforço importante em Santa Cruz com a inauguração do Centro Integrado de Videomonitoramento, Comando e Controle. Instalado no Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO), na Rua 28 de Outubro, ele possibilita que membros da Brigada Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e da Fiscalização de Trânsito de Santa Cruz acompanhem 24 horas os pontos vigiados por 40 câmeras de segurança.
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Na ocasião, a Associação das Entidades Empresariais (Assemp) entregou à Brigada Militar 80 coletes balísticos nível 3A, em contrapartida ao serviço policial prestado na Oktoberfest deste ano. Durante a inauguração, o secretário de Segurança Pública do Estado, Cezar Schirmer, também entregou o estudo de viabilidade técnica para implantação da unidade do Instituto Geral de Perícias (IGP) no município, confirmando sua instalação. A sede funcionará junto ao Centro Integrado de Segurança Pública e Cidadania, no Bairro Arroio Grande.
Operação Fura-Fila afastou políticos em Vera Cruz. Foto: Ministério Público.
8 – Uma prática criminosa que beneficiava apadrinhados de políticos ligados ao PTB em Vera Cruz foi desarticulada na Operação Fura-Fila, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Saúde, em parceria com a Brigada Militar e a Polícia Civil. O esquema envolvia a priorização do atendimento de alguns pacientes pelo SUS, reduzindo drasticamente o tempo de espera, em comparação aos demais que aguardam pelo mesmo procedimento.
A partir de mandados de busca em Vera Cruz, Santa Cruz do Sul e Santa Maria, a investigação apontou a participação do vice-prefeito de Vera Cruz, Alcindo Francisco Iser (PTB), da secretária municipal de Saúde, Eliana Maria Giehl (PTB), e do secretário do Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Martin Fernando Nyland (PTB), bem como dos vereadores Eduardo Wanilson Martins Viana (PTB), presidente da Câmara, e Marcelo Rodrigues Carvalho (PTB), que foram afastados.
Também foram cumpridas ordens judiciais para suspensão dos assessores parlamentares Gelson Fernandes Moura, Guilherme Matheus Oziemblovski e Anselmo Eli Ferreira Júnior; da assessora da Secretaria de Saúde, Adriane Mueller, e da diretora-geral da Câmara, Ilse Miguelina Borges Riss. O período de afastamento é de 120 dias. Os dois secretários municipais acabaram sendo exonerados.