Um dos corredores logísticos mais importantes do Rio Grande do Sul entrou em um novo capítulo de sua história em 2021. Com forte apoio do setor empresarial e das prefeituras não só do Vale do Rio Pardo mas de toda a Região Central, o governador Eduardo Leite (PSDB) assinou, no dia 20 de julho, o contrato de concessão da RSC-287 com a concessionária Rota de Santa Maria, que integra o grupo Sacyr. A empresa havia vencido o leilão realizado em dezembro de 2020.
É a segunda vez que a estrada, cuja construção iniciou-se em meados da década de 70, passa ao comando da iniciativa privada – esteve por 15 anos sob responsabilidade da antiga Santa Cruz Rodovias até ser assumida pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) em 2013.
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Com a nova gestão, a tarifa de pedágio nas praças de Venâncio Aires e Candelária caiu para R$ 3,70 no dia 31 de agosto. Os primeiros meses após a transição, porém, foram marcados por reclamações de motoristas em razão das longas filas que passaram a se formar, sobretudo na praça de Venâncio. O Ministério Público chegou a cobrar explicações e providências da concessionária, que alegou problemas na migração de sistema e dificuldade dos motoristas na adaptação à nova tarifa, entre outros.
Outra polêmica envolveu a cobrança de pedágio para máquinas agrícolas, que não ocorria até então e gerou muitas queixas, principalmente na região de Candelária. O assunto foi parar na Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa, e a cobrança acabou suspensa por determinação da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs).
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De avião
O dia 4 de agosto ficou marcado como a data do primeiro voo comercial da Azul entre Santa Cruz e Porto Alegre. A tarde fria, nublada e com forte vento não impediu que dezenas de pessoas acompanhassem o momento marcante no Aeroporto Luiz Beck da Silva. A chegada do avião teve direito ao “batismo” feito pelo Corpo de Bombeiros. Além de Santa Cruz do Sul, naquela semana foram inauguradas outras sete novas operações ligando Porto Alegre a municípios do interior.
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Água a caminho da privatização
Em março, o governador Eduardo Leite (PSDB) surpreendeu ao anunciar a intenção de desestatizar a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Surpresa porque, durante a campanha, ele havia se posicionado de forma contrária à privatização.
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O governo atribuiu a decisão ao início da vigência do novo Marco Legal do Saneamento. Uma das metas previstas na nova legislação é a de levar água potável a 99% da população e esgoto tratado a 90% da população até 2033. Isso, segundo alegou Leite, exigiria investimentos de R$ 10 bilhões, o que significa que a Corsan teria de, no mínimo, triplicar os investimentos atuais.
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O primeiro passo foi dado no início de junho, quando a Assembleia aprovou em segundo turno a PEC que retirou a exigência de plebiscito para venda de estatais. Já no fim de agosto, foi aprovado o texto que autoriza a privatização da Corsan.
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A maior polêmica, porém, começou quando a empresa passou a negociar os aditivos contratuais com os municípios. As prefeituras tinham prazo até 16 de dezembro para assinar os aditivos com direito a benefícios, que incluíam uma parcela da receita que será obtida com a venda de ações e um valor adicional. Muitos municípios, porém, consideraram as contrapartidas pouco relevantes e cobraram garantias de que as metas serão cumpridas e não haverá uma escalada tarifária. No Vale do Rio Pardo, governos como o de Santa Cruz do Sul e o de Venâncio Aires optaram por não assinar. Ao final, porém, 74 municípios, que representam 52% do faturamento da empresa, assinaram. O leilão de ações está previsto para fevereiro.
Em Santa Cruz, o governo ainda estuda qual caminho tomará. É possível manter o contrato em vigor com a companhia, lançar uma nova licitação ou partir para a municipalização dos serviços.
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Recorde de casos de dengue
Em abril, Santa Cruz do Sul já registrava 90 casos de dengue, número que aumentou consideravelmente nos meses seguintes. Segundo a Vigilância Sanitária, houve a notificação de 5.017 diagnósticos positivos. A maior parte deles, nos meses de abril e maio. Outros 1.671 testes deram negativo. Além do Senai, os bairros com maior incidência do mosquito foram Arroio Grande, Centro, Santa Vitória, Schulz, Bom Jesus e Ana Nery. Das 11 mortes registradas no Estado em razão da doença, cinco ocorreram em Santa Cruz. Diante disso, forças-tarefa foram organizadas para conscientização e recolhimento de materiais que pudessem servir de criatório para o Aedes aegypti. Houve, inclusive, pulverização com inseticida, por meio de “fumacê” nos pontos de maior infestação.
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Novo destino para o Santuário
Alegando falta de segurança para as moradoras do espaço, a congregação responsável pelo Santuário de Schoenstatt demonstrou interesse em deixar o local ainda em 2018. Em 2020, a capela e a estátua do Padre José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, foram transferidas para o Centro, em uma residência situada na Rua Thomaz Flores, 759. E a polêmica continuou em 2021.
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Entre idas e vindas e resistência por parte dos fiéis, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul obteve autorização da Câmara de Vereadores para assumir a área de quase três hectares por R$ 1,8 milhão. O valor corresponde à indenização à Sociedade Mãe e Rainha pelas edificações erguidas ao longo das últimas quatro décadas. Isso incluía o muro e o prédio onde ficavam os dormitórios e secretaria do santuário, que deve ser convertido em um estabelecimento de ensino. O pagamento foi realizado com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). No local deve ser instalada uma escola de educação infantil. As obras iniciaram-se em novembro, logo após as irmãs entregarem as chaves do complexo. O Santuário existia naquele lugar desde 1977.
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Lago Dourado
Com uma caminhada da prefeita Helena Hermany e secretários, o Lago Dourado foi reaberto oficialmente ao público na manhã de 24 de setembro. Depois de dois anos em obras, o espaço passou a contar com pistas separadas para pedestres e ciclistas, e também teve sua área de estacionamento ampliada.
A segurança do local foi reforçada com sistemas de câmeras de vigilância e rondas. As melhorias foram executadas com recursos da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), previstos no contrato assinado em 2014 com a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, para prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
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Travessa Leopoldina
O asfaltamento da Estrada Travessa Dona Leopoldina ganhou forma em 2021. As obras iniciaram em outubro e representam um avanço em torno da mobilidade na região leste de Santa Cruz do Sul. A nova via vai fazer ligação da RSC-287, em Linha Pinheiral, à região de Linha João Alves. São 2,6 quilômetros de asfalto que devem beneficiar em torno de 3 mil moradores do entorno.
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Boas ações
Em 2021, a comunidade santa-cruzense se uniu em correntes de solidariedade. Campanhas voltadas a auxiliar quem de algum modo teve sua vida impactada pela pandemia foram constantes e trouxeram retorno imediato. Logo no início do ano, quando o município foi atingido por temporais que inundaram ruas e casas, uma campanha mobilizou centenas de pessoas que foram até o Pavilhão 3 do Parque da Oktoberfest levar donativos às famílias atingidas. Em razão da chuvarada, municípios da região, como Vera Cruz, acabaram assinando decretos de emergência. No auge do inverno, as campanhas para coleta de agasalhos voltaram a se repetir ajudando a levar um pouco mais de conforto aos necessitados.
Em outro contexto, nas comemorações da Páscoa, foram promovidas ações por grupos de apoio, poder público e escolas. Diante das restrições impostas pela pandemia, os kits de doces foram entregues no formato drive-thru respeitando as regras de distanciamento. Já no fim do ano, com o avanço da vacinação, as atividades natalinas ocorreram em formato presencial levando alegria e esperança para as comunidades locais.
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E nevou
Se as temperaturas baixas foram um desafio em diferentes sentidos, especialmente na área da saúde e assistência social, o inverno também trouxe cenas impressionantes como a neve que mudou a paisagem em Dom Feliciano, a 158 quilômetros de Santa Cruz do Sul. Mas o frio também trouxe consequências negativas, como os danos à agricultura em diversos municípios.
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Lixo irregular
A Câmara de Vereadores aprovou em agosto um projeto de lei que estabelece uma série de regras às quais profissionais e empresas que atuam no transporte de resíduos terão de se submeter. O projeto apresentado pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul passa a exigir um cadastro prévio junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente a fim de mapear os prestadores, como empresas de jardinagem, de coleta de materiais da construção civil ou autônomos.
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O QUE ESPERAR EM 2022
Obras e investimentos
Em relação à RSC-287, agora a expectativa é pela implantação das três novas praças de pedágio – em Santa Maria, Paraíso do Sul e Tabaí – e pela prometida recuperação da extensão da rodovia. A duplicação só deve começar no terceiro ano de concessão.
O governo do Estado apresentou em junho um pacote de investimentos de R$ 1,3 bilhão para a pavimentação e recuperação de rodovias. Dentro desse montante, estava prevista a liberação de R$ 23 milhões para dar continuidade ao asfaltamento da ERS-403, que liga Rio Pardo a Cachoeira do Sul. No entanto, os trabalhos só devem terminar após 2022.
Ainda foram anunciados recursos para outros pontos da região. Entre eles estão o trecho da RSC-153 de Herveiras a Barros Cassal; a RSC-471 entre Pantano Grande e Coronel Prestes (após Encruzilhada do Sul) e a ERS-347 entre Segredo e Ibarama. Ainda no Centro-Serra, a promessa foi concluir o acesso asfáltico de 5,8 quilômetros entre o município de Lagoa Bonita do Sul e a ERS-400, em Passa Sete.
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Expediente
Texto e pesquisas: Dejair Machado
Textos: Cristiano Silva, Dejair Machado, Iuri Fardin, João Cléber Caramez, Pedro Garcia e Romar Beling
Revisão: Luís Fernando Ferreira
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