Retrospectiva 2021: retorno da Oktoberfest animou a área cultural

No meio artístico e cultural, programações e eventos que eram tradicionais voltaram a ser realizados. Depois de ser cancelada no ano anterior, a 36ª Oktoberfest ocorreu no formato presencial em dois momentos, entre 7 e 12 e de 15 a 17 de outubro. O acesso ao parque foi controlado e somente passaram pelos portões visitantes devidamente vacinados. Ao final, o público foi de 36.589 durante os nove dias. Para o presidente da Assemp, Fábio Costa de Borba, o formato inédito da Oktober fez muito mais do que gerar renda para as pessoas que estavam sem trabalhar em virtude da pandemia, mas também renovou a esperança. “Depois de toda a superação, conseguimos cumprir nosso papel como entidade empresarial. Agora, nossa expectativa é poder realizar a Oktoberfest em 2022 de maneira tradicional”, disse.

Tradicionalismo

Outro evento que figurou na agenda local foi o Festival dos Festivais, entre os dias 13 e 15 de novembro. E nos últimos meses do ano, com a maior parcela da população vacinada e regras mais flexíveis, foi a vez de as festas particulares voltarem com tudo. Casamentos que haviam sido adiados, formaturas e comemorações de aniversário deram novo ânimo para profissionais da área, voltando a movimentar setores estratégicos, como comércio e prestação de serviços.

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Cinema: um drama que teve final feliz

O filme já havia sido visto em 2020, mas entrou em cartaz de novo em 2021: salas fechadas por causa das restrições em virtude da pandemia. Na verdade, foi quase um ano inteiro sem a chance de ir ao cinema. Finalmente, em meados de maio, o Cine Santa Cruz e o Cine Max Shopping reabriram, para alívio da sócia-proprietária de ambos, Cristchie Bechert. E os espectadores puderam prestigiar as estreias do segundo semestre, como Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, campeão de bilheteria. Para completar, no início de dezembro ocorreu o 4º Festival Santa Cruz de Cinema, que homenageou o ator Matheus Nachtergaele e teve Inabitável, de Enock Carvalho e Matheus Farias (PE), como Melhor Filme.

De 2021…

Pelo segundo ano consecutivo, Santa Cruz do Sul e a região, bem como o Estado e todo o País, viveram um contexto fora do normal em seu ambiente cultural e artístico, em virtude da pandemia. O ano de 2020 já experimentara essa interrupção e a frustração por conta do cancelamento e da suspensão de eventos, e 2021 seguiu quase no mesmo modelo. Mas no segundo semestre, aos poucos, as atividades retornaram. A Gazeta convidou quatro lideranças do universo cultural a avaliarem o que fica, como legado e motivo de reflexão, do ano que chega ao final. Entre pontos positivos e outros nem tanto, sobra uma bagagem de experiências para planejar os próximos atos, em todos os palcos, nestes dias que nos remetem de 2021…

…para 2022

É com muita expectativa positiva e com incontida ansiedade que ingressamos em 2022. As mesmas lideranças que fizeram um balanço de 2021 a partir de seus cargos e de suas missões culturais e artísticas, explicitam a sua avaliação de como o novo ano deve ser planejado e organizado. Para todos, fica a convicção de que, após dois anos de um contexto não normal, a cena artística e cultural finalmente viva a pleno em 2022.

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O ano termina…

Roberta Corrêa Pereira – Gerente do Sesc, presidente da 36ª Oktober: “O ano de 2021 foi desafiador e nos impulsionou a sermos mais pacientes e criativos. Mesmo não sendo possível realizar a Feira do Livro presencial em maio, como planejado, conseguimos manter interface muito boa com os professores através dos seminários de formação, online. Fizemos uma Oktoberfest totalmente diferente, em formato inovador e cumprindo protocolos sanitários, com número limitado de participantes, mas com alegria e priorizando empreendedores, artistas e trabalhadores. Terminamos o ano com o 4º Festival Santa Cruz de Cinema em formato híbrido, com foco especial na experiência de assistir aos filmes na tela grande.”

Milton Roberto Keller – Presidente da Associação Pró-Cultura: “Em meio à nova dinâmica social imposta pela pandemia, pessoas se mobilizaram para manter viva a cultura. Aprendemos a conviver respeitando os protocolos e nos ajustamos ao ‘novo normal’. Existe nítido interesse em participar e voltar aos encontros presenciais. A Pró-Cultura desempenha papel importante para manter a educação, a cultura e a arte na cidade. Uma tarefa sistêmica é a de garantir a manutenção da Casa das Artes Regina Simonis, que sofre de patologias constantes e demanda recursos inexistentes para a sua recuperação. Aproveito para convidar que colaborem se associando ou preconizando alternativas de suporte financeiro.”

Marcelo Corá – Secretário de Cultura de Santa Cruz do Sul: “Um ano em três meses: esse seria bom resumo de 2021 se olhássemos só o contato com público. Mas, ao longo do ano, a Secretaria de Cultura de Santa Cruz trabalhou sem plateia para que pudéssemos passar o auge da pandemia de modo a manter ações e intenções culturais. Em 2021 estivemos ao lado da classe artística; conseguimos dar visibilidade à Cultura ao mesmo tempo que nos organizávamos. A presença e o apoio da Secult são muito importantes para atender às necessidades da classe artística, e também das pessoas que têm naquele momento seu bem-estar. A cultura é determinante para gerar reflexão e para nos sustentar no dia a dia.”

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Airton Ortiz – Escritor: “O ano de 2021 só não foi pior para a indústria cultural do que foi 2020. Este foi uma verdadeira tragédia. A indústria cultural foi a primeira a sofrer as consequências da pandemia, e será a última a sair, porque a arte só existe em contato com o público. Em 2021, boas notícias foram a Lei Aldir Blanc, que liberou R$ 155 milhões para o RS; a LIC estadual, administrada pelo Conselho Estadual da Cultura, com R$ 35 milhões para eventos e projetos culturais; e, no segundo semestre, devido ao avanço da vacinação, as atividades culturais puderam retornar. De negativo, a nova lei que regula o Conselho, votada há poucos dias, e que limita a sua autonomia.”

…e começa outra vez

Roberta Corrêa Pereira – Gerente do Sesc, presidente da 36ª Oktober: “Estou muito motivada para o ano que se inicia, quando o Sesc/RS faz mais investimentos em nossa cidade, com uma nova Academia e uma escola de Ensino Fundamental. Pretendemos fazer a Feira do Livro presencial na praça, em maio, e o Festival Santa Cruz de Cinema no final de outubro. Queremos continuar promovendo a arte e a cultura através de suas inúmeras linguagens. Seguimos cumprindo um propósito que eu e toda a equipe Sesc procuramos viver na prática: cuidar, emocionar e fazer as pessoas felizes! Que 2022 seja incrível!”

Milton Roberto Keller – Presidente da Associação Pró-Cultura: “Quando se pensa no futuro, a mente se ilumina. É hora de oportunizar mais encontros artísticos para motivar o interesse em ampliar o conhecimento da comunidade. Parabenizamos o secretário Corá por seu empenho, e somos gratos aos meios de comunicação por divulgarem nosso trabalho e expandirem o acesso à arte e à informação factual a todos. Tenho certeza de que cada um faz o que está ao seu alcance, e o mundo vai ficar ainda melhor quando todos tiverem acesso cotidiano à educação, que desperta interesse pela cultura e promove a arte.”

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Marcelo Corá – Secretário de Cultura de Santa Cruz do Sul: “Para 2022 será determinante criarmos engajamento maior da sociedade civil no apoio às instituições culturais, trabalhar a arte e a cultura em lugares de experimentação, e fazer o intercâmbio e a descentralização dessas ações. Tudo ficará mais vibrante e com mais opções; novos projetos e oportunidades de geração de renda junto à economia criativa serão frequentes. Santa Cruz sairá efervescente no pós-pandemia. Boa analogia seria dizer que em 2021 tivemos um show especial, mas a turnê ficou para 2022. Como a banda Queen canta: o show precisa continuar.”

Airton Ortiz – Escritor: “O Conselho Estadual de Cultura entra em 2022 um pouco menos independente por conta da lei autoritária que o governo do Estado fez aprovar em regime de urgência, e sem qualquer debate. Torcemos para que as atividades presenciais continuem se ampliando. A esperança do novo ano é a Lei Paulo Gustavo, federal, aprovada no Senado e que vai à Câmara. Se passar, R$ 93 milhões virão para o RS. A SEC também vem lançando alguns editais, que deverão começar a pagar em 2022. Esperamos que, com isso, aos poucos a indústria cultural possa se recuperar.”

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Expediente
Texto e pesquisas:
Dejair Machado
Textos: Cristiano Silva, Dejair Machado, Iuri Fardin, João Cléber Caramez, Pedro Garcia e Romar Beling
Revisão: Luís Fernando Ferreira

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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