Retrospectiva 2021: política teve polêmicas e desafios; o que esperar de 2022

O primeiro ano de Helena Hermany (PP) e Elstor Desbessell (PL) à frente da Prefeitura foi marcado por desafios estruturais e pela fase mais aguda da pandemia. Em um de seus primeiros atos públicos como prefeita, ela anunciou a retomada do atendimento 24 horas no Hospitalzinho, no Bairro Santa Vitória. Pouco mais de um mês após a posse, o município foi atingido por duas enxurradas históricas, que desnudaram as carências no sistema de escoamento da zona urbana. Os reparos consumiram as equipes da Prefeitura durante todo o ano e, como resposta, o governo iniciou uma força-tarefa para desobstruir bueiros, além de intervenções em pontos mais sensíveis, como o trevo do 2001.

Ainda em fevereiro, a Covid-19 atingiu o período mais crítico de contaminações e mortes, o que levou à adoção de lockdowns em dois finais de semana consecutivos, o que até então não havia ocorrido em Santa Cruz. Em paralelo, o governo anunciou um pacote de medidas para proteger a economia, incluindo linhas de crédito para pequenos e médios empreendedores, prorrogação de prazos para quitação de IPTU e ISSQN, programa de renegociação de dívidas e auxílios para algumas categorias, incluindo artistas e profissionais e empresas dos setores de turismo e eventos.

Em junho, a prefeita acionou o Ministério Público Federal (MPF) por causa da demora na formalização dos contratos das mais de 400 moradias dos loteamentos Santa Maria e Mãe de Deus. A entrega das casas acabou ocorrendo no dia 6 de agosto, com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

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Já em agosto, o governo voltou a mexer na estrutura administrativa. Após a minirreforma que reduziu de 15 para 13 o número de secretarias municipais no início do ano, Helena transformou a Secretaria Municipal de Comunicação em Secretaria Municipal de Governança e Relações Institucionais, que passou a responder pelo alinhamento estratégico e monitoramento do cumprimento das metas de gestão – uma espécie de “xerife” da administração. Do ponto de vista político, Helena colecionou méritos: teve apenas uma perda no primeiro escalão e, com ampla maioria na Câmara, não registrou derrotas.

Viaduto, duplicação e Centro de Eventos

A largada da gestão de Helena também foi marcada por anúncios de investimentos de peso. Na abertura da Oktoberfest, a prefeita assinou o protocolo de início das obras do Centro de Eventos, um dos projetos mais cobiçados pelo setor empresarial. O complexo de quase 6 mil metros quadrados ficará em uma área subutilizada no Parque da Oktober, conectado com os pavilhões 2 e 3. A estrutura servirá diretamente à Festa da Alegria, que passará a contar com uma área coberta muito maior. O principal objetivo, porém, é colocar o município na rota de outros eventos de grande porte, sobretudo feiras e exposições de negócios, mas também shows e até eventos esportivos. A obra terá início em 2022 e o investimento chegará a R$ 9,8 milhões, com recursos financiados junto ao governo federal.

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Centro de eventos ficará no Parque da Oktober

Outras duas obras muito aguardadas foram lançadas em 2021 e devem começar no próximo ano. Uma delas é a do viaduto do Bairro Arroio Grande, discutido há vários e que deve dar fim a um dos principais gargalos do trânsito local. Outra é a duplicação do trecho urbano da BR-471, estratégica pelas diversas empresas localizadas às margens da rodovia e por se tratar de um corredor por onde passa boa parte da produção fumageira. Ambas integram um pacote de R$ 50 milhões em investimentos em mobilidade urbana anunciado em dezembro e batizado de Mobiliza Santa Cruz.

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Piscinas e calçadão: as pedras no sapato

Dois projetos iniciados ainda durante a gestão de Telmo Kirst (PSD) causaram dor de cabeça ao novo governo. O principal deles foi a ampliação do calçadão da Rua Marechal Floriano. Concebida para dar cara nova ao principal cartão-postal da zona urbana, a obra começou em 2020 e chegou a 2021 com o cronograma atrasado e causando incômodos aos comerciantes. Ainda em janeiro, o governo rescindiu o contrato com a empresa que havia sido licitada e anunciou intenção de lançar uma nova concorrência. Problemas burocráticos, porém, fizeram com que os trabalhos fossem retomados só em agosto e os prazos projetados novamente não fossem cumpridos. O ano terminou com apenas uma das três quadras encaminhadas e novas queixas de empresários.

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Em abril, Helena também decidiu suspender a implantação do polêmico complexo de piscinas comunitárias do Bairro Bom Jesus. O projeto foi alvo de contestações desde o início, já que nem sequer tinha apoio da maioria dos moradores do bairro. Com a decisão, as oito piscinas que haviam sido instaladas foram devolvidas à Associação de Entidades Empresariais (Assemp) e o espaço, na Rua Marcílio Dias, será transformado em um centro esportivo.

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Acordo histórico na Câmara

Além de uma renovação sem precedentes e do ingresso de lideranças jovens, o Legislativo santa-cruzense iniciou com um inédito acordo que prevê um rodízio entre as maiores bancadas na presidência. Na eleição ocorrida logo após a posse, em 1º de janeiro, Ilário Keller (PP) obteve quase a unanimidade de votos – apenas Alberto Heck (PT) se absteve.

O mesmo acordo levou à eleição, em dezembro, de Rodrigo Rabuske (PTB), que irá presidir o parlamento municipal em 2022. Integrante da oposição ao governo Helena, Rabuske foi o primeiro vereador, pelo menos desde a década de 1980, eleito por unanimidade.

Entre os projetos de maior impacto aprovados, estão o que instituiu o uniforme da rede municipal de ensino; o que ampliou a política de incentivos a empresas; o que autorizou o subsídio tarifário ao transporte urbano; o que permitiu o acordo em torno do Santuário de Schoenstatt e o que modificou a lei dos aplicativos de transporte. 

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Dois temas foram marcantes na pauta da Câmara. Um deles foi a defesa dos direitos da mulher: um dos projetos aprovados foi o que institui instrumento de proteção em restaurantes. Outro assunto foi a transparência, como a lei que prevê a divulgação das pessoas vacinadas contra a Covid-19.

Rodrigo Rabuske foi eleito neste mês

Denúncias e quase cassação

Embora sem repetir as grandes crises dos últimos anos, a Câmara de Santa Cruz do Sul não escapou de polêmicas em 2021. A principal delas foi no fim de maio, quando um discurso feito pelo vereador Alberto Heck (PT) durante uma manifestação contra o governo federal levou a um pedido de cassação contra ele, protocolado por três apoiadores de Jair Bolsonaro no município. Na ocasião, Heck chamou de “teatro” o atentado à faca sofrido pelo presidente em 2018. “Se não fosse um teatro, mal ensaiado por sinal, nós só teríamos que dizer: ‘Adélio, seu imbecil por ter errado’. Nós poderíamos estar livres desse mal”, disse. Os vereadores, porém, rejeitaram por ampla maioria a abertura do processo de perda do mandato.

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O ano ainda teve dois novos desdobramentos da Operação Feudalismo, do Ministério Público, que se iniciou em 2019 e levou à prisão de Paulo Lersch em 2019 e à cassação de Alceu Crestani, Elo Schneiders e André Scheibler em 2020. Em julho, o MP denunciou a ex-vereadora Solange Finger (PSD), por supostamente se apropriar de mais de R$ 180 mil em salários de ex-servidores em um esquema de “rachadinha”.

Já em setembro, Paulo Lersch foi denunciado pela segunda vez. Além de novos casos de “rachadinha”, ele passou a responder por lavagem de dinheiro, por supostamente utilizar valores captados de servidores para criar uma empresa de transportes. Os casos ainda tramitam na Justiça.

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Eduardo Leite fora da disputa presidencial

Após uma disputa fratricida na qual chegou a ser apontado como favorito em pesquisas, o governador gaúcho Eduardo Leite perdeu a indicação para concorrer à Presidência da República em 2022. Leite concorreu contra o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

A campanha foi marcada por trocas de acusações e denúncias entre Leite e Doria. As prévias começaram no dia 21 de novembro, mas acabaram suspensas devido a um problema no aplicativo utilizado para registro de votos. Uma semana depois, o processo foi retomado e o resultado foi de 54,99% dos votos para Doria e 44,66% para Leite.

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Voto impresso e CPI

No centro do poder, os embates foram constantes ao longo do ano. Um dos assuntos que polarizaram discussões foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. Defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, a mudança motivou manifestações a favor e contra nas ruas, inclusive em Santa Cruz do Sul. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reforçou as campanhas acerca da credibilidade do sistema de votação eletrônica. Em agosto, a PEC foi a votação na Câmara dos Deputados e acabou arquivada. Para ter andamento, a matéria precisava de, no mínimo, 308 votos. Porém, o texto elaborado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) teve apoio de 229 parlamentares.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado foi finalizada em outubro, mês em que o Brasil atingiu a marca de 600 mil mortes. O documento final, elaborado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), continha 1.299 páginas e pedia o indiciamento de 78 pessoas, inclusive o presidente da República. Em 2022 devem ocorrer desdobramentos do caso, mas analistas apontam que as chances de punição são pequenas. No entanto, a imagem política pode ser a mais afetada.

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O presidente Jair Bolsonaro recebe o presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez, em cerimônia oficial de chegada, às 10h, no Palácio do Planalto

O QUE ESPERAR EM 2022

Um ano intenso na política

O presidente Jair Bolsonaro começou 2021 como líder nas pesquisas eleitorais, mas viu os números mudarem após o Supremo Tribunal Federal anular, em abril, processos que tornaram Luiz Inácio Lula da Silva inelegível. Pesquisas recentes mostram Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro de Bolsonaro, que se filiou ao Podemos em novembro, na terceira posição à frente de Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Simone Tebet (MDB).

Para a cientista política e social Elis Radmann, embora a polarização entre Lula e Bolsonaro seja uma tendência, ainda não há uma certeza e o cenário pode mudar, embalado por uma terceira via competitiva e pela rejeição aos dois protagonistas da disputa. Fundadora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), Elis disse em entrevista à Gazeta do Sul que parte significativa do apoio a Lula e Bolsonaro, evidenciado nos levantamentos de intenção de voto que os colocam na dianteira da disputa, envolve votos de negação – ou seja, de eleitores que só pretendem votar em um deles para evitar a vitória do outro.

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No Rio Grande do Sul, o cenário ainda vem se desenhando. A única certeza é que o atual governador não vai buscar a reeleição. Entre os nomes em alta para concorrer ao Piratini estão o deputado estadual Edgar Pretto (PT) e o ministro do Trabalho e Previdência Social, Onix Lorenzoni (DEM). Também figuram na lista de pré-candidatos o senador Luis Carlos Heinze (PP), Pedro Ruas (PSOL), o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e o deputado federal Alceu Moreira (MDB).

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Expediente
Texto e pesquisas:
Dejair Machado
Textos: Cristiano Silva, Dejair Machado, Iuri Fardin, João Cléber Caramez, Pedro Garcia e Romar Beling
Revisão: Luís Fernando Ferreira

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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