Retrospectiva 2021: a força que vem das lavouras, alta nos preços e perspectivas

O tabaco, carro-chefe da economia regional, encerra o ano com estimativa de atingir uma produção de 569.539 toneladas, nos três estados do Sul do Brasil, conforme a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). No Rio Grande do Sul, aponta-se produção de 265.610 toneladas e uma área de 114.058 hectares, com produtividade de 2.329 quilos por hectare. A safra conta com 67.644 famílias produtoras. Em meio a isso, nos últimos dias, ocorreram as negociações relacionadas à comercialização da safra, que acabaram sem acordo.

As perspectivas em torno das exportações indicaram crescimento. O monitoramento realizado pelo setor aponta que a projeção de aumento de 2% a 6%, tanto em toneladas quanto em dólares em relação aos números do ano passado, deve se confirmar.

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COP deixa o setor de tabaco em alerta

No início de novembro, as atenções da cadeia produtiva do tabaco se voltaram para a nona sessão da Conferência das Partes (COP 9), que estava marcada para 2020 e foi adiada por causa da pandemia. O evento, que reúne a cada dois anos os países que integram a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, ocorreu de forma virtual e, mais uma vez, sem acesso de representantes dos fumicultores ou indústrias.

Com a maioria das deliberações adiada para a próxima sessão, que será em 2023 no Panamá, a conferência não resultou, ao contrário de edições anteriores, em medidas hostis à cadeia. A decisão de maior impacto foi a criação de um fundo de US$ 50 milhões para financiar ações de controle do tabagismo.

Por outro lado, os posicionamentos de alguns países, incluindo o Brasil, revelaram resistência em relação à regulamentação dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). Na sequência da COP, ocorreu a segunda reunião das partes do Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco (MOP 2), que teve como principal resultado a aprovação da criação de uma plataforma global voltada à repressão do contrabando.

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Preços nas alturas

Em 2021, os brasileiros acompanharam a disparada de preços. A gasolina bateu a casa dos R$ 7,00 em Santa Cruz do Sul – em janeiro custava R$ 4,799. Já a carne de gado acumulava, em junho, uma alta de 40% segundo o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nespro/Ufrgs). Entre os cortes que mais subiram estiveram os destinados ao preparo do churrasco ou grelhados. O motivo apontado para o aumento foi a alta demanda do mercado chinês, que passou a importar mais, reduzindo a oferta, associada ao maior custo com insumos para o gado. Até mesmo o café disparou, atingindo uma das maiores cotações dos últimos tempos. 

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Como consequência, os hábitos de consumo mudaram. Frango, suíno, produtos secundários como mondongo, e ovos conquistaram espaço na mesa das famílias, que buscaram alternativas para economizar. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que em 2021 o consumo de carne seria o menor no Brasil desde 1996.

Em obras

Dados divulgados pela Prefeitura em outubro mostraram que o setor da construção civil manteve seu ritmo. Até então, haviam sido emitidos 858 alvarás de construção. Só de Habite-se foram 550 autorizações. Como forma de agilizar os processos, a Secretaria de Planejamento e Orçamento quer avançar em torno da digitalização para reduzir ainda mais o tempo de espera. Entre as obras que se destacaram nos levantamentos estão as residenciais e também edifícios na região central.

Empreendimentos de grande porte, como condomínios e loteamentos também seguiram em alta acompanhando uma mudança no perfil das famílias, que passaram a buscar o espaço e a comodidade das casas. Grandes prédios com apartamentos e estrutura diferenciada passaram a aparecer na paisagem de Santa Cruz do Sul, demonstrando que o setor segue aquecido movimentando áreas como o comércio e a prestação de serviços. 

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Consumo

R$ 4,3 bilhões foi o potencial de consumo apurado pelo IPC Maps para Santa Cruz do Sul em 2021, um crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior. A pesquisa mostrou ainda que o santa-cruzense recuperou sua capacidade de compras e investimentos.

O QUE ESPERAR EM 2022

No agronegócio, tempos de inquietação

Depois de um 2020 com os efeitos da pandemia e ainda de forte estiagem, o agronegócio gaúcho teve safra bem melhor em quase todas as culturas em 2021, mas começou a se ressentir dos reflexos tardios da interrupção nas atividades produtivas e industriais, na forma de aumento de gastos e problemas logísticos. No entanto, o ciclo 2021/22, cujo ano-safra se iniciou em julho, vivencia nova estiagem neste verão, cujo alcance e dimensão ainda não podem ser plenamente calculados, e custos de produção absurdamente elevados. Essa é a leitura que faz o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.

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Para ele, este cenário projeta tensão e inquietação para o agro gaúcho e brasileiro em 2022. O Índice de Inflação nos Custos de Produção (IICP), medido a cada mês, em 12 anos de levantamento nunca apresentou acumulado em 12 meses como o de novembro, na faixa de 45%. “O impacto disso sobre a cadeia produtiva é imenso”, adverte. “Imagina vender a colheita e pagar insumo para a nova safra com um aumento desses.” Por tudo isso, em seu entender, a formação da nova safra, a 2022/23, tende a apresentar enormes desafios.

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Expediente
Texto e pesquisas:
Dejair Machado
Textos: Cristiano Silva, Dejair Machado, Iuri Fardin, João Cléber Caramez, Pedro Garcia e Romar Beling
Revisão: Luís Fernando Ferreira

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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