“Pecador, agora é tempo de pesar e de temor, serve a Deus, despreza o mundo já não sejas pecador”.
Muitas vezes ouvi, quando era coroinha na Catedral de Santa Cruz do Sul, o coral regido pelo irmão Ludovico, se não me falha a memória. Me deu uma baita nostalgia porque participei de vários retiros. Geralmente eram três dias em completo silêncio, comida frugal e muita meditação.
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Foi ali que, mal ou bem, aprendi a amar o silêncio, a paz, a serenidade e adquiri um certo preconceito contra gente espaçosa, risonha demais. Também me aborrecem as aglomerações, as falas em alta voz, os gritos. É viajando que a gente começa a ver que se pode ser alegre sem ser ruidoso e inconveniente, que se pode rir sem precisar beber, que é um bálsamo ouvir “com licença”, “ desculpe”, “por favor”. Em quase todos os países frios é assim. O frio induz ao estudo, ao trabalho, à beleza transcendental.
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Uma das minhas filhas, a juíza de Direito Milene Gessinger, mãe de dois guris, se mirou no meu gosto por retiros. Desde guri gosto de ficar em silêncio no dia da Paixão de Cristo. Milene também se afasta para a casa da praia e lá fica em seu retiro. Os meninos e o marido ficam em casa. Diz ela: “Trouxe o ukulele para tocar, a prancha, o pirógrafo, comprei suprimentos e escolho na hora a programação do dia. Procuro a melhor praia para a condição do vento e ondulação”.
Quando mais jovem, ela ia para a nossa fazenda, embrenhava-se no mato, em companhia de um cusco, abria uma barraca e lá ficava. Nem muitos lembram, mas incrivelmente houve uma época em que as mulheres não tinham acesso à magistratura. A minha turma de concursados para juiz de direito foi a última constituída só de homens (1971).
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Em seguida, houve uma mudança feliz e as mulheres começaram a passar, aos poucos, nos concursos.
Tive a graça de minha filha Milene ter sido aprovada no Direito da Ufrgs. Preparou-se muito e foi aprovada no concurso para a magistratura gaúcha.
Mudando de assunto. Esses dias vi o filme Os Dois Papas. Muito bem feito. Convenci-me de que não tardará e as mulheres poderão exercer o sacerdócio católico. Eu sou egresso de uma família muito católica, vinda da Alemanha, no povoado de Rachtig, no Rio Mosel.
Aqui no Brasil tivemos muitos sacerdotes, entre os quais meu tio Afonso Gessinger, que usava o codinome de Afonso de Santa Cruz. Faleceu recentemente e está no cemitério dos Jesuítas de São Leopoldo. Me confidenciou, no dia do batismo do meu filho Rudolf, que era inevitável que as mulheres fossem sacerdotisas um dia. Quem viver, verá.
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