Fazendo jus à máxima de que em política nada é certo até ir para o papel, o cenário eleitoral em Santa Cruz, faltando menos de uma semana para o período de convenções, ainda guarda várias incertezas. Com nada menos que seis pré-candidaturas a prefeito no tabuleiro, diversas definições, sobretudo quanto à composição da chapa, vão ficar para os momentos finais. E muitos não descartam a possibilidade de reviravoltas nos próximos dias, quando as articulações vão se intensificar à última potência.
As últimas semanas já têm sido de conversas cada vez mais frequentes – e nervosas. Dentre as frentes que cobiçam o Palacinho, a única que já carimbou o passe para a eleição foi o PSTU, que fez convenção na quinta-feira, confirmando a indicação de Afonso Schwengber. As demais aguardarão até o fim do prazo legal – que é dia 5. O PSB, que lançará Fabiano Dupont, e o PT, que lançará Gerri Machado, adotaram estratégias semelhantes: têm grupos formados, mas mantêm os postos de vice em aberto, na expectativa de algum novo apoio. Já o PTB deu um passo decisivo nessa sexta-feira, com a confirmação de que o ex-secretário João Miguel Wenzel será vice de Sérgio Moraes.
As principais dúvidas envolvem o grupo da situação. O PP quer repetir a chapa Telmo Kirst-Helena Hermany, mas prioriza nesse momento os esforços para trazer de volta o PMDB e o PSDB – que, por sua vez, tentam alinhar os interesses e resolver divergências para viabilizar o projeto da nova via.
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PP ainda tenta retomar grupo
Embora internamente esteja decidido que repetir a dobradinha Telmo Kirst-Helena Hermany é o que garante o melhor cenário para o grupo da situação, o PP vem empenhando esforços para recompor o grupo vitorioso da eleição de 2012 – o que, na prática, significa trazer de volta o PMDB e o PSDB. Para isso, tem sinalizado até com a possibilidade de alterar essa composição, possibilidade da qual muitos duvidam. “Vamos trabalhar pela retomada total do grupo e tudo é possível até o dia da convenção”, diz o presidente dos progressistas, Henrique Hermany. O argumento é de que a divisão só beneficiaria a oposição. Enquanto prioriza as negociações com tucanos e peemedebistas, o PP conta com os apoios do SD, PPS, PV e PRB. A tendência é que o PDT também permaneça no grupo. Já o DEM está dividido. Se for para a campanha, o que é provável, Telmo buscará exaltar avanços de seu governo e apostará em comparações com gestões anteriores, lideradas pelo PTB. Do grupo deve sair mais de uma coligação para a Câmara.
PTB não mexe mais na chapa
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A confirmação feita pelo deputado federal Sérgio Moraes de que o ex-secretário João Miguel Wenzel será seu vice sepultou as dúvidas que alguns ainda mantinham sobre suas pretensões de concorrer a prefeito. Embora afirme que não está fechado a um eventual novo apoio, garante que na composição da chapa não se mexe mais – o que deve afastar o interesse de siglas maiores. Sérgio tem hoje em seu grupo três partidos pequenos – PSD, PR e PTdoB – e assegura que não está à procura de outros. “Não liguei e não vou ligar para ninguém. Se alguém quiser vir, podemos conversar, mas não tem espaço mais para vice e não negocio cargos. Tem que entrar com essa mentalidade”, sentenciou. Robustecido na eleição de 2014, Sérgio vai para a disputa com uma nominata forte de vereadores e preparado para atacar pontos sensíveis do governo Telmo, como o saneamento pós-assinatura do contrato com a Corsan. Do grupo, deve sair uma única coligação para a disputa pela Câmara. PR e PTdoB não terão candidatos a vereador.
PSDB e PMDB são incógnita
A maior incógnita da reta final do período pré-eleitoral envolve a frente liderada pelo PMDB e PSDB, já que o PP vem fazendo investidas para atraí-los de volta à base de apoio do prefeito Telmo Kirst. Dirigentes garantem que o plano de lançar uma nova via continua, mas as legendas ainda têm pendências nas negociações, sobretudo quanto à coligação para a Câmara e quanto à composição da chapa majoritária – Alex Knak e César Cechinato são os nomes indicados, mas ainda não se sabe quem será cabeça e quem será vice. O presidente do PSDB, Paulo Jucá, considera improvável o grupo retornar à base de Telmo. “Só com um terremoto. Há uma rejeição grande a essa ideia e as nossas demandas dificilmente seriam atendidas”, disse. Na prática, a preferência do PP pela chapa pura é o principal impedimento para o reatamento, além da aposta no desgaste da histórica polarização entre PP e PTB. Por outro lado, até integrantes do grupo ponderam se manter a chapa, ao invés de priorizar a Câmara, seria a melhor estratégia. Novas reuniões devem ocorrer nesse fim de semana.
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PSB mantém vaga de vice aberta
O PSB, que lançará Fabiano Dupont a prefeito e já arregimentou sete pequenos partidos (PHS, PSL, PTN, PMN, PSC, PEN e PCdoB), também adotou a estratégia de manter aberta a vaga de vice até a convenção, deixando o caminho livre para algum eventual novo apoio. “Não vejo muita possibilidade, mas vou deixar a porta aberta até o último minuto”, disse. Se a composição da frente não se alterar, o vice deve vir do próprio PSB. Entre os nomes cotados estão o de Seli Flesch e Denila Schuch. Parte do grupo entende, no entanto, que Seli deve ser preservada para a disputa pela Câmara – Denila não tem pretensões de concorrer a vereadora. Outro nome que passou a ser estudado nos últimos dias foi o do tenente-coronel Ordeli Savedra Gomes, que concorreu a deputado estadual em 2014. Na campanha, Fabiano, que terá o apoio de ouro do deputado federal Heitor Schuch (PSB), deve procurar se apresentar como alternativa às frentes tradicionais. Para a Câmara, os partidos pretendem se unir em uma única coligação.
PT não descarta novos apoios
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Indicado pelo PT para concorrer a prefeito, o ex-secretário do PAC Gerri Machado garante que sua candidatura é irreversível. Até agora, o único apoio fechado é o da recém-criada Rede Sustentabilidade. Por estratégia, a decisão foi de aguardar até a convenção para escolher o vice e, assim, não se fechar a uma eventual aliança de última hora. “Temos nomes, mas deixamos em stand-by”, disse.
Se restar ao próprio PT nomear o vice, os mais cotados são os vereadores Rejane Henn e Alberto Heck ou ainda o advogado Doralino Rosa. Os três, porém, são nomes com potencial para somar votos importantes na disputa pela Câmara. Atualmente, os petistas têm a maior bancada do Legislativo e a tendência, após quatro anos na oposição, é encontrarem dificuldade de manter a representatividade. Diante disso, alguma outra opção pode surgir na reta final. Na campanha, Gerri buscará exaltar seu desempenho como secretário e resgatar o eleitorado “de raiz” de seu partido. PT e Rede também devem se aliar na disputa pela Câmara.
PSTU já está na pista
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Até agora, o PSTU foi o único que formalizou, em convenção, uma chapa para disputar a Prefeitura. O indicado foi o ex-vereador Afonso Schwengber, conhecido por sua atuação no Sindicato dos Comerciários, que dividirá a frente com o também sindicalista Alexandre Haas.
Schwengber, que já concorreu a prefeito em 2008, deve fazer uma campanha com foco na crítica aos políticos convencionais e à defesa de uma agenda voltada aos trabalhadores, às minorias e à ampliação da participação popular no poder público. Buscará se firmar como representante da esquerda tradicional, tomando carona no desgaste do PT, e igualar os adversários. A dupla vai para a corrida eleitoral sem coligação e o PSTU terá apenas uma candidata a vereadora.