A lista de aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi divulgada na última terça-feira, 22, trazendo felicidade para alguns estudantes que aguardavam ansiosamente a resposta para anos de estudos. Em 2022, porém, o sabor de conquistar a aprovação em uma universidade pública foi diferente. Isso porque jovens que concluíram o Ensino Médio em 2021 tiveram que conviver, por quase dois anos, com um ensino completamente modificado em razão das restrições da pandemia.
Os estudantes de Santa Cruz do Sul, Júlia Rafaela Zimmermann e Felipe Müller Bitencourt, ambos de 18 anos, já aguardam com expectativa o início de uma vida mais independente, de muita responsabilidade e de saudades da família. Felipe foi aprovado em terceiro lugar para cursar Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e ficou em primeiro na PUC. Escolheu a Federal. Em breve, ele se mudará para a Capital gaúcha, o que considera um novo começo e um marco em sua vida.
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“Vejo como uma janela para o mundo, um primeiro passo para atingir os diversos outros sonhos que tenho, para me tornar independente e, acima de tudo, ser feliz”, comenta o jovem. “Vejo o curso como uma oportunidade de finalmente poder dirigir minhas atenções àquilo que realmente gosto e que por vezes fica em segundo plano no período escolar: as ciências humanas e a leitura.”
Júlia, por sua vez, foi aprovada para o curso de Agronomia em sete universidades: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Ufrgs, Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal de Lavras (UFL). Ela terá que lidar com mais força com a saudade, já que optou pela UFV, em Minas Gerais. “Foi uma escolha muito difícil, principalmente pela distância e por ficar longe dos meus familiares. Mas tendo em vista a qualidade dessa universidade e como ela está colocada no ranking para o meu curso, é a melhor opção.”
Júlia diz estar animada para o início do novo ciclo, que envolve a responsabilidade de morar sozinha e longe dos pais. “Mal posso esperar para estar realmente em uma sala universitária, ter práticas e aprender tudo o que a universidade possa me oferecer. Estou entusiasmada em ter aulas com pessoas que se interessam pelas mesmas coisas que eu e que possam acrescentar na minha formação acadêmica.”
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Para Felipe, que concluiu o Ensino Médio em 2021, o período de pandemia impôs obstáculos, mas ele ressalta que teve o privilégio de estar acompanhado de educadores que foram base para o aprendizado e o amadurecimento – uma realidade que, como ele sabe, não foi de todos os estudantes nos últimos dois anos. “Foi um período desafiador, uma vez que, com a educação a distância, ter disciplina foi mais necessário do que nunca. O ensino online flexibiliza horários, permitindo mais autonomia ao estudante, mas isso facilmente pode se tornar uma armadilha, visto que a decisão entre o estudo e o lazer está inteiramente na mão do aluno, dificultando o foco e a concentração.”
Júlia também destaca que teve todo o apoio dos professores. Ela terminou o terceiro ano no fim de 2021. “As aulas remotas começaram quando eu estava no segundo ano do Ensino Médio. Senti muito esse impacto, pois era principalmente o período em que eu estava pensando sobre meu futuro.” Além disso, conforme Júlia, no último ano ela precisou conciliar as atividades escolares com os estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Essa rotina foi muito exaustiva, mas o fato do meu colégio ter liberado a escolha de ir ou não para o presencial me auxiliou nesse momento, pois consegui inserir esses novos espaços de estudo no meu dia sem prejudicar o desempenho escolar.”
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Muito ansiosa desde novembro, quando fez a prova do Enem, Júlia não sabia se havia ido bem ou não. “Foi assim até o dia 9 de fevereiro, quando recebi os resultados e calculei minha nota. Foi um alívio e uma felicidade imensa, pois sabia que conseguiria a aprovação no curso que eu queria. E, para ser sincera, fui muito melhor do que esperava”, revela. “Não consigo nem explicar o que senti quando vi meu nome na lista dos aprovados. Foi um sentimento de que tudo valeu a pena e deu certo no final.”
Júlia conta que a família estava mais tensa do que ela. “Todos sabiam o quanto era importante para mim e o quanto eu me esforcei para que o resultado fosse positivo. No dia 22, quando a lista dos aprovados foi liberada, teve flores, jantar especial e muita comemoração. Afinal, sou a primeira da família a entrar em uma federal.”
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Felipe tentou manter a calma e levar tudo da forma mais natural possível. “Desde que sentei para fazer a prova, me distanciei da ideia de resultado. Penso que imaginar que cada questão certa ou errada possa ter um grande impacto na aprovação ou reprovação é o suficiente para enlouquecer qualquer um.” Ele relata que a família, quando soube das aprovações, ficou radiante. “Recebi muitas felicitações e chamadas para me parabenizar. Momentos felizes que guardarei.”
Começou nessa semana o período de matrículas da primeira chamada do Sisu relativo ao primeiro semestre. Os estudantes aprovados deverão comparecer às instituições de ensino em que foram concedidas as vagas para se inscreverem. O prazo de matrícula se encerra em 8 de março.
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O Sisu é o processo seletivo pelo qual estudantes concorrem a vagas de instituições públicas de ensino superior a partir da nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta primeira edição de 2022 do programa, são oferecidas 221.790 vagas para ingresso em instituições públicas de ensino superior, sendo que mais de 84,5% das vagas foram para as instituições federais (universidades e institutos).
As vagas disponibilizadas foram para 6.146 cursos de graduação, em 125 instituições públicas de Ensino Superior. Caso não tenha sido aprovado, o aluno pode se inscrever, a partir de hoje, na lista de espera. O prazo é até o dia 8 de março e o resultado da segunda chamada será divulgado no dia 10 de março, no site do Sisu (www.sisu.mec.gov.br).
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