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Falando em dinheiro

Francisco Teloeken: “Resoluções financeiras de Ano Novo”

Em toda a passagem de ano, é comum que as pessoas façam, por mais superficial que seja, um balanço do ano  que passou e tracem  objetivos e  metas para o ano que está iniciando. Seja cuidar mais da saúde, da família, viajar, reclamar menos e agradecer mais, organizar as finanças. Enfim, a lista pode incluir itens em todas as áreas da vida: familiar, profissional, física, social, espiritual e, é claro, financeira. Estudo realizado, há três anos, por uma  startup que oferece  apoio para  o planejamento e conquista de metas, listou os objetivos genéricos mais desejados pelos brasileiros:  guardar dinheiro – 50,75%;  buscar novos conhecimentos – 35,85%;  cuidar da saúde – 30,90%; evoluir na carreira – 26,7%;  adquirir bens – 20,80%; viajar – 6,99%; abrir o próprio negócio – 5,81%. Enquanto os fogos  pipocam no céu, várias promessas são feitas.  Mas, geralmente não passam de velhas novas promessas para o ano novo.

Para o psicólogo Victor Dalla Nora Araújo, na maioria das vezes, as pessoas fazem “resoluções de ano novo”, mesmo que não cumpram, porque isso faz parte das convenções sociais. Diz o psicólogo que “muitas vezes, elas estipulam algumas metas para se sentirem inseridas, pertencentes, mas será que realmente querem aquilo?” 

É difícil definir exatamente quando começou a tradição de fazer resoluções de Ano Novo. Há referências que remontam a séculos atrás – aos babilônios,  à China antiga e, mais recentemente, nos anos 1860, quando a prática de estabelecer objetivos em uma data específica do calendário já era comum.

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Racionalmente falando, o dia 1 de janeiro não deveria ser melhor que nenhum outro dia do ano para fazer uma mudança de vida. Qual seria então o motivo desse costume? De acordo com pesquisadores, isso ajuda a criar distância psicológica dos fracassos do passado, fazendo com que a pessoa sinta que eventuais erros são o “antigo você” e agora você fará melhor.  Mas, as pessoas não são propensas a definir novos objetivos apenas no Ano Novo, embora esse seja um ponto de partida muito atraente, em comparação com outros eventos, como o casamento, o nascimento do primeiro filho, um novo emprego, depois das férias, etc.

Alguns especialistas sugerem que não se deveria fazer resoluções na passagem  de ano, justamente por serem mais difíceis de serem cumpridas. Prometer, por exemplo, gastar menos dinheiro quando se sabe que  as contas de início de ano geralmente são maiores ou, então, beber menos, quando não faltam motivos para ingerir bebidas e as festas se sucedem.       

De qualquer maneira, é hora de aproveitar os dias mais tranquilos, durante os meses de janeiro e fevereiro, e, antes que se percam no esquecimento, recuperar aquelas promessas de início de ano. Com papel e caneta, planilha ou algum app, listar tudo o que se deseja fazer e alcançar  em curto prazo (até um ano), em médio (até dez anos) e em longo prazo (mais de dez anos).

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Especificamente na área das finanças, com conhecimentos em educação financeira e, principalmente, com a mudança do modelo mental que prevê novas atitudes para lidar com o dinheiro,  é possível ajustar a vida financeira ao real padrão de vida pessoal ou familiar.  Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e PhD em educação financeira, além autor de livros e outras atividades, sugere quatro passos:

1º) praticar o desapego: importante mesmo é a saúde, a família, a prosperidade; preparar um orçamento para o primeiro mês do ano e projetá-lo para os 11 meses restantes;

2º) analisar os números: é possível faltar dinheiro, principalmente com a fatura do cartão de crédito, “engordada” com os gastos de fim de ano, e despesas extras que estão por vir – IPTU, IPVA, material escolar; é o momento de enfrentar a realidade, o que pode exigir a redução de excessos, substituição de itens e eliminação de desperdícios (sempre existem);

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3º)  conversar com a família: embora utilize algumas técnicas – cotação de preços, elaboração de orçamento, alguns cálculos, etc – a educação financeira é, essencialmente, uma ciência humana que requer diálogo, com a participação e conscientização da família – quais os desejos e sonhos de cada um, quanto custam, em quanto tempo para realizar, fonte de dinheiro;

4º) iniciar uma reserva financeira: a falta de reserva financeira agrava a ocorrência de crises financeiras pelas quais passam, periodicamente, as pessoas ou famílias, em decorrência de problemas particulares ou de eventos alheios, como uma demissão, uma enchente,etc.; há uma expressão que diz que “quando a maré baixa é que se vê quem está nu”, quer dizer, quando aparece uma crise, quem está sem reserva financeira – está nu – é quem sofre mais.  

Objetivos  e metas decorrem de sonhos que devemos ter. Sonhos nos fazem levantar todos os dias, ir trabalhar, fazer cursos, querer melhorar de vida, etc. Mas, na virada do ano, não adianta só usar  cueca ou calcinha amarela para ter mais prosperidade, se gasta tudo e mais  um pouco; guardar semente de romã na carteira, se  não consegue poupar; ou pular sete ondas do mar se não corta  gastos desnecessários ou desperdícios. Listinhas de metas de início de ano, inclusive as financeiras, na prática, não funcionam porque, geralmente, não são pensadas nem planejadas. É preciso sair da zona de conforto, quebrar hábitos.

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Muitos problemas financeiros ocorrem simplesmente pelo fato de as pessoas repetirem hábitos prejudiciais quando se trata de dinheiro: não elaborar e acompanhar um orçamento pessoal ou familiar, comprar por impulso, não definir objetivos financeiros, não poupar, não planejar seus investimentos, etc. são alguns deles.

O sucesso financeiro não depende do quanto se ganha, mas de como se lida com o que se ganha. Esse é um hábito que pode ser aprendido.  Pode não ser necessariamente fácil, nem rápido, nem sempre simples.

Próspero e  feliz Ano  Novo de 2025

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