Ainda que se diga que santo de casa não faz milagre, por vezes algo assemelhado acontece. Ver, por exemplo, sua obra lembrada e reconhecida na própria aldeia, no lugar de sua origem e na terra fértil da educação, reveste-se mesmo de um sentido transcendental e inusual. Observar que sua mensagem, que fala de resgatar e valorizar o passado, calou fundo nos jovens deflagra esse mesmo sentimento de se operar algo mais forte, numa esfera superior.
Foi nessa atmosfera que me envolvi ao participar do Projeto Autor Presente no Colégio Estadual Monte Alverne, na semana passada, após estudo realizado pelos alunos (do sexto ao nono ano) sobre os livros que escrevi e que falam muito dessa minha terra natal. Foi emocionante ver que eles entraram de cabeça e coração nas histórias das publicações, ao apresentar encenações, danças, maquetes e músicas sobre os casos contados em Carl & Ciss – Crônicas da Colônia Alemã – Homenagem aos 170 anos de imigração germânica em Santa Cruz do Sul, e a saga da família protagonista de Em Segredo no Rio Thal – A espetacular fuga de mãe e filhas da França para a América do Sul e o perfeito esconderijo em uma bucólica vila no interior do Brasil.
As obras ensejaram também a realização de mais estudos, pesquisas e contatos com pessoas e edificações de muita idade na vila, como é o caso da querida e centenária Célia Geller Ullmann, que já completou 104 anos, num trabalho conduzido pelo professor de História Heinz Ditmar Nyland e um grupo de alunos de sétimo e oitavo anos da escola, intitulado “Embarcando na memória deixada pelos antepassados de Monte Alverne”. Transpareceu o entusiasmo do docente e dos estudantes em revisitar a história da localidade e, em especial, dos que nela viveram e vivem.
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Falar nesse ambiente foi uma oportunidade extraordinária de reafirmar aos caros jovens o quão relevante é saber observar e conhecer bem a aldeia onde se vive, para se estar melhor preparado para conhecer o universo onde nos inserimos. Foi possível novamente constatar o acerto da opção feita em priorizar na produção literária pessoal a abordagem das questões relacionadas à nossa terra e nossa gente, como, aliás, tenho procurado reforçar nos escritos deste espaço, que não por acaso se apresenta sob essa identificação.
Do mesmo modo, o reconfortante encontro entre quem escreve, quem ensina e quem busca aprendizado possibilitou deixar bem marcada a mensagem de que ler e escrever precisam andar juntos, um depende do outro, como evidenciou também o vice-diretor Nelson Jandrey, enquanto em minha alocução reiterava a essencialidade da leitura desde os primeiros tempos e em todos os momentos possíveis, para o melhor desenvolvimento pessoal, educacional, profissional e social, em síntese, a melhor formação e evolução humanas. A boa leitura, como pude frisar, abre os olhos, os sentidos e os canais de acesso ao melhor conhecimento do mundo e das pessoas que movem o mundo.
Mas, em meio à boa aura que se estabeleceu, foi irresistível e emocionante dizer que, como filho grato da terra, canto a aldeia, resgato a sua memória e elevo o seu nome, no processo constante de criação que é o ato de escrever, buscando sempre o aprimoramento e a transmissão da beleza que deve emergir do criar. Ao despertar o maior interesse de quem inicia a vida para andar nesta direção, renova-se a esperança que não pode falhar.
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