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República Dominicana: o início do Novo Mundo

Região central da capital dominicana remete ao período colonial

Cristóvão Colombo desconhecia a real dimensão daqueles desembarques e, aliás, nem sabia onde andava, imaginando estar próximo à costa da Índia. O genovês não era o primeiro europeu a ancorar nas Américas – o viking Leif Erikson circulava pelo norte do Canadá cinco séculos antes. Por se tratarem de ilhas do Caribe, a viagem de 1492 também não foi a chegada oficial ao Novo Mundo continental, onde Colombo só pisaria em 1498, no litoral que hoje pertence à Venezuela. O mais relevante, porém, é que a nau Santa Maria e as caravelas Niña (Santa Clara) e Pinta abriram as portas para a implacável avalanche cultural e econômica que hoje chamamos de América.

Para a realeza espanhola e para os banqueiros italianos, financiadores da aventura marítima, foi uma oportunidade única de vertiginoso enriquecimento, mascarada sempre pela bandeira da evangelização de povos ditos bárbaros. Para os cerca de 60 milhões de nativos que viviam nas terras “descobertas”, iniciava-se a terrível e violenta dominação de um continente repleto de extraordinárias civilizações, em muitos aspectos bem mais avançadas que a dos invasores.

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A primeira colônia do Novo Mundo foi a maior ilha encontrada naquela primeira viagem, chamada de Isla Española. Em 1697, o território foi dividido entre França e Espanha, o que explica a atual divisão entre o francófono Haiti no terço ocidental da ilha e a República Dominicana. Os dominicanos, por sinal, comemoram duas independências. Em 1821, o governador espanhol foi deposto e criou-se o estado independente do Haiti Espanhol. No ano seguinte, o Haiti Francês invadiu o país vizinho. A independência definitiva só viria depois de uma sangrenta guerra entre os dois povos, em 1844.

A nação é atualmente mais visitada em busca de seu paradisíaco litoral, em especial as praias excessivamente comerciais de Punta Cana, Puerto Plata e outras pequenas Miamis. Contudo, para uma experiência cultura e histórica mais autêntica, caminhar pela Zona Colonial da capital dominicana é o melhor começo.

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Com 2,5 milhões de habitantes (um quarto da população do país), Santo Domingo foi fundada em 1496 por Bartolomeu Colombo, irmão do descobridor. Na cidade estão a primeira catedral, o primeiro hospital, o primeiro convento e a primeira universidade das Américas. Próximo dali, vale a visita ao interessante museu Alcázar de Colón, construção de 1511 em estilo gótico-renascentista. Foi a residência de Diogo Colombo, filho de Cristóvão, e da esposa Maria de Toledo, sobrinha do rei Fernando da Espanha.

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O litoral da República Dominicana oferece cenários lindíssimos e água cristalina, com um povo sorridente e hospitaleiro. Todavia, a importância histórica da capital dominicana faz de Santo Domingo parte obrigatória de qualquer itinerário cultural pelo país caribenho.

Dividido entre dois continentes

Cristóvão Colombo seguiu atravessando o Atlântico mesmo depois de sua morte, em 1506. Embora o desejo de ser sepultado na América estivesse registrado em testamento, o genovês acabou enterrado em Valladolid, na Espanha. Ao falecer o primogênito Diogo, em 1537, a nora de Cristóvão decidiu enviar os corpos de pai e filho para serem sepultados na catedral de Santo Domingo.

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Quando a Espanha cedeu a ilha à França, em 1795, o corpo de Colombo foi levado para Cuba e de lá retornou à Espanha, colocado na catedral de Sevilha em um significativo monumento no qual quatro monarcas espanhóis carregam seu esquife. Ocorre que, em 1877, uma urna de chumbo com o nome do navegador foi encontrada sob a catedral de Santo Domingo, o que indicaria que o corpo errado teria sido retirado no século 18. Em 1992, a urna e o belo Mausoléu de Colombo foram transferidos da catedral para um colossal monumento em forma de cruz, com 210 metros de comprimento, nos arredores de Santo Domingo. O gigante Farol para Colombo (Faro a Colón), foi construído pela brasileira Odebrecht.

Não sabemos ao certo onde descansa o descobridor das Américas. Não sabemos nem mesmo como se parecia, já que não há retratos autênticos de Colombo. O certo é que, para um homem que conectou dois continentes de forma tão impactante, faz todo sentido imaginar que seus restos mortais estejam divididos entre o Velho e o Novo Mundo.

Tumba de Colombo: urna de chumbo com nome de Cristóvão Colombo foi encontrada em 1877
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