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República de juízes traria decepção, diz Gilmar Mendes

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou na tarde de segunda-feira, 26, que aqueles que defendem uma “República de promotores e juízes” ficariam decepcionados com o resultado. “Considerando os paradigmas que adotamos (o Judiciário), em geral muito concessivo para servidores, se administrássemos o deserto do Saara, faltaria areia em pouco tempo. Portanto, moderação com esse tipo de pretensão”, disse o ministro, em evento sobre a reforma política na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A declaração de Gilmar, que é a favor do projeto que busca combater abusos de autoridade no Judiciário, foi dada em um momento em que alguns nomes ligados ao poder Judiciário são cotados para a eleição presidencial de 2018, como o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e o juiz federal Sérgio Moro, responsável por julgamentos em primeira instância na Operação Lava Jato. Para o presidente do TSE, se os tribunais estão com problemas, isso se deve a falhas de gestão.

Em sua fala, o presidente do TSE fez uma defesa aos políticos de origem, lembrando que algumas crises econômicas do passado foram superadas a partir da ação de políticos, dando como exemplo o Plano Real. “Não há salvação fora da política e dos políticos”, afirmou.

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“Portanto, sejamos críticos às mazelas dos políticos e das políticas, mas tentemos aperfeiçoar o sistema, discutamos com profundidade a superação dos sistemas que se revelam impróprios, mas não tentemos inventar um novo regime, porque com isso corremos o risco, ao introduzi-lo, trazemos o comprometimento sério para os paradigmas democráticos”, acrescentou.

Favorável a uma reforma política, Gilmar defendeu que seja criado o “Plano Real da política”. “Não seria chegada a hora de discutirmos o próprio sistema de governo? Eu deixo aqui essa proposta. Não devemos pensar em resgatar ideia tão vívidas no debate de 1988 (na elaboração da Constituição), de parlamentarismo ou semipresidencialismo, voltar a revisitá-lo, algo que estamos vivendo em certa medida”, afirmou o ministro, que também se mostrou a favor da cláusula de barreira para partidos e o fim das coligações proporcionais. “São tentativas de dar racionalidade ao sistema.”

Limites

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O ministro afirmou ainda que o Parlamento precisa definir quais são os limites de cada Poder. “O desequilíbrio de forças faz com que setores passem a exacerbar-se. É fundamental saber competências, limite de poder para os Poderes”, disse o ministro

Mendes disse também que o Brasil passa por um quadro de “desfuncionalidade política enorme” e que a situação compromete governança e governabilidade. “A deterioração da democracia pode nos levar a regimes pavorosos”, afirmou o ministro, que recomendou desconfiança a quem “sonha com uma ditadura de juízes”.

Ao defender uma reforma política, o ministro disse que o País deve investir “toda energia” nessa proposta, como uma resposta às “crises duríssimas” que foram enfrentadas desde promulgação da Constituição de 1988. “Talvez hoje essa seja a mãe de todas as reformas”, declarou. Defendeu, inclusive, que a discussão não separe o financiamento de campanhas das regras de votação. “Temos partidos que usam fundo partidário para comprar avião”, criticou. “O sistema eleitoral produziu muitas jabuticabas, distorções completas”, disse também.

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Apesar disso, Mendes reconheceu que o contexto é difícil para a aprovação de uma reforma política consistente. “Temos um governo que está em fim de mandato, com bastante instabilidade, e um Congresso que está acuado”, disse. 

Mesmo no passado, quando não havia uma crise política como essa, os governos decidiram não priorizar uma reforma política, afirmou o ministro. “Os governos foram conduzindo isso como alguém que tenta enganar um câncer”, disse.

Ele ressaltou também que o Poder Judiciário, no passado, travou algumas tentativas de mudar regras eleitorais, com o Supremo Tribunal Federal (STF) declarando algumas delas inconstitucionais. “Nós não estamos isentos, contribuímos para essa grande confusão”, afirmou.

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