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Representatividade: engenharia também é lugar de mulher

Foto: Nathana Redin/Gazeta da Serra

Edwiges Maria Becker Hom’meil é o nome de quem abriu caminho para milhares de mulheres brasileiras na engenharia. Há 105 anos, ela se formava em engenharia civil pela Escola Polythecnica do antigo Distrito Federal – hoje Escola Politécnica da UFRJ. O curso havia sido instituído no Brasil mais de um século antes, por volta de 1792, de acordo com alguns registros. Edwiges é um, entre tantos exemplos de mulheres pioneiras, que superaram muitas dificuldades e foram desbravadoras, não apenas do conhecimento, mas do espaço ocupado pelas mulheres na sociedade atual. Mulheres que são referência, seja no mundo da pesquisa, da indústria, do empreendedorismo, ou de outras áreas.

Com capacidade, dedicação, talento e muito, mas muito trabalho, lugar de mulher é sim onde ela quiser, inclusive na engenharia. O espaço feminino na profissão antes majoritariamente ocupada por homens, tem sido ampliado e permeado por mulheres com muita competência. Seja na engenharia civil, de segurança, mecânica, agrônoma, de alimentos, química, as mulheres são ponto de força e encaram desafios, ocupando seus lugares no mercado de trabalho.

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Atualizada com o mercado, atenta às novas técnicas e ligada à sustentabilidade, a sobradinhense Leíse Serena Pasa, conhecida como Leka, de 27 anos, é uma das jovens mulheres movidas pela paixão pela profissão. Na infância, o sonho era se tornar veterinária, mas o tempo passou e a adoração por Matemática, Química e Física, a levaram a se enveredar para a engenharia. “Como meu pai Vanderlei é químico industrial e meu tio Volnei é engenheiro químico, os tive como referências na área. E, após conhecer uma empresa no segmento industrial químico, tive certeza do que queria. Na engenharia química há um amplo leque de possibilidades, o que me deixou mais tranquila para optar por essa engenharia”, relembra.

Foto: Jean Bilhan

No início da graduação, cursada na capital gaúcha, recorda das disciplinas gerais a todas as engenharias e de majoritariamente serem ocupadas por homens. “Meus primeiros colegas foram a maioria homens, o que nunca tive problema, por ter muitos amigos homens. Depois que afunilou para a engenharia química aí sim a maior parte da turma era composta por mulheres, as quais estão hoje atuando em multinacionais e tantos segmentos dentro da indústria”, enfatiza.

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Desde a primeira oportunidade, na iniciação científica, pesquisando sobre a preparação de grafeno a partir da redução térmica de óxido de grafite, Leíse teve mulheres que a acompanharam, seja no ensino, na pesquisa ou na parceria do dia a dia. Depois fez estágio em um laboratório de química analisando materiais hospitalares, pilhas, baterias, bijuterias, entre outros, para verificar o nível de metais. Foi então que surgiu o estágio e o emprego diretamente na indústria. “Foi onde aprendi a questão da mulher na indústria, pois quando se vai em um laboratório têm mulheres, na sala de aula e na pesquisa há mulheres, mas na indústria ainda se percebe menos presença. Foi onde aprendi muito, especialmente a ser forte no trabalho, saber me posicionar, e tive o acompanhamento da Ana, uma mulher engenheira de processos”, menciona a jovem, que se diz feliz de ver mulheres trabalhando também integradas na área de operação.

Tendo os pais empreendedores no ramo ambiental, Leíse resolveu retornar para a terra natal e assumir o compromisso de trabalho na empresa da família. “Quando começou a pandemia eu já estava aqui, contribuindo para a instalação da Estação de Tratamento de Efluentes da empresa, auxiliando nos cálculos, no projeto, para então dar início a esta atuação. Meu pai pensou em meu futuro também, pois assim mantenho o contato com a engenharia química”, salienta ela, tendo a oportunidade de criar demandas. “A demanda de meio ambiente é cuidar do planeta, dar destino correto aos resíduos, então pensei ‘vou tocar isso aí’”, destaca a jovem sobre a volta para casa.

Leíse também tomou frente na parte de sanitização, vestindo macacão e máscara, para sanitizar ruas e pontos específicos do município durante fases mais difíceis da pandemia. “Me senti parte da equipe, junto aos meninos, trabalhando nos supermercados, creches, dividindo ideias e também o trabalho braçal”, pontua ela, que além de fazer a parte mais administrativa, também auxilia na limpeza de fossas e desinsetização.

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Entre as mulheres que a inspiram a seguir nesta profissão, estão a mãe e professora de Física, Mary, a professora de Química do ensino médio, Marilene, a engenheira química que a auxiliou na indústria, Ana, a professora de Fenômenos de Transporte, Gerti, as colegas e amigas da faculdade, e a tia e engenheira química, Mirian. “Essas mulheres professoras me mostraram que além de motivação ao ensino é preciso ter pulso firme. Minha mãe também como apoiadora do meu pai, que sempre esteve ao lado dele nos empreendimentos. Todas elas me ensinaram muito e me inspiraram a ser melhor todos os dias. É claro, também preciso reforçar que tive auxílio de homens, meu próprio pai, tio, professores, chefes, que sempre me ajudaram e me mostraram a necessidade de exatidão e certeza das minhas respostas e decisões, especialmente na indústria, mas também na vida. Aprendi a confiar no que eu faço e a buscar fazer o correto sempre, para não ter dúvidas”, salienta.

E, mesmo sendo tão jovem, Leíse recebeu uma surpresa há pouco tempo. O fruto da dedicação nos estudos e no trabalho, estão sendo exemplos para uma pequena menina que sonha em ser engenheira como ela. “Uma menina de 8 anos, de Segredo, conseguiu meu número e fez contato. Ela encaminhou algumas perguntas, como o que precisa estudar para ser engenheira química. Eu disse que gostar de Química, Física e Matemática, mas, assim como para qualquer outra área, também se dedicar a uma língua estrangeira. E não ter medo do que vão falar. Engenharia também é lugar de menina”, frisa. Competência, dedicação aos detalhes, capacidade, trabalho em equipe, desafios, conquistas, superação… características de mulheres, de todas as idades, que agregam tudo isso para transformar as experiências e promover a mudança no mundo. “Todas as áreas têm lugar para a mulher. Toda mulher é capaz”, enfatiza Leíse.

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