Não me lembro da última vez que tinha gozado férias. Fazia uns seis ou sete anos só de trabalho. Mas, por obrigação legal, recentemente fiquei 15 dias curtindo o litoral gaúcho, mais exatamente em Capão da Canoa. Confesso que foi um período de ócio quase absoluto. Aproveitei bastante para botar o pé na areia, levando chimarrão, cadeira de inox e, é claro, caixa térmica com latinhas de cerveja. Afinal, ninguém é de ferro.
Neste período praiano, as ruas de Capão da Canoa apresentavam um certo movimento. Mas nem de longe lembravam o pico do veraneio, muito menos o agito do feriadão de 2 de fevereiro ou mesmo o período de Carnaval, que só rivaliza com o réveillon.
De segunda a sexta-feira, os frequentadores eram majoritariamente pessoas da minha faixa etária, ou seja, acima dos 60 anos, que caminhavam sem pressa. Somente nos finais de semana se viam jovens, quase sempre acompanhados das indefectíveis caixinhas de som, enchendo o ambiente de pagode, sertanejo ou música gaudéria. À noite quase todos os bares ofereciam música ao vivo.
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Toda a minha infância e parte da adolescência de veraneio foram vividas em Tramandaí. Lá meu avô materno mantinha um imenso chalé de madeira, dotado de inúmeros cômodos. Era o ponto de encontro, entre janeiro e março, onde se encontravam primos, tios, avós e agregados que formavam a “galera do verão”.
Ao contrário de muitos gaúchos, sou apreciador do nosso litoral. Passei algumas temporadas em Santa Catarina, com suas praias paradisíacas e paisagens de tirar o fôlego. A comparação, sei bem, é injusta, mas não sou daqueles que só apontam defeitos em nossos balneários.
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Durante todo o meu período de folga, apenas um dia “não deu praia”, com chuva torrencial. De resto, mar calmo, águas claras e, se não estavam quentinhas, também não ostentavam aquele gelo. Não vi o “chocolatão” que virou folclore quando o assunto é veraneio em areias gaudérias.
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Capão da Canoa é uma cidade que ostenta vida própria, dotada de boa infraestrutura com segurança, hospital, shoppings, comércio de rua diversificado e vários hotéis e restaurantes perenes. Impressiona a quantidade de imobiliárias. Soube, através de um profissional da área, que existem mais de cem estabelecimentos do ramo, além de 2 mil corretores habilitados, sem falar dos clandestinos.
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Apesar do período de descanso, transferi a assinatura dos três jornais diários de Porto Alegre, além de zapear nos sites de notícias. Um jornalista não pode, durante duas semanas, ficar completamente alheio ao mundo.
Voltei à ativa, mas ainda este mês a legislação me obrigará a gozar de um novo período de “folga forçada”. Apesar da minha eterna ansiedade e inquietude, confesso que gostei do ócio. Isso me fez repensar o futuro.
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