Com a chegada do final do ano, além das festas, dos presentes, das férias, também é tempo de dinheiro extra nas contas bancárias ou, em dinheiro vivo, no bolso de milhões de brasileiros. Bônus, distribuição de lucros, gratificações e o mais conhecido de todos e aguardado por 84 milhões de empregados, de acordo como o DIEESE: o 13º salário. Pela lei, o pagamento do 13º deve ser efetuado em duas vezes: a 1ª parcela, equivalente à metade do valor a que o trabalhador tem direito, até 30 de novembro; a 2ª, outra metade, até 20 de dezembro, com a dedução dos encargos legais incidentes sobre o valor total da gratificação, além de outros descontos como as pensões alimentícias e contribuições associativas previstas em convenções coletivas.
Grandes redes de lojas, o comércio em geral e os bancos, principalmente, estão de olho nesse dinheiro extra. Cada segmento quer ficar com uma parte, não poupando em campanhas publicitárias milionárias, nem deixando de apelar para os tradicionais sorteios de prêmios como atrativo, desde simples eletrodomésticos até automóveis “zero”.
Repórteres saem às ruas para perguntar, aleatoriamente, o que, possivelmente, nem eles saibam responder: – o que fazer com o dinheiro extra? Matérias de jornais, de revistas e programas de rádio e televisão tratam do assunto, visando esclarecer os cidadãos de como planejar o uso desse dinheiro extra e evitar que o mesmo seja, simplesmente, “torrado”, sob o argumento de que “dinheiro foi feito para gastar”.
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Há poucos dias, numa matéria de jornal sobre a melhor forma de aproveitar o 13º salário, foram citadas as opiniões de professores de economia, identificados como especialistas em finanças pessoais, de diferentes universidades. Além de obviedades que se repetem, principalmente nesta época – pagar as dívidas, prever os gastos com presentes e festas, lembrar-se das contas de janeiro, criar uma reserva financeira, investir e planejar uma viagem – , a recomendação era, se a situação estivesse confortável, começar a fazer “um pé de meia”, expressão tão antiga quanto a de orientar que a caderneta de poupança seria a forma mais indicada, quando se sabe tratar-se do investimento que, geralmente, não repõe nem o índice oficial da inflação, sabidamente menor que o real.
É temerário, também, como ensinou um dos mestres, esperar por uma situação confortável para começar a poupar e investir; talvez, essa nunca apareça. Por isso, como diz a letra de uma canção dos anos 70 – quem sabe, faz a hora, não espera acontecer… – a metodologia da DSOP Educação Financeira recomenda praticar um novo orçamento financeiro, que priorize os sonhos e não as despesas. Ao invés de fazer Ganhos (-) Gastos = Sobra/Falta, deve-se usar a equação Ganhos (-) Sonhos (-) Gastos. Quer dizer, a pessoa já deduz de seus ganhos o valor necessário para os sonhos e o aplica em algum investimento.
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Outra orientação, no mínimo questionável, ainda mais quando proferida por um professor, é só investir naquilo que se conhece. Existem inúmeras aplicações, no mercado financeiro, muitas de fácil entendimento e de risco equivalente ao da caderneta de poupança, mas que rendem mais, como o Tesouro direto, por exemplo. Basta as pessoas se inteirarem dessas modalidades de investimento, consultando sites de internet, empresas de investimentos, artigos de jornais e revistas ou até perguntando a seu gerente do banco.
É importante entender que o 13º salário foi criado para ser uma gratificação de fim de ano, algo a ser recebido como um presente. Hoje, muitos contam com essa e outras rendas de fim de ano para pagar dívidas que já tem ou para começar novas. Para o educador financeiro e autor de livros, Reinaldo Domingos, não é aconselhável utilizar os valores extras de fim de ano, principalmente o 13º salário, para quitar dívidas. Essas receitas extras deveriam ser para realizar sonhos. “Se está sendo preciso usar uma renda extra, como o 13º salário, para pagar dívidas, há algo errado em seu orçamento. É importante que faça um diagnóstico financeiro e reveja as suas despesas, para conseguir adequar seu padrão de vida à renda mensal. Grande parte dos brasileiros está endividada, justamente por não ter educação financeira e não ter consciência de que pode poupar e realizar seus sonhos, desde que mude seu comportamento em relação às finanças”, orienta Reinaldo. Simplesmente, usar o 13º salário e outras verbas extras apenas para pagar dívida resolve um problema pontual mas que, se nada for feito de diferente, vai se repetir nos próximos anos. Claro, quem já comprometeu ou recebeu , sob a forma de adiantamento essas verbas extras, não tem mais o que fazer, a não ser, eventualmente, revisar alguns procedimentos que o fazem gastar por conta de ganhos futuros
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Por fim, reforçando o que já foi dito anteriormente, apesar de ser importante e recomendado por especialistas, utilizar as rendas extras de fim de ano para quitar dívidas não deve ser o único ou prioritário objetivo, mesmo de quem já está inadimplente. As pessoas precisam ter sonhos – são o combustível da vida – e uma parte dessas rendas extras deveria ser usada para realizar pelo menos um sonho, por menor que seja. Por isso, para melhorar a situação financeira em 2017 e chegar no final do ano, podendo usar as verbas extras apenas para realizar sonhos, a metodologia DSOP Educação financeira prevê quatro passos:
1) diagnosticar: saber para onde vai cada centavo do dinheiro;
2) sonhar: ter objetivos ou metas financeiras, calculando o custo de cada um e quanto poderá poupar por mês para realizá-los;
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3) orçar: praticar um tipo de orçamento que prioriza os sonhos e não as despesas comuns do dia a dia;
4) poupar: adquirir o hábito de poupar, pelo menos uma parte do valor necessário, antes de comprar algum bem; mesmo quem está na “zona de conforto”, quer dizer, não deve, mas também não poupa, deve começar a formar uma reserva financeira para eventualidades e, principalmente, para realizar sonhos.
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