As pequenas e médias propriedades rurais que se dedicam ao cultivo do tabaco em geral são muito diversificadas, de maneira a ter mais de uma fonte de renda. E em Itaiópolis (SC), foi a produção dessas folhas que, ao longo dos anos, financiou a implantação e a exploração de pomares, até um ponto em que estes já respondem por mais da metade dos recursos anuais.
E a família Rogalski, em Linha São Pedro, a 12 quilômetros da sede do município, hoje ostenta um perfil diferenciado em relação à maioria dos agricultores. Ela já pode ser definida como uma legítima empresa rural. O produtor Mauro Rogalski, 39, ao lado da esposa Eliane Zielinski, 41, natural de Rio Negro (PR), e das filhas Ana Flávia,12, e Mirela Karoline, 4, evidencia zelo, determinação, confiança e muita energia.
O mesmo ocorre com os irmãos dele, Maurício e Marcelo, com suas famílias, e a irmã Janete, que ainda mora na mesma casa com a mãe, dona Gertrudes (o pai, Pedro, é falecido). E os sobrinhos Daniel e Michele, filhos da irmã Terezinha, também auxiliam nas tarefas.
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Os irmãos conduzem a propriedade de 27,9 hectares herdada dos pais, que sempre se dedicaram ao cultivo do tabaco. Depois ainda adquiriram mais três terrenos na redondeza, perfazendo 50 hectares nas quatro áreas. Todas as tarefas são executadas em conjunto e, depois de pagas as despesas, o lucro das culturas e ocupações é dividido entre eles.
De tabaco Virgínia, nesta safra, em vias de ser concluída na semana que vem, plantaram 100 mil pés. Já chegaram a cultivar 140 mil pés no início do século 21, mas foram reduzindo a quantidade à medida que apostavam em outra área: a fruticultura. Que é uma das grandes paixões de Mauro e Eliane. Enquanto Maurício e Marcelo se ocupam do tabaco e de coordenar a colheita e o manejo dessa cultura, ele e Eliane, que também é professora, começaram a implantar um pomar de pera há 21 anos. No início, recebeu mudas de um entusiasta da região, João Brungel, que incentivava outras famílias a acreditar nessa atividade como fonte de renda. Muitos seguiram o exemplo, mas poucos como Mauro o fez.
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Atualmente, ele possui em torno de 20 hectares em produção, entre peras, pêssegos, ameixas e uvas. Para atender a todo o manejo e à colheita, montou estrutura em termos de maquinário, galpões, embalagem e caminhão para transporte. Em período de safra, que em parte acaba coincidindo com a colheita do tabaco, ele faz entregas de frutas in natura a uma ampla clientela em toda a região. A atual safra deve render entre 160 e 170 mil quilos.
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Planos arrojados para o futuro
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Ainda que o tabaco sempre tenha sido uma importante fonte de renda para os três irmãos Rogalski, e tenha sido a cultura que financiou ano a ano os investimentos próprios feitos na expansão dos pomares, hoje as frutas já superam o tabaco em receita. “É que com elas fomos agregando a cada nova temporada mais valor, conforme a lei da oferta e da procura foi nos beneficiando”, salienta Mauro Rogalski.
Ele cultiva principalmente as seguintes espécies: peras Abacaxi, Yale e Houssui, que devem render 35 toneladas; ameixas Letícia e Fortuna, em sete hectares, que devem render 70 toneladas; pêssego Eragil, Chiripa e Fascínio, em cinco hectares, além de um hectare de uva de mesa.
Os Rogalski têm a assessoria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Epagri) e da Assistência Técnica Gerencial (Ateg), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O plano é investir ainda mais no vinhedo, bem como em maçã, da variedade Eva.
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E uma vez que a polinização é importante para a fruticultura, a família ainda introduziu a apicultura, hoje com cerca de 40 colmeias de abelhas africanas. E a ampla área de pomares levou igualmente a introduzir a ovinocultura, com a manutenção de 60 matrizes que, no inverno, na entressafra, podem se alimentar do pasto em meio ao pomar, e no verão são manejadas em piquetes.
Alguns tanques para a criação de peixes completam o cenário da sede da fazenda familiar, onde, da bela e espaçosa casa de Mauro e Eliane, se pode admirar o entorno, uma estrutura impressionante que eles foram erguendo ao longo de pouco mais de uma década. E tudo, desde o princípio, gerado pela renda do tabaco.
Por Giovane Luiz Weber (produtor de tabaco)
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Olá pessoal! Tudo bem? Na viagem da expedição do Paraná em direção a Santa Catarina, passamos nessa quarta-feira, 10, pela cidade de Rio Negro (PR) e fizemos uma parada na filial da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), que, por feliz coincidência, completa seus 55 anos nesta sexta-feira, 12. Ela está desde 1966 na Rua Carlos Schneider, 3.475, no Bairro Bom Jesus (foto abaixo).
Na verdade, foi a primeira de todas as filiais da entidade, abertas após a fundação, em Santa Cruz do Sul, o que torna essa data ainda mais marcante. Deixamos parabéns a toda a equipe e à entidade, em nome dos integrantes da nossa expedição. Por curiosidade, seguindo em direção a Ituporanga e Presidente Nereu, que visitamos nesta quinta, passamos na sequência, na quarta, ao final do dia, pela segunda filial, instalada em Rio do Sul (SC).
Orgulho por serem agricultores
A exemplo do que está exposto no texto acima, nessa quarta-feira estivemos na propriedade da família Rogalski, em Itaiópolis (SC), onde pude mais uma vez constatar que quando alguém faz o que gosta, isso não é cansativo. A Eliane, esposa do Mauro, que inclusive é professora, comentou que hoje se sente importante e orgulhosa por produzir frutas de excelente qualidade para o consumidor e que já são enviadas para bem longe da região. Já o Mauro destacou que há alguns anos, quando era jovem, não conseguia expor o seu dia a dia, e até era uma profissão não tão valorizada.
Hoje, a internet e outras plataformas criam ocasiões em que ele pode mostrar tudo o que faz de bom na propriedade, entre tabaco, frutas e ovinos, e, com isso, a importância da agricultura no dia a dia. Essa visibilidade, inclusive, é o que a nossa expedição está lhes proporcionando.
A família está finalizando a colheita das frutas e, ao mesmo tempo, concluindo a do tabaco. Pude ainda acompanhar a retirada das folhas secas de uma estufa, e reparei na excelente qualidade delas. E já havia tabaco colhido pronto para ser colocado naquela mesma estufa.
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