Sem mais nem menos, eis que surge um cachorro na casa. Muitas vezes, vem se juntar a outro já residente. Antes meros vigilantes do pátio, jogados à própria sorte, hoje são tratados com carinho, respeito e consideração. Mas, haveria de se dar um nome ao novo morador. Entra, então, a mais fantasiosa criatividade, a mais insana imaginação.
Quando me assaltou a ideia de abordar esse tema, solicitei aos integrantes do grupo da família que me enviassem os nomes atuais ou passados de sua turma. Em poucos minutos, uma enxurrada deles invadiu meu WhatsApp. Eram de todas as raças, todas as cores, todas as profissões, todas as tendências políticas, ideológicas, culturais. Iam da alta nobreza ao baixo clero da guaipecada.

Examinando a lista, com algumas dezenas de nomes, considerei necessária uma certa ordenação, uma certa classificação, tentando entender a possível origem da nominata. Do universo gaudério: Chimango, Prenda. O universo britânico é grande: Baby, Cindy, Lucky, Donnie, Angel, Dread, Swell. Os guaipecas comparecem com Totó, Pitoco, Kika. Do universo grego procedem Thor, Pandora. Há doces nomes femininos: Guta, Duda, Lola, Lubinha. Políticos de peso: Bill, Churchil. Da culinária: Chimia, Farofa, Caramelo, inclusive Amora. As artes foram contempladas com Bethoven, Lessie, Marilyn, Mary, Poppins, Wally, Mel. Da linhagem dos comandantes e guerreiros: Átila, Cacique, Piloto. Uma certa nobreza: Lord, Duque.

Na nossa casa, o que mais dá é cachorro de rua. Um dia apareceu o Totó, cusquinho mirrado que acabou ficando. Nunca nos demos conta de examiná-lo mais detidamente. Passado um tempo, o Totó deu cria. Logo, tivemos que alterar o nome para a Totó. Essa mudança gerou visível crise de identidade, superada com o tratamento carinhoso que ela recebeu.

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Uma sobrinha mora em Canela. Deu de presente ao filho o Pimpolho. Um dia, para tristeza geral, ele sumiu. Notas nos jornais, nas rádios, e nada. Surgiam notícias: olha, o Pimpolho foi visto no bairro tal, o Pimpolho está perto da catedral, mas todos os alarmes eram falsos. Certa manhã, o marido, indo ao trabalho, viu um cachorro perto de supermercado e teve certeza, é ele. Abriu a porta, chamou, o Pimpolho se aboletou no banco do carona, faceiro da vida. Chegou feliz em casa, chamou minha sobrinha que caiu num espanto: mas, não percebes que esse bicho tem um rabo enorme, todo retorcido (o Pimpolho era pitoco), olha as orelhas, parecem as de um coelho… Lá foi o herói deixar o bicho onde o recolhera.

O verdadeiro Pimpolho foi encontrado tempos depois.

Rose é de Triunfo e fez Letras na Unisc. Encontro-a frequentemente na praia. Um dia, ela me contou uma história digna de registro. Levou o competente professor Vicentini para uma palestra aos professores do município. Gentil, convidou-o para almoçar em sua casa. Na casa, havia uma cadela de nome Vicentina. A mãe da Rose, preparando a refeição, passou o tempo todo peleando: Vicentin (ela não pronunciava o a final), pra rua! Vou te passar a vassoura! Vicentin, eu vou te jogar um balde de água… A Rose me disse que quase morreu de vergonha, a mãe não parava de xingar a Vicentina, toda vez acertando uma pedrada na sensibilidade da filha.

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Sei que há coisas mais sérias para abordar. Mas, como é tempo de férias, um pouco de leveza não faz mal.

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