Regina Duarte aceitou participar de uma fase de testes no cargo de secretária da Cultura do governo federal nesta segunda-feira, 20. Para assumir a pasta, no entanto, a atriz terá de suspender seu contrato com a Rede Globo.
“A atriz Regina Duarte tem contrato vigente com a Globo e sabe que, se optar por assumir cargo público, deve pedir a suspensão de seu vínculo com a emissora, como impõe a nossa política interna de conhecimento de todos os colaboradores.”, informou o departamento de Comunicação da Globo.
A escolha da atriz para a Secretaria de Cultura ocorre depois de um episódio conturbado que acabou com a demissão de Roberto Alvim da pasta na última sexta-feira. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a ideia do governo é que a atriz ajude a “pacificar” o setor, um dos pontos fracos neste início de gestão de Bolsonaro.
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Nesta segunda, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro, a Secretaria de Comunicação da Presidência emitiu o seguinte comunicado:
“Após conversa produtiva com o presidente Jair Bolsonaro, Regina Duarte estará em Brasília na próxima quarta-feira, 22, para conhecer a Secretaria Nacional de Cultura do governo federal. ‘Estamos noivando’, disse a artista após o encontro ocorrido nesta tarde no Rio de Janeiro.” O comunicado não deixa claro, no entanto, se ela aceitou o convite.
Reação da classe artística
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Artistas e ex-ministros da Cultura reagiram à indicação da atriz para o cargo. Veja o que disseram:
“Espero que a Regina veja a cultura do Brasil com os mesmos olhos que eu e tantas outras pessoas vemos a bela figura dela.”
Gilberto Gil, cantor, compositor e ex-ministro da Cultura no governo Lula
“Estou torcendo para que ela permaneça, convença o presidente da importância estratégica da arte, da cultura e da economia criativa para o desenvolvimento do país e realize um ótimo trabalho, com absoluto respeito à liberdade de expressão e de criação. Regina é bem intencionada e conhece a área. Mas vai precisar de respaldo interno e apoio externo para atingir seus objetivos”.
Sérgio Sá Leitão, ex-ministro da Cultura no governo de Michel Temer
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“Conheço-a há muito tempo. É ótima atriz e uma pessoa decente e sincera que às vezes toma decisões mais movida pela emoção do que por razão. Duvido que Bolsonaro lhe dê autonomia. Mas… vai que dá? No Brasil de hoje, até Poliana é pessimista. Mas Regina é inteligente e bem intencionada. Pode se redimir de ter votado em Bolsonaro”.
Nelson Motta, jornalista e produtor
“Nesse cargo, ela tem que lidar com a diversidade e a liberdade de expressão. Mas Bolsonaro fala de fazer filtros, porque algumas artes, segundo ele, ofendem a família. Não acredito que ela vá mudar esse quadro de dirigismo cultural”.
Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura no governo de Dilma Rousseff
“Eu vejo com bons olhos, até porque Regina já produziu peças de teatro, tem experiência com a prática, conhecimento de Lei Rouanet, leis de incentivo. E é doce, suave nas relações”.
André Sturm, ex-secretário de Cultura de São Paulo e atual secretário do Audiovisual
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“Quero ver como ela vai fazer sem o (autor) Dias Gomes para lhe escrever as falas”.
Ruy Castro, escritor