Às vésperas da confirmação, a adesão do governo gaúcho ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que é discutida há mais de quatro anos, voltou a ser dúvida. Pressões da sociedade civil e tensões pré-eleitorais tornaram incerto o resultado da votação, na Assembleia Legislativa, do último projeto que falta para viabilizar o acordo. O RRF é um programa criado pelo governo federal para socorrer estados com desequilíbrio nas contas.
Negociada desde o governo José Ivo Sartori (MDB), a adesão foi autorizada pela Assembleia em setembro e o pedido foi formalizado pelo governo em dezembro. No entanto, a homologação, prevista para este mês, ainda depende da aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 48, que ajusta a lei do teto de gastos sancionada no ano passado. A proposta eleva de quatro para nove anos a duração do teto para investimentos e exclui as emendas parlamentares e transferências da União da regra.
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Encaminhado em regime de urgência, o projeto estava na pauta da sessão dessa terça-feira, 3. Contudo, no momento em que o debate começaria, a base governista decidiu retirar o quórum para encerrar a sessão, diante de indícios de que não teria o mínimo de 28 votos para aprovar. Embora tenham apoiado os projetos anteriores relacionados ao RRF, deputados de partidos como PL e Republicanos agora estão balançados.
A alteração no cenário se deu após vários pré-candidatos a governador se posicionarem contra a adesão, incluindo os direitistas Onyx Lorenzoni (PL) e Luis Carlos Heinze (Progressistas). Partidos de esquerda, como PT e Psol, já se opunham ao acordo, alegando que o Estado perderá a autonomia sobre a gestão. Outro fator foi a manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS) e da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), que apresentaram uma perícia feita no âmbito da ação civil ajuizada em 2012 pela OAB no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual o saldo devedor seria 70% menor do que o previsto no acordo. Isso representaria em torno de R$ 50 bilhões a menos a serem pagos pelo Estado. A sugestão das entidades é que seja retirado o regime de urgência do projeto na Assembleia.
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Por enquanto, porém, o governo não deu sinal de recuo. O principal argumento é que, caso não haja a adesão, o Estado pode ter de voltar a quitar as parcelas da dívida da forma como ocorria antes de o pagamento ser suspenso por uma liminar, o que teria um impacto grande sobre as finanças estaduais.
Segundo o presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, o posicionamento da entidade não é contrário à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. A entidade, no entanto, entende que o acordo não deve ser fechado sem considerar a perícia feita no âmbito da ação em trâmite no STF que apontou um saldo devedor muito inferior ao apresentado pela União. “O Estado, ao aderir, vai confessar que deve o saldo que a União está apontando. Então, não é possível afirmar que conseguiríamos anular essa confissão de dívida, embora seja possível tentar”, disse.
A perícia foi realizada no fim de 2019. Segundo Lamachia, porém, o movimento da entidade se deu agora porque, em março, a União pediu ao STF a extinção da ação da OAB quando confirmada a adesão do Estado ao RRF. “Como havia o risco real de a perícia e tudo o que está na ação cair por terra, tomamos a atitude para que a sociedade tomasse conhecimento”, disse.
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Favorável à adesão, o deputado Fábio Ostermann (Novo) afirma que a discussão está sendo “contaminada pelo clima eleitoral”. Segundo ele, a dívida é uma realidade que se impõe e o acordo com a União é inevitável. “Não é um caminho tranquilo ou fácil, mas busca colocar o Rio Grande do Sul, cujos maus hábitos levaram a quase um colapso, a ter um controle maior sobre suas finanças”, alegou.
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