O Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas) – que estará especialmente mobilizado nesta sexta-feira, 1º, dia em que o mundo pauta o combate à aids –, diagnosticou 53 novos casos da infecção em 2017. Atualmente oferece tratamento para até 1,2 mil pacientes de 23 municípios – nove deles da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS) –, o serviço chama a atenção para a prevenção e o “relaxamento” do diagnóstico.
Segundo a médica infectologista Cristiane Pimentel Hernandes, estudos do Ministério da Saúde indicam que 95% da população tem acesso à informação, porém apenas 45% usa o preservativo. “Os nossos jovens não viveram a geração em que o diagnóstico era, praticamente, uma sentença de morte. Isso e o fato de a aids ter entrado para o ‘rol’ de doenças crônicas infelizmente geram uma certa despreocupação de prevenção e orientações sobre o HIV.”
Apesar da evolução no tratamento, o diagnóstico precoce, conforme a especialista, está diretamente ligado ao sucesso nos cuidados dispensados a quem tem a doença. “O paciente que chega com a imunidade muito comprometida não terá uma evolução tão boa, como aquele que se antecipa.” Apesar de o diagnóstico entre idosos apresentar crescimento, a faixa etária chamada de jovens adultos – de 25 a 50 anos – ainda predomina.
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Desde as 9 horas desta sexta, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e do Cemas estão na Praça Getúlio Vargas informando e orientando a comunidade sobre as formas de prevenção à aids e a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A ideia é estimular o autocuidado, esclarecer dúvidas referentes à utilização de preservativos e alertar para a importância do diagnóstico precoce. Além da distribuição de panfletos e preservativos, nesse dia de luta contra a aids o ônibus da Divisão de Saúde Bucal está no local para a realização de testes rápidos para detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C.
Conforme a médica infectologista Cristiane Pimentel Hernandes, os resultados poderão ser retirados na segunda-feira. Quem não tiver interesse em fazer o exame no local será orientado a procurar qualquer uma das unidades básicas de saúde de sua referência ou o próprio Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas). A atividade na praça, que ocorre até as 13 horas, é uma realização do Cemas e conta com a parceria do Serviço Municipal de Hepatites Virais e Tuberculose e da Liga de Infectologia da Unisc.
Ao contrário do que muitos pensam, o Cemas não atende apenas pacientes já diagnosticados com aids. Além de trabalhar com o tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o centro atua fortemente na prevenção. Um dos projetos que tem apresentado resultados é o Flores da Noite. A iniciativa leva orientações de prevenção, autoestima e autocuidado para as profissionais do sexo. O serviço está situado na Rua Thomaz Flores, 806. Agora em turno único, o atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 14 horas. Já nas terças-feiras, o centro também funciona à noite, das 17h30 às 20h30. O telefone para contato é o (51) 3715 6368.
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Apesar de o preservativo ser a forma mais eficaz de evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a Profilaxia pós-exposição sexual (mais conhecida como Pep) é outra forma de prevenção. Conforme a coordenadora do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas), Daiana Raddatz, o medicamento impede que a pessoa seja contaminada pelo vírus até 72 horas após uma relação de risco.
“Vale para rompimento de preservativo, violência sexual e também para quem teve uma relação sem o uso da camisinha.” O ideal é que horas após o contato a pessoa já se desloque ao Cemas para fazer o exame e solicitar a medicação. Aos fins de semana, a comunidade pode procurar o Pronto Atendimento do Hospital Santa Cruz (HSC).
Faz oito anos que um santa-cruzense de 58 anos fez o teste e descobriu ser soropositivo. O diagnóstico aconteceu após ele ter relação sexual sem preservativo com a ex-parceira, à época com aids. Desde então, o pensionista convive com a doença e cumpre à risca o tratamento. De três em três meses se desloca ao Cemas, busca a medicação e realiza consultas periódicas. “Na hora foi um choque. Você nunca espera uma notícia dessas.”
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Apesar de sentir muita fraqueza nas primeiras manifestações da doença, o paciente afirma que hoje consegue manter uma vida sem percalços. “Tenho outra esposa, vivemos em harmonia, mas aprendi que precisamos nos cuidar. Hoje não bebo mais, cuido da alimentação e é evidente que sexo é só com preservativo.”
De acordo com a coordenadora municipal de IST/HIV Aids, Tiane Lopes Reis, a sobrevida de um paciente com HIV é tão boa ou semelhante a de um paciente que não tem. “É claro que eles precisam se cuidar e mudar de hábitos, assim como qualquer um que deseje ser saudável.”
Conforme a médica Cristiane Pimentel Hernandes, ao longo dos últimos anos o tratamento avançou de forma expressiva. Enquanto antes a medicação implicava em efeitos adversos como náuseas, diarreia, dor abdominal e dor de cabeça, hoje os efeitos são praticamente nulos. “É evidente que cada caso é um caso, mas em geral o conhecido ‘coquetel’ corresponde a dois medicamentos que devem ser ingeridos uma vez por dia.”
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