O extensionista rural Vivairo Zago, da Emater/RS-Ascar, entende que não é por acaso que o cultivo da noz-pecã vem crescendo em Encruzilhada do Sul e região nos últimos anos. Além da grande disponibilidade de terras, o clima menos úmido se comparado a outras regiões colabora para o bom desenvolvimento das plantas. Quanto à produtividade, Zago destaca que os pomares gaúchos ainda são jovens e proporcionam rendimento médio de 700 quilos por hectare, número que deve crescer muito no futuro. Uma nogueira precisa de cerca de dez anos a contar do plantio para atingir o nível de plena produção.
Outro ponto importante é a irrigação, prática recomendada a todos os pecanicultores e que pode levar a produtividades de até 2 mil quilos por hectare, segundo Zago. “Aos poucos os produtores estão se tecnificando e investindo na atividade, justamente para ter maior rentabilidade”, afirma. Na hora da venda, o valor varia conforme o rendimento. Uma noz de 12 gramas que, após descascada, resulta em uma amêndoa de 6 gramas tem um rendimento de 50%. Nesse caso, o valor pago pelo quilo da noz bruta (com casca) gira em torno de R$ 12,00. Se o rendimento for maior, o preço sobe. Se for menor, cai.
Por se tratar de uma planta perene (com ciclo de vida longo), de fácil manejo e que pode ser cultivada em terreno acidentado, a nogueira é uma boa opção para o complemento da renda em pequenas propriedades. “Comparada com as videiras (uvas), por exemplo, a noz-pecã dá muito menos trabalho. No entanto, tem que fazer as podas corretas, trabalhar a adubação e também o sistema de irrigação, se for o caso”, enfatiza Zago.
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O destino da produção é o mercado interno e também as exportações, sobretudo para a China. O consumidor do país asiático, contudo, é exigente. “O chinês paga bem, mas ele quer qualidade, nozes com calibre maior”, explica o extensionista. Para alcançar esse padrão e garantir boas vendas, o produtor precisa estar atento a esses fatores.
Início da colheita estadual
Foi aberta oficialmente nessa sexta-feira a colheita da noz-pecã no Rio Grande do Sul. A quarta edição do evento ocorreu no Rancho das Águas, propriedade produtora na localidade de Corredor do Meio, no interior de Encruzilhada do Sul, e contou com a presença de diversas autoridades. O Estado é responsável por 70% da produção nacional, com cerca de 6,6 mil hectares de nogueiras, e também abriga 90% das indústrias de processamento deste tipo de noz.
Além do prefeito de Encruzilhada do Sul, Benito Paschoal, estiveram presentes o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Domingos Velho Lopes, e os deputados estaduais Frederico Antunes (PP), Ernani Polo (PP) e Sergio Peres (Republicanos), bem como outros prefeitos de municípios vizinhos, vereadores, secretários e representantes da Emater/RS-Ascar, Embrapa, Ministério da Agricultura, Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) e outras instituições ligadas à cadeia produtiva.
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A primeira a discursar foi a proprietária do Rancho das Águas, Marlei Pranke. Engenheira agrônoma por formação, ela atua na área da assessoria agropecuária e há cerca de dez anos começou a investir no cultivo da noz-pecã. Segundo Marlei, o início não foi nada fácil devido à escassez de mão de obra e à pouca mecanização da cultura. Hoje, porém, afirma que a escolha foi acertada e o produto alcançou um bom mercado. Com o apoio da Emater, Embrapa e IBPecan, as dificuldades técnicas e tecnológicas antes enfrentadas estão sendo gradualmente superadas.
Na sequência, o prefeito Benito Paschoal destacou a importância do evento e da cultura para o município de Encruzilhada do Sul. Ele recordou que na década de 1970 alguns agricultores já haviam tentado investir na noz-pecã, mas acabaram desistindo, pela falta de conhecimento técnico. Esse cenário mudou e os pecanicultores encontram todo o suporte necessário em instituições como a Emater, a Embrapa e o IBPecan. Também reafirmou o compromisso da Prefeitura de investir em projetos e infraestrutura para que as propriedades do interior prosperem cada vez mais.
Após o fim da cerimônia de abertura, todos foram convidados a ir até o pomar da propriedade, onde os profissionais demonstraram como é feita a colheita da noz-pecã. Um implemento acoplado a um trator balança a árvore e faz com que as nozes já maduras caiam sobre uma lona branca. Os trabalhadores então separam os frutos das folhas e galhos e colocam nas caixas. Ao final do processo, alguns exemplares recém- colhidos foram oferecidos para degustação.
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