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RUY GESSINGER

Reflexões noturnas

Estava pensando. Aquele que criou e bolou o Universo teve um lance: só o Homem não tem memória de algumas coisas. As fêmeas bovídeas, por exemplo, aos 3 anos podem parir. E fazem seu parto sozinhas. Os joão-de-barro fazem suas casas com perfeição. Não precisam de ir à escola. O chip deles está instalado desde todo o tempo.
Os animais humanos têm que passar 30 anos nos educandários para às vezes não seguirem suas profissões.
Agora corta para a floresta: tudo está encadeado. Todos têm seus predadores, de sorte que não tem como só as formigas mandarem. Ou só as cobras.
O Homem é um animal mamífero. Leva um ano para caminhar, enquanto que os potros caminham com dois minutos de vida.
O Homem é um mamífero, mas se acha Deus.
O problema é que ele não tem predadores.
Por isso, lamentavelmente, a Terra não vai mais aguentar o desequilíbrio desse ocupante.
Fico me perguntando: como é que só cabe um boi por hectare de campo e cabem milhões e milhões de mamíferos humanos nas cidades, onde já há escassez de água?
Não há outra saída a não ser a limitação de filhos.

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É claro que um dia vou morrer.
Então está tudo pronto: cremação rápida e cinzas espalhadas nos lugares em que me fui feliz.
Que mal tem falar “de sua última morada”?
Gosto muito de visitar jazigos. Um é o belo cemitério da Recoleta em Buenos Aires, um recanto cheio de História e Arte.
E os belos cemitérios da Alemanha.
E os interessantes jazigos de Santiago, que retratam as famílias tradicionais.
E os de Santa Cruz, com tantas lápides em alemão.

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Volta e volta e o assunto dos sinos está em pauta. Uns anos atrás um promotor brandiu contra os sinos, não me lembro mais onde. O promotor não conseguia dormir por causa dos sinos.
Pois é.
Como vocês sabem, me criei em Santa Cruz do Sul. Na época era uma cidade do tamanho de Jaguari, Palmares, Nova Santa Rita, algo assim. Nossa portentosa catedral gótica, com suas magníficas torres, abrigam quatro sinos. Não me lembro agora em que notas esses sinos são afinados. Mas um deve ser em sustenido.
Quando havia uma missa solene, os quatro tocavam ao mesmo tempo, gloriosamente.
Aviso de falecimento, dependia: se fosse criança era um tipo de toque; se de mulher, outro; se de homem, ainda outro.
Eu ajudava a tocar o sino aos domingos.
Na Alemanha, numa vilinha, um chato desses quis acabar com os toques de sinos.
Sabe quem protestou? Os doentes e os idosos, que ficavam sem dormir horas da madrugada. E as horas, dadas pelos sinos, lhes faziam companhia.


Faleceu meu grande amigo de infância e seminário, Alceu Lau. Mais um amigo que foi para o céu.

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