Categories: Regional

Reduzir despesas é o caminho para sair das dívidas

Uma análise da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) apontou que 66,5% dos brasileiros encerraram o ano passado com dívidas ou contas atrasadas, um aumento de 2,8 pontos percentuais em comparação com 2019 e o maior índice desde que a série começou, em 2010. Com a pandemia e a continuação das restrições, muitas pessoas encontram dificuldades para quitar os débitos e sair do vermelho.

Em 2021, o percentual de inadimplência atingiu 24,8%. Para o educador financeiro Francisco Teloeken, uma das grandes dificuldades de quem deve é buscar crédito barato para limpar o nome. Nesse período, enquanto os juros recebidos em aplicações raramente chegam a 1% ao mês e, na poupança, o ganho é menor que a inflação oficial, o cheque especial está por volta de 150% ao ano, o cartão de crédito em 310% ao ano e o crédito consignado em 25% ao ano.

Por causa disso, o especialista orienta a evitar o crédito. “A comparação desses percentuais deixa bem clara a diferença entre o que se recebe de juros por aplicações e o que se paga ao utilizar alguma linha de crédito. Por isso, os maiores ganhos financeiros podem ser encontrados na redução de despesas”, defende.

Publicidade

Teloeken comenta que existem muitas causas para o problema das dívidas, tais como a pandemia, o desemprego, perda do negócio ou problemas com doenças ou acidentes. No entanto, outros motivos são de responsabilidade dos próprios endividados, caso do pouco controle sobre o dinheiro, uso abusivo do limite do cheque especial e do cartão de crédito ou a opção por um padrão de vida acima de suas possibilidades. “De forma geral, é a falta de educação financeira, que, muito além de conhecimento de técnicas, trata do comportamento das pessoas. O sucesso financeiro tem menos a ver com a inteligência e muito mais a ver com o comportamento”, afirma.

Segundo Teloeken, as principais dicas para sair do vermelho são aumentar a renda, mesmo que seja difícil neste período de crise, e diminuir os gastos com racionalidade. Um diagnóstico das finanças pessoais e familiares pode permitir uma redução de despesas de 20% a 30%, sem qualquer mudança no padrão de vida. Outra orientação é evitar a “shopping terapia”, ou seja, comprar coisas sem necessidade só porque estão em promoção. E na hora de ir ao supermercado, é preciso levar de casa uma lista de compras – e se ater a ela.

O ideal é ter objetivos ou sonhos bem definidos e poupar dinheiro para realizá-los. Entre os hábitos que prejudicam as finanças estão a falta de planejamento, as compras por impulso e o uso do crédito fácil.

Publicidade

LEIA MAIS: Você tem controle sobre suas finanças? Veja indícios de problemas e dicas para resolvê-los

CINCO DICAS PARA LIMPAR O NOME
O educador financeiro Francisco Teloeken explica que mais de 80% das famílias de classe média tiveram alguma queda de renda durante a pandemia. Muitas pessoas se voltam para empréstimos e, assim, o endividamento e inadimplência, que já cresceram nos primeiros meses do ano, devem ser ainda maiores no próximo semestre. “A saída é assumir a responsabilidade e tratar de planejar a melhor forma de pagar as dívidas. É o momento de reunir a família, inclusive as crianças, abrir o jogo sobre o problema, discutir as alternativas e repensar o padrão de vida”, orienta. Confira os passos a serem seguidos.

  1. Conhecer sua realidade financeira: apurar as disponibilidades financeiras e despesas pessoais e da família, olhar para as contas, colocar tudo no papel ou em algum dispositivo eletrônico, fazendo um diagnóstico da situação pessoal e familiar. O que tem a receber, contas já assumidas, quais são as despesas do dia a dia, o que pode ser reduzido, substituído ou até cortado.
  2. Listar todas as dívidas: identifique as contas de serviços e produtos de necessidade básica, que não podem deixar de ser pagos sob risco de corte (água, energia elétrica, gás, aluguel, prestação da casa) e as que carregam juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial, consideradas prioritárias para o pagamento.
  3. Negociar as dívidas: prepare-se antes e procure os credores pedindo a redução do valor ou sugerindo pagar um acréscimo depois da crise. Aproveite as campanhas de negociação de dívidas promovidas por entidades, como a Serasa, por exemplo.
  4. Cuidados com o cartão de crédito (inclusive de lojas), empréstimos, cheque especial, cheques pré-datados, crediários e “caderninhos” de mercados. Uma compra de valor baixo, parecendo inofensiva, acumulada com outras, pode comprometer o orçamento. As faturas do cartão de crédito não pagas no vencimento e a utilização do limite do cheque especial geram juros exorbitantes que, em pouco tempo, viram uma bola de neve.
  5. Compare preços: com a ajuda da internet, a pesquisa sobre a variação de preços de um mesmo produto pode render uma boa economia. Os valores variam conforme lojas e marcas.

LEIA MAIS: Uninter oferece graduação em finanças na era digital

Publicidade

Casa própria
A crise econômica também influencia – inclusive, positivamente – nos preços para quem pretende adquirir um imóvel. No fim do ano passado, a Caixa Econômica Federal, maior financiadora da casa própria no País, com 68,5% do mercado, reduziu as taxas para aquisição de casas e apartamentos. Tiveram queda as cobranças de juros do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). Em ambas as modalidades, a taxa efetiva mínima é a soma da Taxa Referencial (TR) mais juros de 6,75% ao ano, e a taxa efetiva máxima, a TR mais juros de 8,5% ao ano. As reduções foram, respectivamente, de 0,75 ponto percentual e 1,0 ponto.

De acordo com a assessoria de imprensa da Caixa, os juros do financiamento habitacional variam conforme a modalidade a ser contratada pelo cliente. As diferentes alternativas podem ser acessadas pelo aplicativo Habitação Caixa ou pelo telefone 0800 1040104, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 20 horas. Simulações e mais informações sobre as linhas de financiamento podem ser obtidas no site caixa.gov.br/voce/habitacao/.

Pelo decreto estadual, as agências da Caixa no Rio Grande do Sul estão atendendo sob agendamento por telefone e com 50% dos empregados presentes. As unidades do banco seguem com atendimento presencial para serviços essenciais. A marcação pode ser realizada das 8 às 13 horas, de segunda a sexta-feira, pelos telefones (51) 2106 2300 (Centro) ou 2109 3100 (Arroio Grande).

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Autoajuda e finanças lideram a venda de livros na pandemia

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.