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Recuperação fiscal do Estado depende agora da Justiça

A batalha entre o governo de José Ivo Sartori (MDB) e a oposição em torno do projeto que autoriza o Estado a aderir ao regime de recuperação fiscal está agora na Justiça. Prevista para essa terça-feira, a votação na Assembleia acabou suspensa por determinação do Tribunal de Justiça.

A liminar foi concedida ainda na noite dessa segunda-feira, a partir de um mandado de segurança ajuizado pelos deputados oposicionistas Pedro Ruas (PSOL), Juliana Brizola (PDT), Stela Farias (PT) e Tarcísio Zimmermann (PT). Os parlamentares alegaram que faltam informações no projeto encaminhado pelo Piratini. “Como vamos autorizar a adesão a um contrato que não se conhece?”, afirmou Ruas. 

Com a decisão do desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, a sessão dessa terça da Assembleia não teve votações. Como foi protocolado com regime de urgência, o projeto tranca a pauta, o que significa que nenhuma outra matéria poderá ser votada antes.

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O governo acionou ainda durante a manhã o Supremo Tribunal Federal (STF), onde o assunto está sob análise da ministra Cármen Lúcia. A expectativa é de que a liminar seja derrubada nas próximas horas e a votação possa ocorrer na sessão desta quarta-feira. O presidente da Assembleia, Marlon Santos (PDT), informou que a Mesa Diretora também vai recorrer da decisão do TJ.

O imbróglio judicial se criou menos de uma semana após Sartori sofrer uma dura derrota no Legislativo, quando a oposição conseguiu inviabilizar a votação do projeto em três sessões extraordinárias. “Tudo que estiver ao nosso alcance, do ponto de vista regimental e legal, nós usaremos, pois estamos convencidos de que é um péssimo negócio para o Estado”, afirmou Stela Farias.

Entenda o impasse

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  • O que prevê o projeto que está na Assembleia?

O projeto autoriza o governo a aderir ao regime de recuperação fiscal.

  • O que é o regime de recuperação fiscal?

Trata-se de um acordo com o governo federal para socorrer estados com graves desequilíbrios financeiros.

  • Por que o governo defende a adesão?

Com o acordo, o Estado terá uma carência de três a seis anos no pagamento da dívida com a União e poderá contratar novos financiamentos. O governo alega que isso vai garantir um fôlego de R$ 11,3 bilhões.

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  • Por que a oposição é contra a adesão?

Os críticos alegam que o acordo não reduz a dívida com a União, apenas protela o seu pagamento. Outro problema é que, como contrapartida ao socorro, o Estado precisa fazer privatizações, reduzir incentivos a empresas e abrir mão de ações judiciais que cobram valores devidos pela União, como os da Lei Kandir.

A trajetória da peleia

29 de janeiro
Assembleia faz primeira sessão extraordinária convocada por Sartori para votar o projeto de recuperação fiscal. Reunião, porém, é encerrada após cerca de duas horas por um “cochilo” da base aliada: a oposição pediu verificação de quórum e se constatou que não havia deputados em número suficiente para votar.

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30 de janeiro
Oposição dá início a manobras para protelar a discussão. Com isso, sobra tempo apenas para os deputados aprovarem o requerimento de convocação extraordinária.

31 de janeiro
Terceira e última sessão extraordinária termina sem que o projeto fosse colocado em pauta. Mais uma vez, manobras da oposição arrastam a sessão. Derrotado, Sartori define o episódio como “uma página triste para a política do Rio Grande do Sul e para o nosso Parlamento”.

1º de fevereiro
Em um sinal de estremecimento na relação entre Executivo e Legislativo, Sartori não comparece à posse do novo presidente da Assembleia, Marlon Santos (PDT). Com o início do período ordinário, projeto de recuperação fiscal passa a trancar a pauta.

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“Sociedade não suporta mais”
Diante do impassse, Sartori fez um apelo aos deputados, afirmando que “briguinhas ideológicas” não podem trancar “o progresso do Estado”. “A sociedade não suporta mais isso. E nós não vamos desistir da nossa atitude”, afirmou, durante o lançamento da 19a Expodireto.

O Estado afirma que o detalhamento do plano de recuperação fiscal foi “exaustivamente discutido” e todas as informações estão disponíveis na internet (tesouro.fazenda.gov.br/rrf). No recurso que apresentou ao STF, o Piratini também alegou que a decisão do TJ fere o princípio da autonomia entre os poderes e que a não adesão do Estado ao regime pode levar as finanças gaúchas a um colapso.

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