Além do drama das enchentes em Candelária, os moradores enfrentam outra dificuldade: a locomoção pela RSC-287, no sentido Santa Cruz do Sul. O fato ocorre desde o dia 2 deste mês, quando a cabeceira da ponte no quilômetro 137 cedeu com a força das águas do Rio Pardo, impossibilitando o tráfego no local.
Como alternativa, os próprios moradores construíram uma ponte improvisada de madeira. A estrutura foi colocada um dia após o estrago, e passou a ser usada por pessoas que precisam de atendimento de saúde em outras cidades, trabalhadores, até para traslado de corpos, cadeirantes e comunidade em geral.
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Conforme o diretor-geral da Rota de Santa Maria, Leandro Conterato, a ponte sobre o Rio Pardo sofreu sérios danos na estrutura, com desmoronamento parcial da cabeceira. “Após análises, foi diagnosticado que será necessária a demolição e remoção do primeiro vão da ponte.” Ainda segundo ele, a obra iniciou nessa segunda-feira, 13, e deve ser concluída em três semanas. “Então poderemos liberar o tráfego sem nenhuma restrição.”
A concessionária frisou que haverá cuidado com a demolição para não afetar o restante da estrutura. “Para ser possível a obra, tivemos que fazer trabalhos emergenciais entre os quilômetros 135 e 136 e na ponte sobre a Várzea do Rio Pardo”, ressalta Conterato. Vias alternativas também serão discutidas com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
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A passarela de madeira construída por moradores para permitir a passagem pela ponte sobre o Rio Pardo, no quilômetro 137 da RSC-287, no acesso a Candelária, gerou uma das cenas mais emblemáticas de tantas que a enchente já proporcionou. Após alertas da concessionária responsável pela rodovia de que a estrutura apresentava riscos, às 16h26 de domingo, Dia das Mães, um caminhão com cabos de aço acelerou sobre a pista enquanto a chuva fina insistia em cair. Em poucos segundos, a madeira foi arrancada e a cidade voltou a ficar isolada.
Até então, a passagem permitia que os moradores cruzassem levando mantimentos para as famílias que tiveram suas casas devastadas no interior. Mas também era por ali que mães cruzaram com bebês recém-nascidos, pacientes – idosos e inclusive cadeirantes – iam em busca de serviços de saúde em Candelária ou se deslocavam a Santa Cruz na tentativa de aliviar suas dores. Também foi pela mesma ponte improvisada que um jovem vindo de Goiás pôde reencontrar, comovido, a família moradora de Agudo, após mais de três meses longe de casa e uma viagem cansativa.
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O voo em que vinha para rever os familiares estava por pousar no Aeroporto Salgado Filho, mas teve de arremeter e retornar a São Paulo, já por causa da água acumulada na pista. Depois de aguardar por três dias na capital paulista, decidiu-se por um voo para Caxias. De lá conseguiu passagem de ônibus até Santa Cruz, de onde um conhecido o levou até Candelária. Lá, do outro lado da ponte já o aguardava um familiar, que saíra de Agudo e fizera a volta por Lagoa Bonita do Sul e Passa Sete, diante das interrupções ao longo da RSC-287.
Na mesma velocidade em que a passarela de madeira se foi, no domingo, 12, a comunidade organizou uma rápida mobilização para se reconectar, ainda que de forma precária, a parte do próprio município, do outro lado do Pardo, e a localidades da região. Nessa segunda, no início da manhã, dezenas de pessoas se encontraram no ponto onde a cabeceira ruiu. Em vídeos, os gritos de “vamos!” demonstravam o esforço de todos para restabelecer a passagem sobre o Rio Pardo. Aos poucos, uma nova estrutura de madeira (ainda mais sólida que a anterior) estava no local. Não é a ideal, mas a única viável e possível enquanto obras tão esperadas não viram realidade. Na manhã desta terça-feira, 14, a passagem improvisada seguia no local.
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A situação tem causado problemas para usuários da RSC-287, no Vale do Rio Pardo, como para o vendedor externo Renan Denis de Moura, de 25 anos. Ele atua em uma empresa de Vale do Sol, mas a passagem pela ponte em Candelária é essencial para a logística do trabalho. “Da forma que está, não conseguimos atender clientes e nem mesmo realizar a entrega de produtos.”
Segundo ele, que acompanha a situação, durante a manifestação a Rota de Santa Maria não compareceu. Nos últimos dias, a empresa trabalhou na recuperação do asfalto nas proximidades do acesso a Linha do Rio.
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