A atividade industrial de junho mostra uma recuperação, mas ainda não suficiente para repor as perdas com a greve dos caminhoneiros, prejudicando o resultado do trimestre para a indústria. A avaliação consta do Fato Econômico, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o documento, a recuperação não levou a indústria para o ponto onde estava antes da paralisação. A entidade avalia que as incertezas sobre as eleições e a tabela do frete prejudicam a retomada da atividade
“É preciso ter cautela com os dados que mostram a recuperação de junho. Na verdade, não há motivos para comemorações”, afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
O Fato Econômico mostra que, em comparação com abril, mês anterior à greve dos caminhoneiros, a maioria dos indicadores da indústria em junho são negativos. Na série com ajuste sazonal, o emprego teve queda de 0,3%, as horas trabalhadas na produção caíram 0,5%, a massa salarial recuou 1,8%, o rendimento médio do trabalhador diminuiu 2%. O nível de utilização da capacidade instalada caiu 1,4 ponto porcentual.
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Os Indicadores Industriais mostram que, nesta base de comparação, só o faturamento aumentou 5,4%. Apesar disso, a indústria teve o segundo trimestre do ano pior do que os primeiros três meses do ano.
Os dados de desempenho da indústria confirmam, segundo a CNI, que a greve dos caminhoneiros agravou o quadro de incertezas que já vinha dificultando o aumento do ritmo de expansão da atividade.
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“Hoje, além da insegurança sobre o quadro eleitoral, há incertezas sobre as medidas adotadas para resolver a paralisação dos transportes. Ainda não há uma solução jurídica para o tabelamento mínimo dos frete”, afirma Castelo Branco.
Apesar de sancionada pelo presidente Michel Temer, a MP do frete ainda gera uma discussão grande no campo jurídico. A própria CNI tem uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o tabelamento do frete.
“Todas as discussões feitas mostram extrema dificuldade de montar tecnicamente uma tabela, dadas as peculiaridades da economia brasileira, a dimensão do País, os modais de transporte, tipo de fretes. Tudo isso gera uma incerteza muito grande para as empresas”, afirma Castelo Branco.
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Confiança
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) cresceu 0,6 ponto porcentual em julho, após queda recorde de 5,9% registrada no mês anterior. Apesar disso, o índice está em 50,2 pontos, praticamente em cima da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança.
“A confiança de empresários e consumidores continua baixa, o que dificulta os investimentos e o consumo. Isso impede uma recuperação mais forte da economia”, afirma Castelo Branco.
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Segundo ele, as incertezas decorrentes do ano eleitoral são exacerbadas pelas incertezas em relação ao tabelamento do frete. Ele lembra ainda que o cenário atual do País é de certa dificuldade de avançar em questões críticas, como outras pautas importantes que tramitam no Congresso Nacional do setor elétrico, por exemplo, que têm implicações nas decisões de investimento. “Gradativamente vai piorando esse cenário de incerteza. Se ao menos tivesse um quadro mais claro em relação às eleições, mas há pouco estímulo no momento ao investimento e às decisões de longo prazo. Isso gera uma desaceleração no ritmo de crescimento”, afirma.
Ele lembra ainda que o cenário externo também mudou, com acirramento das tensões comerciais entre grandes economias.
A CNI já revisou a previsão de desempenho do PIB industrial. Conforme o Informe Conjuntural do segundo trimestre, o PIB industrial deverá crescer 1,8% neste ano, ante os 3% previstos no início de 2018.
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