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Record estreia nova produção bíblica ‘A Terra Prometida’

Após longo expediente no ar, com breve intervalo entre duas temporadas de Os Dez Mandamentos, Moisés se despede nesta segunda-feira, 4, do público. O telespectador será testemunha de sua morte, mas Josué e seus seguidores não terão a mesma sorte, o que trará Sidney Sampaio de volta ao ar na terça-feira, 5, por mais uma temporada bíblica, inicialmente à procura do mestre no deserto. O diretor Alexandre Avancini, que assinou as duas temporadas de Os Dez Mandamentos e agora comanda A Terra Prometida, assegura que o investimento da Record se mantém nos mesmos níveis – o custo anunciado por capítulo é R$ 650 mil.

Mas a exibição de um primeiro clipe do novo folhetim denuncia, à primeira vista, algum aprimoramento do produto. Com trilha sonora incidental que remete a Game Of Thrones (a superprodução da HBO), e figurino que se distancia de mera festa à fantasia, como se deu em produções passadas, a nova produção mostra que a emissora vem fazendo bom proveito do know-how bíblico – ou assim nos fazem crer as primeiras imagens. A terceirização da produção para a Casablanca parece ter feito bem ao produto final, mas convém ressaltar que boa parte dos profissionais dedicados a Moisés nos bastidores só trocaram a razão social do contrato de trabalho, da Record para a Casablanca, e continuam a acompanhar Josué.

Pesa agora, também a olho nu, uma lista mais extensa de bons atores. Como numa partida de futebol, são elementos relevantes para contagiar os inexperientes e fazer a jogada funcionar. Temos Beth Goulart, Milhem Cortaz, Luciana Braga, Raymundo de Souza, André Ramiro, Elizangela, Yacanã Martins, Ernani Moraes, Valéria Alencar e Marcos Winter – irreconhecível sob o make up que lhe deu longas madeixas. Um desfile de perucas, aliás, desafia o público a adivinhar que lá também estão Kadu Moliterno, Castrinho, Paulo César Grande, Igor Rickli, Fábio Villa Verde, Rodrigo Phavanello, Leonardo Miggiorin e Felipe Folgosi. Entre as meninas, há ainda Nívea Stelman, Cristiana Oliveira, Paloma Bernardi, Miriam Freeland e Maytê Piragibe. Nada de elenco enxuto e o número de figurantes normalmente é alto, para encarar as batalhas e travessias para a Terra Prometida.

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O texto está nas mãos de Renato Modesto, com colaboração de Aimar Labaki, Ecila Pedroso, Stephanie Mendes, Jaqueline Vargas e Marcos Lazarini. Assim como a saga de Moisés, a história a ser conduzida por Josué está fadada ao cinema, com uma vantagem: Avancini já trabalha no set com essa concepção, o que não ocorreu em Dez Mandamentos, editada para a telona na última hora “Queremos que essa novela renda também uma série de produtos”, disse o diretor durante breve apresentação de A Terra Prometida a jornalistas, na quinta-feira, dia 30. Fã de Game of Thrones, o diretor não refuta a ideia de que a música incidental remeta ao épico das Crônicas de Gelo e Fogo – até porque, a associação lhe vale como elogio -, mas avisa que sempre trabalha com o mesmo profissional em trilhas musicais, Daniel Figueiredo, e agora não é diferente.

O autor, Modesto, promete uma nova novela, sem interromper a conexão que Moisés conseguiu com a audiência. Do início de Dez Mandamentos para cá, os índices mais que triplicaram no horário, indo de um patamar que saiu de 8 pontos para até 29, com pico de 31 (quando se abriu o Mar Vermelho). A média se estabilizou na casa dos 16 aos 18 na Grande São Paulo, onde cada ponto equivale a 69,4 mil domicílios.

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“A gente criou uma legião de fãs”, orgulha-se Avancini, “como eu nunca vi acontecer com uma novela”. O diretor comandou uma bateria de gravações no deserto da Namíbia, na África, registrando cenas que vão abastecer os 30 primeiros capítulos da história. E o grande evento milagroso esperado para esta etapa é a queda das Muralhas de Jericó, o que está previsto para ir ao ar entre o capítulo 50 e 60, mas já começou a ser gravada – toda a sequência que requer trabalho de pós-produção para a inserção de efeitos especiais deve ser capturada com antecedência extra.

Para iniciar a nova etapa, Josué se mostrará só no deserto – e no texto: “Se Moisés estiver morto, estarei sozinho como nunca estive”, dirá, visto por câmeras que o enquadram na imensidão do nada, em sequência que inclui tomadas aéreas. Para arrematar o tom folhetinesco, Modesto buscou personagens extrabíblicos possíveis para aquele contexto, recurso que também deu tempero a Os Dez Mandamentos, de Vivian Oliveira. Numa dessas, tem até uma versão de Gata Borralheira: Aruna (Thaís Melchior), que virá a ser a primeira-dama, paixão de Josué, enfrentará a fúria de Samara (Paloma Bernardi), sua irmã de criação, mimada e apaixonada pelo líder.

A Terra Prometida dá a largada com uma previsão de 130 capítulos, mas isso pode se multiplicar, caso a audiência compense. “O Renato teve o cuidado de colocar alguns flashes de Os Dez mandamentos”, explica Avancini, sobre a possibilidade de encontrar novos telespectadores nesta jornada e tornar seu contexto compreensível.

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No enredo, o público é carregado para 1.200 a.C. A missão de Josué é conduzir as 12 tribos de Israel na conquista de Canaã, a Terra Prometida. Para tanto, ele enfrentará reis, rainhas, nobres, generais e quetais. Além da queda das Muralhas de Jericó, o enredo prevê a travessia do Rio Jordão.

Depois que Josué se for, ao final desta produção, a Record não dará seguimento à narrativa cronológica da Bíblia, mas tem propósito de continuar no ramo. O Apocalipse é a ideia mais cotada para manter esse público sintonizado. “Acho que nem seria bom dar seguimento cronológico ao que virá a seguir, as pessoas podem se cansar desse fio tão longo, pode ser mais interessante partir para outro momento bíblico”, afirma Avancini.

A reportagem pergunta ao diretor como ele acha que seu pai, Walter Avancini, conhecido como grande diretor de atores e subversivo na renovação da linguagem, faria uma novela bíblica. Diz ele: “em certas coisas a gente não pode querer inventar a roda, fazer tudo diferente, eu fico feliz de abrir o Mar Vermelho com as referências da Bíblia, mas acho que meu pai seria bem mais subversivo, fugiria da casinha, seria um trabalho totalmente diferente, dentro do grande profissional que ele era”

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