O presidente Jair Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e comércio no pronunciamento da noite de terça-feira, 24. Ele minimizou o novo coronavírus e disse que não precisaria se preocupar se estivesse contaminado pela “gripezinha ou resfriadinho” por ter histórico de atleta. Em Santa Cruz do Sul, a população respeitou os pedidos de isolamento social recomendados pelos especialistas da saúde e a maioria das pessoas ficou em casa.
Durante a tarde, poucas circulavam nas ruas centrais. Mesmo assim, pessoas com mais de 60 anos, enquadradas na faixa de maior risco, podiam ser encontradas. Esther Matte Dreyer, de 73 anos, disse que saiu apenas para ir ao supermercado, de carro. Para ela, seguir a quarentena é fundamental. “Assim conseguiremos conter a pandemia mais rápido”, disse. Esther tentou se vacinar contra a gripe, mas as doses já estavam esgotadas. “Vou insistir nos próximos dias. Não vou desistir”, afirmou.
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Anivaldo Furtado, de 60 anos, concorda com a manutenção dos cuidados. Ele espera que a situação seja normalizada em 15 dias. “Fui rápido na farmácia e vou me recolher em seguida. Tem que respeitar a quarentena, ficar em casa. Assim vai ser mais rápido para tudo voltar ao normal”, avaliou. Mas há quem considere as restrições como uma ação desnecessária. É o caso de Irineu Edmundo Kleinschmitt, de 77 anos. “Venho todos os dias para o Centro. Já vivi outras situações como essa, que pediam para não sair. Mas acho que não resolve”, sublinhou.
Em entrevista à Rádio Gazeta ontem, o secretário de Saúde, Régis de Oliveira Júnior, salientou a continuidade do isolamento social previsto em decreto municipal até que o Ministério da Saúde diga o contrário. “Se o governo federal entender que devemos rever as medidas adotadas, estamos nos preparando para que isso seja feito”, disse. Em Santa Cruz, há uma Gabinete de Emergências para a tomada de decisões, com participação do Ministério Público, OAB, Assemp, BM, 7º BIB, 13ª CRS, Conselho Municipal de Saúde e diretores dos hospitais. “Em algum momento, teremos que retomar as atividades normais. Porém, talvez ainda não seja o momento. Se todos voltarem, podemos criar uma situação grave”, enfatizou.
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Fator social levado em conta
A população em condições vulneráveis requer assistência, principalmente no que se refere à alimentação nos dias de isolamento. Para minimizar o problema, a Secretaria de Políticas Públicas organizou uma campanha para doação de mantimentos às famílias necessitadas. Até a manhã de terça-feira, 292 pessoas haviam ligado para solicitar auxílio.
As cozinhas comunitárias seguem funcionando, com entrega de marmitex às famílias em dificuldade, mesmo sem cadastro. Durante a semana, a distribuição variou entre 780 e 900 refeições. Para a distribuição de cestas básicas, as famílias inseridas no Bolsa Família e sem nenhuma outra fonte de renda serão prioritárias. Até o fim de fevereiro, haviam 4.352 cadastradas, conforme a secretária Guiomar Rossini Machado. As famílias que receberem cestas básicas não terão direito às refeições prontas.
As cozinhas comunitárias ficam no Faxinal Menino Deus, Beckenkamp, Rauber, Santa Vitória, Margarida, Bom Jesus e Progresso. Um membro da família pode fazer a reserva, para evitar aglomerações. As pessoas podem retirar a refeição das 10 horas às 12 horas. Para doações de alimentos e solicitação de cestas básicas, os números de atendimento são o 3715 1895 e o 3715 2446. A Defesa Civil fará as entregas nos domicílios.
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