Reciclar: o ressignificar do lixo para reduzir os impactos ambientais

Durante as idas ao supermercado, na maioria das vezes, ao menos um produto vem em uma embalagem que pode ser reutilizada, seja para guardar outro conteúdo, seja para destinar às empresas capacitadas para realizar a reciclagem desse material. Contudo, ainda é pequeno o número de brasileiros que reciclam esses resíduos. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), de todo o lixo produzido no Brasil, 30% tem potencial para ser reciclado, mas apenas 3% desse total efetivamente o é. E tudo isso no país que é simplesmente o maior produtor de lixo da América Latina, totalizando 216 mil toneladas ao dia, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Ainda há um longo caminho a ser percorrido e muito o que se avançar no que diz respeito às políticas públicas que podem contribuir para processos mais sustentáveis e de menor impacto ao meio ambiente. Apesar disso, em uma visão otimista, pode-se dizer que, aos poucos, a humanidade cria mais consciência e entende que reciclar é, também, ressignificar.

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Em tempo, o Dia Internacional da Reciclagem foi comemorado nessa quarta-feira, 17. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a fim de estimular a reflexão sobre a importância de fazer o descarte correto dos itens consumidos.

Cuidado para não misturar

A reciclagem pode contribuir de várias formas para reduzir os impactos ambientais, conforme a engenheira química Adriane de Assis Lawisch Rodriguez, coordenadora dos cursos de Engenharia Agrícola, Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Isso se explica, primeiramente, no âmbito da economia de matéria-prima, pois a reciclagem se torna uma excelente fonte de material para ser reaproveitado, diminuindo a extração de insumos novos. “Devemos lembrar a parte econômica, que se torna fonte de renda para muitas famílias. Um exemplo é a coleta do alumínio, um dos materiais mais reciclados no mundo todo.”

A engenheira salienta que os materiais mais comuns de serem reciclados são os metais, devido ao elevado valor econômico e à colaboração do processo na redução de impactos ambientais. O reaproveitamento dos metais reduz as emissões atmosféricas e o consumo de energia necessária no processamento de uma matéria-prima nobre. “Os plásticos também são bastante reciclados, em função da quantidade utilizada, e os papéis”, completa Adriane.

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Mas a mistura de itens recicláveis com outros que não podem ser reutilizados é capaz de inviabilizar o processo. Por isso, a importância da separação correta. “É de fundamental necessidade que alguns materiais não estejam misturados. É o caso do papel, que se estiver contaminado com óleo, tem sua reciclagem impossibilitada”, observa. Ela acrescenta que, na reutilização do vidro, também é importante que haja boa separação dos metais, porque estes – em especial o ferro – se tornam contaminantes que degradam a característica final do material. Além disso, a qualidade final dos plásticos reciclados está relacionada tanto ao grau de limpeza quanto à necessidade de não conter misturas de diferentes origens.

Como alternativa para reciclar ou favorecer o reaproveitamento dos itens descartados, Adriane reitera que é importante separá-los devidamente. “A mistura diminui a possibilidade da reciclagem ou ainda a torna economicamente e ambientalmente inviável. Dentro das possibilidades, além da separação correta dos resíduos, estaria a construção de unidades de compostagem caseira”, sugere a engenheira química.

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Nada de desperdício

Tudo começou como uma fonte de economia e se transformou em um hábito cultivado há anos pela professora aposentada Deise Clarisse Rodrigues, de 57 anos. “Era uma questão econômica e hoje em dia já não é mais isso. Agora é uma questão de princípios, de preservar o planeta”, diz. 

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Deise conta que tenta reciclar tudo o que é possível e só colocar fora o que não pode reaproveitar. “Reciclo tudo que é embalagem de plástico e produtos de alumínio, inclusive tubos de desodorante. As tampinhas e lacres das latinhas eu geralmente encaminho para alguma entidade que faz campanha.” Assinante da Gazeta do Sul, a moradora de Santa Cruz ainda faz questão de devolver os sacos plásticos nos quais vêm embalados os jornais. “Eu penso que tudo que a gente puder reutilizar não será tecnologia desperdiçada.”

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A aposentada foi também diretora da Escola Municipal Guido Herberts, no Bairro Várzea, onde incentivou diversas atividades de educação ambiental. “Quando eu era diretora, juntava materiais recicláveis na escola, fazia gincanas. A Guido Herberts foi uma das pioneiras nesta questão de reciclagem”, destaca. Outros hábitos sustentáveis são mantidos por Deise, como utilizar sacola retornável, fazer o próprio adubo orgânico para as plantas e ter uma cisterna para reaproveitamento da água.

Foto: Rafaelly Machado

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