O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por tráfico de influência. Segundo a acusação, Cedraz negociou e recebeu R$ 2,2 milhões da UTC Engenharia para interferir no julgamento de processos referentes a contratos da usina de Angra 3 no valor de R$ 3,2 bilhões quando tramitavam no tribunal de contas. O advogado Tiago Cedraz, filho do ministro, também foi denunciado.
A UTC era parte de um consórcio que disputava contratos em Angra 3 que, eventualmente, passavam por análise do tribunal. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, segundo a Procuradoria, contratou Tiago para, junto com o pai, interceder em benefício do consórcio. O objetivo era evitar que o TCU fizesse exigências onerosas às empresas contratadas. A delação de Pessoa corroborou a denúncia. As obras em Angra 3, iniciadas em 1983, não foram concluídas.
A Procuradoria disse ter comprovado que houve entrega de dinheiro, em São Paulo, na sede da UTC, e, em Brasília, no endereço do escritório de Tiago. Segundo a denúncia, o primeiro acerto foi feito em 2012, e os pagamentos ocorreram até 2014.
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“Tal situação revela que Aroldo Cedraz agiu para controlar a data do julgamento. Seu ato de ofício infringiu dever funcional, pois pediu vista de um processo para o qual estava previamente impedido”, diz a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na denúncia.
Além do ressarcimento em dobro (R$ 4,4 milhões), a Procuradoria pede a decretação da perda da função pública de Aroldo Cedraz. A denúncia foi enviada ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. Esta é a primeira acusação formal que a Procuradoria faz contra um ministro do TCU – que tem foro no STF – em pelo menos 20 anos.
A assessoria do TCU disse que Aroldo Cedraz não vai comentar. Tiago Cedraz não respondeu até a conclusão desta edição.
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