Quem chega na casa de dona Carmelina de Oliveira Silva, 93 anos, já sabe: o som alto que reverbera pelos quatro cantos da casa vem de um radinho portátil, sintonizado dia e noite (literalmente) na Rádio Rio Pardo. A vovó tem como prática deixar a estação sintonizada pelo menos dez horas por dia. E ai de quem ousar baixar o volume. Ainda mais nesta semana, quando a emissora comemora 65 anos. Lançada na Cidade Histórica em 6 de dezembro de 1952, a rádio segue envolvendo sua audiência com uma programação diversificada. E convida ouvintes, clientes e comunidade em geral para participar da festa de aniversário que ocorrerá neste sábado, a partir das 20h30, no Clube Taquari.
Seis décadas e meia após a primeira vez em que a comunidade pôde sintonizar a 790 AM, a rádio continua ampliando sua relação com os ouvintes. Apresenta uma programação que vai do entretenimento à cobertura jornalística e se coloca aberta para atender às demandas da comunidade. Outra força da emissora é a abrangência esportiva. Tem time rio-pardense na estrada? A Rádio Rio Pardo está lá.
“Essa relação com os ouvintes é o que nos move. Nossa missão é informar, mas não deixar de passar uma mensagem positiva à comunidade, que sempre responde com muito carinho”, diz o gerente Ricardo Figueiró. Ele acrescenta que a aposta da rádio nas notícias que cercam Rio Pardo tem sido um dos pontos fortes da emissora. “Essa relação que temos com a notícia nos dá credibilidade e sustentação. As pessoas acreditam no que a rádio fala e é para manter essa confiança e, por consequência, a prestação de serviço à comunidade que sempre vamos trabalhar.”
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O veterano Luiz Carlos Gama Figueiró, mais conhecido como Cacaio, lembra que uma das grandes guinadas da rádio ocorreu quando a Gazeta Grupo de Comunicações adquiriu a emissora. A compra foi após algumas administrações mal-sucedidas, que quase levaram a rádio a leilão. “Com certeza foi uma evolução na nossa história, pois passamos a ter mais estrutura. O trabalho se modernizou”, observa. O locutor, que também é comentarista do Cidade Alerta e apresentador do programa Pátria Gaúcha, reforça a fidelidade da audiência. “É claro que isso ocorre mais no interior, mas tem muitas pessoas que ainda fazem questão de afirmar: só acredito se der na Rádio Rio Pardo.”
Na última segunda-feira, por iniciativa do vereador Arlei Fontoura da Fonseca (PRB), a Rádio Rio Pardo recebeu uma homenagem na Câmara de Vereadores. Na oportunidade foram lembrados os funcionários mais antigos, Luiz Carlos Gama Figueiró (Cacaio), Márcio Dutra Vila, Rene Barros, Ricardo Figueiró, além do diretor, Flávio Falleiro. Na visão do diretor, voltada para o conteúdo, a Rádio Rio Pardo já se tornou um ícone da cidade, pois marcou todos os acontecimentos do município. “Nossa emissora passou por todos os estágios de evolução tecnológica e esse processo culmina, agora, com a migração para a FM”, considera.
Nos passos do pai
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Se hoje Ricardo Figueiró é locutor e está à frente da Rádio Rio Pardo, certamente é porque teve a quem puxar. Filho do funcionário mais antigo da emissora, o Cacaio, que soma 39 anos de trabalho nas ondas da AM, ele tem o prazer de poder trabalhar junto com o pai. “Desde pequeno estive envolvido com a emissora acompanhando o meu pai. É uma alegria muito grande poder, hoje, atuar ao lado dele e representar a rádio pela qual ele tanto lutou.”
“Damos voz para a comunidade”
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Apresentador do Cidade Alerta, Márcio Dutra Vila é só sorrisos quando fala sobre a confiança que diz sentir dos ouvintes. Segundo eles, um dos diferenciais do programa que apresenta há nove anos é dar “vez e voz” para a comunidade. “Procuramos levar a informação correta, debater o problema, mas também levantar possíveis soluções.”
Enquanto Cacaio comenta que antes da era internet, as informações chegavam à rádio por meio de taxistas, telefonemas e até cartas, Vila diz que hoje o WhatsApp é uma das ferramentas mais usadas. “É nesse processo que buscamos sempre dar retorno e suporte a quem entra em contato.” Quem quiser colaborar com o trabalho da rádio pode enviar sugestões de pauta para o telefone (51) 3731 3790, pelo WhatsApp (51) 99555 0790 ou mesmo pela página no Facebook, Rádio Rio Pardo AM 790.
Carmelina, 93: aparelho ligado das 8 às 19 horas. Foto: Bruno Pedry.
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E a dona Carminha?
Ouvinte da Rádio Rio Pardo desde que ela foi inaugurada, dona Carminha afirma, sem titubear, que a emissora é hoje a sua grande companheira. Sintonizada das 8 às 19 horas – aí tem que desligar porque é a hora da novela –, a aposentada agradece pela colaboração da equipe e companheirismo dos apresentadores. Segundo ela, depois da Hora da Ave Maria, o Cidade Alerta é o seu programa preferido. “Eu gosto porque hoje não saio muito, então fico sabendo tudo o que acontece na cidade. Não fico desinformada, não”, diz orgulhosa.
Ela também é enfática quando pedem para baixar o volume. “Tem gente que reclama, diz que está muito alto, vem aqui e desliga. Mas é só virarem as costas para eu colocar a toda de novo. É no último volume mesmo”, afirma risonha, sem largar o radinho.
Migração deve ocorrer até janeiro
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Esperada pelos ouvintes, a migração da Rádio Rio Pardo do AM para o FM está próxima. Conforme o gerente Ricardo Figueiró, a expectativa é de que até a primeira quinzena de janeiro a emissora possa ser sintonizada nos 103.5 FM. Com a mudança, a programação também deve ser ampliada. “Com mais qualidade no sinal, vamos apostar na área musical e dar mais destaque também aos acontecimentos da vizinha Pantano Grande no nosso programa carro-chefe, Cidade Alerta.” Segundo o diretor Flávio Falleiro, será preciso acostumar o público a ouvir a rádio no FM. “A comunidade só tem a ganhar. O sinal melhora e a abrangência se amplia.”