O tema negritude invadiu o telão do Festival Santa Cruz de Cinema. A partir do resgate de imagens históricas, como os anúncios da venda de negros em classificados de jornais, e da matéria da extinta TV Manchete que mostra a relação de distanciamento entre os moradores do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, e as comunidades pobres, Ser Feliz no Vão abriu a noite, com direito a fortes aplausos.
A sequência foi uma mescla de divisão de classes com o racismo, sobretudo o estrutural e disfarçado, que a sociedade entende como normal. Ao mesmo tempo que Você tem Olhos Tristes mostra o orgulho do protagonista em conseguir ser aprovado para receber por suas entregas, via aplicativo, com cartão, evidencia um pedido em tom irônico: familiar da namorada branca pede que consiga uma porção de maconha, abusando do estereótipo de que pobre e negro está vinculado ou próximo ao crime.
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A Destruição do Planeta Live levou a reflexão para a inquietude humana, com o debate sobre o suicídio e a iminente tristeza que paira na sociedade, causada pela forma volátil como se vive. O diretor e ator Marcos Curvelo disse ter sido a tristeza a motivadora do filme. “Morro e renasço um pouco, como todos nós que produzimos”, reforçou no debate da noite.
E se os temas passeavam pelo Brasil, em Florêncio Guerra e seu Cavalo os pés se fincaram nos rincões gaúchos, levando à tela o que o autor chamou de “bombachaverso” – o universo da bombacha, que mostra a capacidade de sensibilidade do cidadão do Rio Grande do Sul. Com história vinculada à música nativista, o diretor Guilherme Suman deu sequência ao trabalho apresentado e premiado no último ano do Festival, Bochincho. “A ideia é fazer uma série com esse mesmo formato, porque não há muito espaço para o conteúdo de bombacha”, acrescenta.
Já em Review, a violência doméstica, física e psicológica gerou questionamentos entre os espectadores. As cenas são do cotidiano de um casal, ajustadas pelo diretor Tyrell Spencer para transmitir a impressão de que se tratava, de fato, de agressão. A noite terminou com Inabitável, curta que evidencia o retrato de uma mãe desesperada, misturado com a temática da violência contra transexuais, à procura de um mundo em que seja possível habitar em paz. Matheus Farias e Enock Carvalho conseguiram com seu filme, fomentados por incentivo do governo de Pernambuco, a geração de mais de cem empregos.
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