A abordagem histórica feita pela Gazeta do Sul no suplemento especial dos 142 anos do Município de Santa Cruz do Sul, comemorados no último dia 28 de setembro, evidenciou um fato presente desde os primeiros tempos da colonização alemã: o planejamento urbano. Cinco anos após a chegada dos primeiros imigrantes em 1849, a povoação já nascia sob plano urbanístico que até hoje representa orgulho para a comunidade, pelas ruas simétricas e largas, espaço privilegiado para praças, entre outros atributos.
Pois, três novas plantas da cidade seguiram-se nos anos de 1920, fins de 1930 e meados de 1950, e três planos diretores surgiram nas décadas de 1970, 1990 e no final da última, em 2019, procurando acompanhar a evolução da cidade, perdendose um pouco no caminho quando o crescimento se acelerou, mas sempre preservando características de organização. Nessa linha, em fevereiro do ano passado, dentro de política nacional do setor, foi apresentada em nível local iniciativa legal do Executivo sobre o Plano de Mobilidade Urbana, projeto amplo e complexo que já é objeto de ações municipais em melhorias percebidas pela população, e está em análise no Legislativo.
Diante da proximidade de novas eleições municipais e da avaliação de temas a serem enfocados no período, parece importante levar em alta consideração esse plano, que contempla não só redes viárias para o tráfego motorizado, coletivo e de carga, mas também de ciclistas e pedestres. Para quem, como é o meu caso, passou a valorizar mais o deslocamento a pé, ver que “rotas de caminhabilidade”, “traffic calming” e “caminhódromos lúdicos” ganharam enfoque e destaque, gera grande expectativa no sentido de saber quais propostas surgirão em torno de tais e outras metas, que ganham mais atenção dentro de um estilo de vida saudável.
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Não há dúvida de que são relevantes todas as questões que envolvem a mobilidade, como a formação de eixos e fluxos mais ágeis de trânsito, a exemplo dos sentidos únicos (antes indesejados, agora já absorvidos) e outras intervenções já feitas, como ciclovias, e projetos com novas rótulas e viadutos, um anel viário e até uma perimetral leste, para desafogar o tráfego, cada vez mais intenso. Tudo remete a planejamento, que nos é tão caro e não pode ser descuidado. Mas desperta curiosidade nos caminhantes, que se regozijam pela lembrança na legislação, como em suas rotas acontecerão as ações direcionadas aos passeios públicos.
Por certo, agradaria muito ouvir a firme disposição de padronizar cada vez mais as calçadas, como se vê em países europeus e começa a se buscar em nível local, por de fato garantir a tão desejada segurança e conforto no caminhar e por contribuir para o embelezamento urbano, essencial para toda comunidade que dele desfruta de uma forma ou de outra. Cabe louvar tudo o que já se fez e o que se pretende, com firmeza, realizar para esse propósito, cujo debate se acredita estar presente nestas vésperas eletivas e, de modo especial, nas ações futuras dos eleitos.
» Leia colunas anteriores do jornalista Benno Bernardo Kist.
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