Queria ter ressaca é de Carnaval

Eu sei, é Carnaval. Mas as minhas fantasias não são de ocasião. Nem de mentira. Vamos por os pés na realidade.

Precisamos pensar, falar e discutir sobre o que nos aflige no dia a dia. A lei das licitações, por exemplo. Não sou da área jurídica, não sou técnico, falo como cidadão. Eu penso que há legislações que até nascem e se consolidam sob a aura da ética e da transparência. Mas não necessariamente são ajustadas às expectativas das pessoas.

Vou explicar: algumas das obras mais esperadas ou alardeadas na região estão paralisadas ou muito atrasadas porque as empresas vencedoras das licitações não conseguem executar os projetos.

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Querem exemplos? A nova sede da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), no Corredor Zanette, que mergulhou os pés de pedestres no barro e impôs uma imundície de lama e pó para ciclistas, motociclistas e motoristas ao longo de mais de um ano e sem perspectiva de solução; o calçadão da Marechal Floriano, que não finaliza nada e que tumultua a vida de centenas ou milhares de pessoas todos os dias; a RSC-403, rodovia que liga Rio Pardo a Cachoeira do Sul e que após mais de vinte anos – 20 anos! – e sucessivas licitações continua sem ligação asfáltica. Como se justifica?

O governador disse, na semana passada, em visita à estrada de barro, buracos e pedras, que o Estado tem dinheiro para terminar a pavimentação da RSC-403 por onde são escoadas milhares de toneladas de produção agrícola todos os anos. E que se não houver intercorrências, a obra será concluída ainda em 2022. Alguém acredita? Eu não.

Neste caso não culpo o governador, nem ouso responsabilizar prefeitos por todas as obras que atrasam. Assim como eu, cidadão, tenho que comprovar compatibilidade de rendimentos para uma compra que for efetuar ou um financiamento que pleitear, penso que as empresas que se habilitam a concessões de serviços públicos também deveriam atestar capacidade de execução das obras contratadas. E disponibilizar bens em garantia pelo serviço a ser prestado.

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O que é intolerável é que as contas da inoperância – seja lá de quem for – caiam implacáveis no colo do cidadão.

Como se quantificaria o prejuízo dos comerciantes, dos profissionais liberais, dos proprietários de qualquer ramo de serviços, por conta da interrupção da principal via da cidade de Santa Cruz do Sul durante meses (ou anos)?

O que já custou, em reparos, a manutenção de veículos e equipamentos para os produtores do interior de Rio Pardo – valores que nunca vão recuperar – em decorrência de uma obra sonegada por décadas pelas administrações estaduais? Não vamos saber. E nem haverá de quem cobrar.

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Mesmo assim, acredito que há gestores bem intencionados. Do Planalto ao Palacinho de Santa Cruz. Não vou incorrer na fala fácil e oportunista de colocar sob suspeição todos que se habilitam a nos representar. Em qualquer poder e em toda instância.

Se a lei, ou a interpretação dela, por vezes não nos representa como cidadãos, prestemos atenção nas pessoas.

Há os ardilosos, travestidos de cordeiro, que cativam com a lã branca e reluzente que os encobre. E que escondem perebas que muitos não querem ver.

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Tem gente muito menos glamourizada por quem se acha relevante, mas que pode ir de cara limpa e peito aberto para falar com a sociedade. Porque não tem nada a esconder. Nem por que mentir.

E há quem acha que pode decidir o campeonato no tapetão. Vamos combinar: não mais, né!

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