Por Lucas Dalfrancis, jornalista
Mais um PM morreu na última segunda-feira, 25. Era ela, mas no crime não há misericórdia. Afinal, o perdão não mora no mal. Os bandidos mataram a soldado atropelada no ardor de um conflito. Foi cruel e inaceitável. E, com ela, morreu um pouco de cada civil que entrega sua vida ao braço armado do Estado.
Eu não teria coragem de ser policial. Não vim ao mundo em tão elevado estágio altruísta e de amor social. Quem veste uma farda assina um contrato no escuro. Entra numa guerra sem fim, numa luta sem regras, com inimigos sem perdão, em linhas de sangue. Na troca de balas, não há protocolos de direitos humanos: ou se protege, ou morre. E cá estamos: para a morte, só resta a dor. Desfazê-la é impossível.
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Dói na gente a juventude assassinada. Um pagamento patético para quem sai de casa sem compromisso de retorno, para quem tem apelido vexatório na rua, para quem dá tudo de si e recebe muito menos que merece. O verdadeiro herói deste país não tem partido político, é invisível, ganha pouco, parcelado – e ainda pode ser morto por defender quem sequer conhece. Entende o valor desse espírito público?
Quem aqui se candidata?
Tranquem-se os de bem, porque os criminosos estão livres e matam pelas costas. O sentimento é de que estamos indefesos. E realmente estamos. Presídios têm portas de vai e vem. E nossos heróis de farda, no mundo sem Marvel, sobrevivem de coragem. Pobre o serviço do policial refém. Não tem efetivo, não tem estrutura, mal tem salário. Repito: admiro quem é polícia. Todo dia é uma oração pela vida.
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Virou banal roubar e não ser preso. Virou banal matar. Virou banal morrer. Virou banal descumprir a lei. Mais: nossa insegurança tornou-se tristemente banal. Um problema de todo mundo e não valorizado verdadeiramente por quase ninguém. Seguiremos assim?
Se não lutarmos por quem nos guarda, perderemos a guerra. E isso significa a morte de todos. Pouco a pouco, a física. Mas, também, morrem a moral, o respeito e a ordem, como vítimas de um tiro de canhão. Significa a morte da proteção social. Do bem e da paz, o enterro dos nossos.
Que Deus ampare a família da guerreira Marciele dos Santos Alves. Vai em paz. O Senhor te espera.
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