A cada novo governo, tanto na União quanto nos estados e municípios, é prática comum a reforma administrativa no Poder Executivo. Trocas de nomes, funções e/ou junção de órgãos são habituais. E face aos reclamos da população acerca do seu exagerado tamanho, também há propostas de redução.
Historicamente, essas reformas são toleradas e aprovadas pelo Poder Legislativo, independentemente de partidos e ideologias. É uma espécie de carta branca ao novo governo. Entretanto e rotineiramente, mantêm-se atuais as divergências e dúvidas acerca da eficácia dessas medidas. Logo, legítimos eventuais votos em contrário.
Atendendo a metas de campanha eleitoral, também o atual governo federal propôs a sua reforma administrativa, basicamente no ânimo de expressiva redução de ministérios e algumas trocas de alocações e competências.
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As mudanças propostas foram acolhidas pela Câmara dos Deputados (falta o Senado votar), à exceção da mais notória e polêmica mudança: a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O ex-juiz federal Sérgio Moro é o atual ministro da Justiça. Entre suas razoes para aceitar o cargo está a motivação e disposição de realizar um severo cerco e ataque à criminalidade e à corrupção, duas pragas nacionais.
É simples de entender a importância (e consequências) de orientar e liderar as ações do Coaf. Desde o caso Watergate (EUA), há uma frase que se tornou famosa, quase um mantra do jornalismo e do sistema policial investigativo, qual seja: siga o dinheiro! “Follow the Money”, dizem os norte-americanos desde então.
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Na maioria dos partidos houve divisão dos votos, quase meio a meio. Entre os cinco votos contrários do PSDB (21 a 5), Aécio Neves. O Solidariedade(11 a 2) e o Partido Progressista-PP (27 a 4) votaram massivamente contra. Também foram contra, mas de forma unânime, o PSOL, o PCdoB e o PT.
Afinal, o que temem os deputados contrários? Que Sérgio Moro venha a imitar Edgar Hoover (1895–1972), o bem-sucedido policial americano que liderou o FBI e modernizou e ampliou as investigações, mas sempre sofreu acusações de excesso de poder e práticas de chantagem?
Ou temem que seu eventual sucesso o torne um futuro e irresistível candidato presidencial? Esta preocupação pode ser política e partidariamente legítima. Logo, seria uma restrição à pessoa? Fosse outro ministro votariam a favor da mudança?
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Ou, bem pior, os deputados contrários, entre os quais 11 gaúchos, têm algo a temer? Como a política tem outras e variadas motivações, seria injusto, então, reafirmar o ditado popular – “quem não deve, não teme”?
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